Me apaixonei pela minha inimiga - ZURENA.

36. Surpresa.

M: TRÁS ELA DE VOLTA! - Grito desesperada, e bato na mesa em frente Castilho, depois que ele abandonou Zulema em Cruz del Sur e veio em Cruz del Norte para a gente conversar. 

C: Mas por que isso agora? Eu achei que você ia querer vê-la longe. - Ele questiona confuso.

M: Achou errado Castilho, pelo amor de Deus! Vocês fazem as coisas pensando em mim e não me comunicam nada. Todos querem decidir pela minha vida. Ninguém me deixa ser livre com minhas próprias escolhas. - Já estou em lágrimas, sinto falta de ar.

C: Maca, eu não sei o que está acontecendo, mas eu não sabia que você ia ficar assim. Eu acho que você está um pouco alterada, não está raciocinando direito. Vou conversar com doutor Carlos, e pedir um encaminhamento ao psicólogo, vai ser bom para você desaba...

M: EU A AMO! EU NÃO AGUENTO MAIS VIVER SEM ELA. EU SIMPLESMENTE NÃO CONSIGO PASSAR POR AQUELES MALDITOS PORTÕES E NÃO ENCONTRA-LA LÁ DENTRO. - Declaro meus sentimentos por Zulema, a Castilho. Sinto um alivio em dizer essas palavras em voz alta.

Ele me encara incrédulo. Ameaça várias vezes dizer alguma coisa, mas não é capaz. 

Do nosso amor ninguém entende, mas todos querem opinar. Nós somos as únicas que transformamos nosso silêncio em incêndio. E o mais bonito de tudo, é que posso dizer: por mais diferente que sejamos, sempre foi "ela e eu". Desde o primeiro momento que a vi, tive os sentimentos mais intensos e profundos que eu tive por alguém. No inicio, eu podia jurar que era ódio, e levei muito tempo para perceber que ali tinha algo muito maior e grandioso que isso. 

O amor é complicado e também é misterioso e mágico. Imagina só, eu que sempre fui segura, ao lado dela fico com frio na barriga. Ela é a única que transforma uma tarde tempestuosa num lindo banho de chuva. Com ela o tempo passa depressa e 24hs não são suficientes. Só de olha-la, e saber que ela está perto, meu dia já se alegra, meu coração se aquece, mesmo sem precisar toca-la.  

C: Me da pena que você esteja falando sério. - Ele lamenta.

M: Castilho, todo esse tempo eu nunca joguei na sua cara o que você fez comigo quando matou minha mãe. Mas agora eu digo, você tirou uma parte de mim. Eu nunca consegui me recuperar, mas aquela mulher, que vocês insistem em denominar como a pior pessoa do mundo, foi a única que conseguiu colocar um sorriso no meu rosto desde que meus pais se foram. Então, se você tem o mínimo de consideração por mim, me deixe ficar com ela. - Respondo melancólica, sinto que meu organismo já não tem água para chorar. 

C: Não é assim que funciona, ela foi transferida, é um processo burocrático. Precisaremos de no mínimo três semanas para poder trazê-la de volta.  - Ele diz constrangido alguns minutos depois.

M: TRÊS SEMANAS? Não... Isso é muito tempo. - Digo triste, com meu coração doendo.

C: A não ser que... - Ele hesita um pouco antes de continuar.

M: A NÃO SER O QUE, CASTILHO? DIGA! - Pergunto aflita.

C: A não ser que você seja transferida também. Nesse caso, posso te levar hoje mesmo, só precisamos da autorização de Palacios. 

...

No carro da policia, a caminho da Cruz del Sur, sinto meu coração apertado. É claro que eu não queria deixar Cruz del Norte, aquela cadeia é de longe a melhor que temos na Espanha. Palacios fez, e continua fazendo, um ótimo trabalho. Sem contar as minhas amigas, aquelas mulheres viraram minha família. Me partiu o coração ver Rizos chorando, achando que nunca mais ia me ver novamente, não consegui terminar com ela naquele estado de fragilidade, achei melhor a distancia nos afastar. Ela jamais poderá saber que eu pedi transferência para ficar com Zulema. Eu já não aguento mais julgamentos. Eu só quero encontrar a minha rainha árabe, depois eu resolvo a bagunça que eu deixei.