46. Esconderijo.

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Um ano e meio se passaram desde o nosso ninho de amor, e Zulema e eu seguimos eternas apaixonadas. Com ela eu descobri que um dia, eu a amo mais do que ela jamais conseguiria imaginar. E no outro, já quero atira-la de um precipício. Uma vez me disseram: "uma parte do teu corpo, um dia, vai ser de outro". E foi isso que aconteceu.

Tem dias que eu quero ficar na minha, ler um livro, jogar cartas com minhas amigas. E tem outros, que eu digo no teu ouvido: "eu só vou se você for", pois não imagino o mundo sem ela.

Qualquer desculpa era boa para saltarmos sobre a outra, ou nos encontrarmos em algum lugar escondido. Percorremos a prisão de mãos dadas, já transamos em cada canto desse maldito buraco, e à noite acabamos inevitavelmente na cama uma da outra para nos acariciar, beijar e nos embalar em nosso perfume. Estávamos na nossa melhor fase. Não havia mais ninguém que dificultasse ou impedisse nosso amor.

Poucos meses depois da briga com Zulema, Rizos, com a ajuda de sua atual esposa, inspectora Nerea, conseguiu sua liberdade. Quando Palácios regressou ao cargo de diretor, as duas foram embora para viverem juntas no sul da Espanha.

Helena também já não era um empecilho. Em um certo dia, na sua enésima tentativa de me provocar, meu escorpião surtou e grampeou seus olhos, sem dó. Por consequência, ganhou alguns dias na solitária novamente, porém a garota nunca mais se atreveu a cruzar nosso caminho.

Saray e Mala, como nós, também seguiam apaixonadas. Quando eu e Zule completamos um ano de namoro, a cigana nos surpreendeu oferecendo sua filha, Estrela, para a gente batiza-la.

S: Zule, se um dia eu morrer, você tem que me prometer que minha Estrelinha ficará contigo e com a loira. Ninguém no mundo será capaz de ama-lá tanto como eu, além de você. - Ela declara para a amiga, enquanto observam a menina juntas, pelo vidro da sala de visitas, em um dos poucos encontros que recebia da filha.

Foi um dos gestos mais emocionantes de toda minha vida. A pequena estava crescendo e ficando cada dia mais linda e esperta. Eu e Zulema éramos encantadas pela nossa afilhada.

Basicamente, Palácios estava fazendo um ótimo trabalho dentro da cadeia. Tínhamos lazer, estudo, centro de reabilitação, psicólogos disponíveis, e brigas ou desentendimentos com cada vez menos frequência.

Zulema e tudo o que ela representa se tornou minha droga. Eu não consigo ficar sem ela. Procuro o olhar dela em todos os lugares, ela tem uma expressão que me faz sentir protegida. Nos compreendíamos com o olhar, como se tivéssemos nos tornado um, inseparáveis. Forjadas pelo ódio e unidas pelo amor.

E por Deus... como eu a amo.

Eu poderia dizer incansavelmente a ela todos os dias. Ela ainda nunca me disse, mas a conhecendo como eu a conheço, sei que provavelmente ela nunca falará, não em palavras.

A vida foi muito injusta e cruel com ela, hoje em dia, demonstração afetiva não faz parte da sua personalidade. Mas eu não me importo, pelo contrario, eu sempre sorrio toda vez que digo a frase, pois ela automaticamente fica vermelha devido a tonalidade da sua pele tão clara, e tenta disfarçar envergonhada. Eu sei que naquele gesto, internamente, ela está reprimindo toda sua vontade de dizer "eu também".

O quê ela não sabe é que ela não precisa, não me faz falta, pois quando estamos entre os lençóis da nossa cama, ela se deixa ir comigo como nunca fez com mais ninguém, quebrando todas as barreiras, que lentamente eu derrubei com beijos. A maneira que ela me olha, com a qual ela me toca, e do jeito que ela me protege, eu posso ver que para ela sou apenas eu. E isso para mim é mais do que suficiente.

Nunca me esqueço do dia em que resolvemos brincar de esconde-esconde na cadeia. Eu e ela. Só nós duas. Na nossa velha infância. Era um domingo chuvoso, estávamos entediadas. Zulema resolveu cantar os números para que eu pudesse me esconder. Segui para lavanderia, pois eu já sabia que eu cabia dentro do equipamento de lavagem, era o esconderijo perfeito.

Minha pequena estava demorando para me encontrar, assim que ela entra no cômodo eu não dou tempo dela me procurar, e abro a porta da máquina.

Z: Não acredito nisso... - Ela diz em um tom divertido, rindo da situação. Eu percebo que ela também está aliviada.

M: Amor, era tão óbvio. Por que você demorou tanto? - Falo rindo, recebendo sua ajuda para me retirar de lá.

Quando sou surpreendida com um beijo apaixonado, repleto de carinho, que eu retribuo na mesma medida, com todo amor que eu tenho no peito.

Z: Fiquei com medo que tivesse acontecido alguma coisa. - Ela sussurra enquanto acaricia meu rosto, me fazendo notar que seus olhos estão marejados.

M: Não, meu amor. Tá tudo bem. Eu apenas sou uma ótima jogadora. - Respondo divertida, encostando nossos lábios novamente.

Z: Nunca mais se esconde aqui outra vez. Eu odeio esse lugar.

Tradução: Imagine elas brincando de esconde-esconde na prisão, Macarena se escondendo na lavanderia, Zulema encontrando-a dentro da máquina de lavar e beijando-a assim

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Tradução: Imagine elas brincando de esconde-esconde na prisão, Macarena se escondendo na lavanderia, Zulema encontrando-a dentro da máquina de lavar e beijando-a assim.

...

Está manhã, Palácios estranhamente me chama ao seu escritório. Eu me pergunto, o que ele quer comigo? Já que eu não fiz nada. Penso na minha rainha árabe, ela se envolveu em uma briga com algumas internas, mas foi no mês passado, agora ela está aqui, deitada na nossa cama, descansando do meu lado. Por que ele me chamaria? Aproveito que Zulema está dormindo, e vou ao escritório do diretor, que já me aguardava com um sorriso no rosto.

P: Aí está ela: Macarena. Sente-se, por favor. - Eu faço o que ele manda e o mesmo me acompanha, posicionando-se a minha frente.

M: Aconteceu alguma coisa? - Pergunto curiosa pelo seu entusiasmo.

Ele balança a cabeça, ainda revelando um sorriso cheio de dentes.

P: Tenho uma ótima noticia: revisaram o seu caso, e confirmaram sua liberdade. Você será solta em uma semana, Macarena. Que alegria.

















----------Autora----------

Olá, desejo que vocês se encontrem bem. Como vocês perceberam, esse capitulo é um bocado diferente dos outros, pois ele contém uma imagem, ou melhor dizendo, um tweet.

Há cerca de dois meses atrás eu resolvi escrever essa história, e minha fonte principal foi esse post que apareceu na tela do meu twitter. Eu confesso que apenas essa sequência de imagens e um pequeno texto fantasioso, foi suficiente para criar todo um enredo na minha cabeça.

Não esperava alcançar a popularidade que teve. Tão pouco receber tantas mensagens carinhosas todos os dias na barra de notificações. Meu intuito era atingir no mínimo uma pessoa, assim como a publicação atingiu a mim, portanto ler vocês tão envolvidas na trama me deixa extremamente grata e emocionada.

Espero que vocês continuem acompanhando meu trabalho. E que o amor seja sempre superior ao ódio.

Dedico o capítulo a @valsinneverlandno (twitter).

Me apaixonei pela minha inimiga - ZURENA.Where stories live. Discover now