49. Plano.

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----------Penúltimo capítulo----------

Z: Eu vim porque eu precisava te dizer uma coisa importante. - Ela diz sem fôlego, enquanto tentamos o máximo possível nos conectar entre os obstáculos.

M: O quê, meu amor? - Pergunto confusa, em meio as lágrimas, com meu coração despedaçado em vê-la tão perto e, ao mesmo tempo, tão longe de mim.

Ela me olha percorrendo suas pupilas dilatadas em todo meu rosto, como se estivesse memorizando cada detalhe e fotografando aquele momento para sempre.

Z: Eu te amo. 

Sim, ela me diz. 

Assim, com todas as letras, nitidamente. Sem o menor pudor. Sem o menor resquício da possibilidade de se arrepender em seguida. Apenas diz. Eu balanço minha cabeça em lágrimas e estendo meus lábios para encostar nos dela. 

Beijo ela diferente de todas as outras vezes: cheio de nosso ódio e todo nosso amor, cheio de nossas guerras e de todos os nossos sorrisos ocultos. Um só beijo que resumiu todos esses anos ao lado dela, agora com a certeza de que eu represento para ela tudo que ela é para mim. Nos beijamos com as grades de ferro separando nossos corpos, mas de uma forma lúdica unindo ainda mais nossas almas. 

Eu me prendo a rede para apertar nossas mãos. Entrelaçamos nossos dedos com desespero, como se quiséssemos acabar com aquele contacto que nos faz arder por dentro. 

M: Promete que você não vai morrer? - Digo me afastando imperceptível de seu rosto para encarar sua boca vermelha.

Z: Você sabe que eu sou difícil de morrer, loira. - Ela responde com um sorriso, enquanto nossas mãos permanecem coladas.

Eu choro e beijo ela novamente.

M: Eu também te amo mais que tudo. - Digo entre seus lábios, causando calafrios por todo meu corpo e uma descarga eléctrica que atinge meu coração. 

De repente, dois policiais me agarram pelos braços me forçando a me afastar dela. Estou impregnada por um vazio no estômago e a medida que vou me afastando, não consigo parar de olhar para ela:

Zulema Zahir, com seu uniforme amarelo. Fugitiva da Arábia e também da policia. Seus cabelos pretos como a noite, e sua pele clara que ilumina como a lua. Seu corpo magro, esguio, sua postura ereta que lhe transmite tanta confiança. Seus olhos verdes, tão grandes e expressivos, que falam por si só. Ela e toda a sua beleza mediterrânea, o verdadeiro amor da minha vida, sozinha atrás das grades. 

Eu estou indo e deixando o meu coração com ela, morrendo de medo de que todos esses anos não sejam suficientes para ela guarda-lo. 

M: EU PROMETO QUE VAMOS NOS VER EM BREVE! - Grito antes de chegar na saída. 

Ela sorri deprimida, me manda um beijo no ar e coloca sua delicada mão na grade de ferro. 

É a minha última visão dela antes do portão finalmente se fechar a minha frente. 

...

Um ano depois, como já era de se imaginar, a vida aqui fora segue sem sentido para mim. 

Meu irmão está casado e morando em Málaga com sua esposa. Eu fiquei na casa dos meus pais em Madrid assim que fui solta de Cruz del Norte, mas me sentia mal por estar ali, é uma casa enorme para viver somente uma pessoa, e tudo naquele ambiente me remetia a eles e a um passado que eu nunca mais terei novamente. Descido que a melhor opção seria vender o imóvel e dividir a herança com meu irmão. Era uma boa residência na área nobre da cidade, conseguimos um bom dinheiro. 

Me apaixonei pela minha inimiga - ZURENA.Où les histoires vivent. Découvrez maintenant