Me apaixonei pela minha inimiga - ZURENA.

35. Verdade.

No caminho de volta a Cruz del Norte, percebo que todas as meninas estão muito mais bonitas e arrumadas do que quando saímos, excepto a mim, que tenho os olhos vermelhos e inchados de tanto chorar, meu penteado já foi para casa do chapéu, graças a Saray, e minha maquiagem está toda borrada. 

Goya tem uma amiga nova, o nome dela é Triana, ela aparenta ser bem mais nova. As duas estão se dando muito bem, as vi trocarem caricias no ofurô do spa. Saray e sua namorada não se desgrudam também, elas estão super apaixonadas. Meu escorpião está sentada no primeiro banco do automóvel, encostada na janela, olhando para fora. Por mais que eu queira sentar ao seu lado e mergulhar em seus braços, eu não posso, pois ainda estou com a Rizos, e todas aqui sabem, e eu não quero envolver minha Zule em nenhuma confusão.

Chegando no local, ouço a voz de Rizos já me esperando na porta. 

R: Uau, vadias, vocês estão muito bonitas! - Ela diz animada. Também ouço alguns assobios de umas presidiarias mais próximas.

Sou a ultima a descer do veículo.

R: Amor? Você estava no spa também? - Ela pergunta preocupada, ao ver meu estado bem diferente das minhas colegas.

Zulema cruza a porta sem olhar para trás.

...

Á noite não consigo dormir, as palavras de Zulema ecoam na minha cabeça. 

Ela não poderia ser capaz de abrir mão da sua soltura por mim, não pode ser verdade. Ela apenas me disse aquilo, na intenção de me fazer sentir culpada, já que eu tinha humilhado tanto ela, porque ela é uma egoísta, e não quer me ver feliz. 

Eu conheço Zulema Zahir, ela nunca abriria mão da liberdade por alguém. Ela não fez pela própria filha, então por que ela acha que eu acreditaria que ela faria isso por mim? Eu sei que eu faria isso por ela, eu poderia morrer por ela, mas ela não seria capaz de fazer o mesmo. 

Zulema é a pessoa mais fria, calculista e sem sentimentos, que eu conheço. Ela não é capaz de amar ninguém. Ela nunca demonstrou gostar tanto de mim assim, pelo contrário, ela sempre me escondeu o jogo, por que ela quer que eu acredite nela agora?

... 

No dia seguinte, sigo para o café da manhã já um pouco tarde, por ter perdido a hora. Na cantina não a vejo, tão pouco vejo Saray. Na verdade o ambiente está estranho. Poucas meninas, silêncio...

G: Ferreiro, você tem uma visita. - Sou surpreendida por uma guarda, desde que meus pais morreram eu nunca mais recebi visita de ninguém. 

Sigo para a sala de encontros, e me emociono quando vejo meu irmão a minha espera.

M: Román! - Digo com meus lacrimejando, que alegria vê-lo.

R: Maninha, como você está? - Ele pergunta igualmente feliz, e iniciamos nossa conversa.

Román me conta as novidades, me actualiza das coisas que estão acontecendo no mundo, me informa sobre seu casamento, e eu fico extremamente contente em ouvi-lo, ocupar minha mente com coisas saudáveis era tudo que eu precisava no momento. 

R: Você não sabe quem apareceu na casa dos nossos pais esses dias? - Ela me indaga, incrédulo.

M: Quem? - Pergunto curiosa, nem imaginava o soco no estômago que estava prestes a levar.

R: Zulema! 

M: Q-quem? - Meu coração dispara. Por mais que tenha entendido perfeitamente o que ele disse, meu cérebro parece não ter compreendido direito.

R: Zulema. Zulema Zahir. Aquela assassina. Sabe? Franjinha, olhos enormes... 

M: O que ela estava fazendo lá? - Eu interrompo antes que ele comece a descreve-la.

R: Eu não sei. Eu sei que eu quase tive um ataque cardíaco quando a vi no seu quarto.  - Meu coração está totalmente acelerado, junto com minha respiração.

R: Você está bem? Ela está aqui, não é? Ela te fez algum mal quando voltou? Se ela encostar um dedo em você, eu juro...

M: Como você sabe que ela voltou? 

R: Bom, porque eu vi.

M: Que? Román, por Deus, me explica essa história direito. - Começo a me desesperar, não imagino que meu irmão encontrou com Zulema lá fora. 

R: Ok. Bom, eu fui na casa dos nossos pais buscar uns documentos que eu precisava pro meu casório, e reparei que tinha algumas louças sujas na pia, a TV estava ligada, e alguém dormia no seu quarto. - Escuto cada palavra atentamente, sem piscar.

R: Eu rapidamente peguei a arma que o papai escondia na cômoda. Quando eu entro no quarto, ela estava lá, apontando uma arma para mim também. - Meu coração salta para minha garganta.

R: Eu ameacei ligar para policia, mas ela disse que não era preciso. Pois ela mesmo faria. Me pediu um tempo para tomar banho. Depois comeu uma tigela de cereais, e ligou. Em menos de 15 minutos depois, o Castilho apareceu lá na porta para busca-la. 

R: Enquanto esperávamos por Castilho, naqueles malditos minutos de silêncio, com minha arma apontada para ela, perguntei por que ela estava se entregando? Ela disse que era porque  não conseguiu ajuda para te tirar daqui. Então eu questionei por que motivo ela queria que você saísse? E ela respondeu que era porque te amava, dá para acreditar? - Ele ri irônico.

R: Ela é uma psicopata, Maca. Está determinada a te destruir. Ela abriu mão de ficar solta, só para entrar aqui dentro e te matar, eu tenho certeza que é por isso. Mas fica tranquila que Castilho me prometeu que isso não vai acontecer. - Ele me acalma, depois que nota minha cara de espanto. 

Mas eu já deixei de escutar seu discurso a muito tempo.

Ela estava falando a verdade, ela voltou por mim, meu coração está explodindo de felicidade. Eu fui capaz de conquistar o inconquistável, de atingir o inatingível. De fazer a pessoa mais fria do mundo, amar. Me amar. 

Beijo rápido meu irmão no rosto antes de deixa-lo.

M: Román, eu tenho que ir. - Corro para as grades automáticas, deixando o mesmo confuso.

M: Eu espero que seu casamento seja lindo, e vocês sejam muito felizes. - Finalizo com todo meu coração, já atrás das grades, recebendo como resposta um sorriso feliz. 

...

Na corrida até a cela da minha rainha árabe, eu só consigo pensar no quanto eu vou beija-la quando a encontrar. Eu vou agarra-la e nunca mais vou deixa-lá escapar novamente. Mas chegando no local eu não a acho, apenas vejo Luna deitada, e Triana se acomodando em sua nova cama. 

M: Onde está Zulema? - Pergunto a elas, aflita.

L: Você não está sabendo? O Castilho levou ela hoje de manhã, no primeiro horário. Ela mudou de unidade. A Saray passou mal e tudo, tá la na enfermaria com a Mala, sua namorada. Fiquei com dó, tadinha. - Luna me responde.

T: Tu chegou tarde loirinha, eu já peguei a cama que estava sobrando para ficar perto da Goya, meu mozão. - Triana me comunica.