O interesse de um dragão

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Gloxínias eram as flores preferidas de Zitao. As cores vibrantes e os lindos arranjos de flores que sua avó fazia quando era criança foram o suficiente para conquistar o coração do ômega. A época do Ano Novo Chinês coincidia com o florescimento da flor e o ômega não pensou duas vezes em mandar uma carta para sua avó, alegando que voltaria para casa mais tarde do que o esperado apenas para assistir as lindas flores nascerem; sabia que a mais velha entenderia.

Definitivamente o ômega não se arrependeu da decisão tomada ao ver de perto a beleza do canteiro florido ao redor do templo com lindos conjuntos de gloxínias das mais variadas cores. Esperar mais alguns dias lhe valeu mais do que imaginou. Contudo, se arrependeu em ter agradecido a carona de alguns colegas que moravam perto de si, pois nesse exato momento estava sendo submetido à caminhar com o peso de sua mala.

Não que Zitao odiasse caminhar, muito pelo contrário: era sempre um prazer andar pelas ruas do reino e poder desfrutar da euforia dos moradores — muitos já conhecidos por si —, especialmente na véspera do Festival de Primavera, onde todos estavam animados para enfeitar suas casas para as festividades. Todavia, o peso de sua bagagem tornava o agradável percurso em um trajeto árduo.

O ômega estava tão focado em continuar seu caminho que nem sequer percebeu estar sendo observado por um certo alfa com cheiro de licor. Yifan não estava o perseguindo, não mesmo. Havia ido até a casa da família Zhang afim de resolver assuntos que requeriam sua presença como líder da Casa Wu e após sair do local, foi atraído pelo aroma de cereja do menor que estava há poucos metros de distância.

O Wu mentiria se dissesse que não aproveitou o momento de distração do garoto para o observar melhor. Jamais esqueceria a beleza deslumbrante de Zitao e aproveitaria cada oportunidade para decorar os detalhes do mais novo, mesmo que o fizesse escondido. Os cabelos penteados perfeitamente e as vestes azuis combinavam maravilhosamente com as feições serenas e olhos castanhos. Entretanto, notou que o ômega parecia desconfortável com o peso em sua mala e como o gentil homem que era — e por possuir certos interesses particulares no mesmo —, decidiu se aproximar, devagar para não assustá-lo.

— Zitao! — chamou.

Por pouco o ômega teria acreditado que a voz rouca era apenas imaginação — possivelmente causada pelo desejo de ter alguém, ou melhor, um certo dragão por perto para o ajudar do mesmo modo que havia feito na semana anterior —, contudo o cheiro de licor que tomou conta do ar a sua volta e o alfa alto de olhos escuros, cabelos presos e roupa cinza — um conjunto de fatores que o menor julgou como sendo de tirar o fôlego — não o deixaram acreditar que era apenas fruto de seus pensamentos.

— Senhor Wu! — se curvou. Ao retomar sua postura, o alfa estava ainda mais próximo de si.

— Deixe-me te ajudar! — o olhar suave que recebeu não foi compatível com o tom de voz que escapou de seus lábios, claramente como uma ordem disfarçada.

— Não é necessário, senhor... — tentou negar.

— Eu insisto.

Levemente desconsertado e envergonhado o bastante para negar outra vez — além de, no fundo, querer desesperadamente a ajuda do homem —, o entregou sua mala. Pela facilidade que o alfa a segurou, o peso não era nada para o Wu — Zitao sabia que alfas tinham maior facilidade para segurar objetos pesados, mas isso não o impedia de invejá-los por isso.

— Para onde está indo? — questionou.

— Estou voltando para casa.

— Ficarei feliz em lhe acompanhar. — os lábios rosados se curvaram em um sorriso sutil.

— Senhor Wu, eu não sei se... — foi interrompido.

— Não me faça essa desfeita, Zitao. — pediu.

O ômega que domou um dragão [wyf+hzt]Where stories live. Discover now