capítulo quatro.

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Coringa: não precisa, pode ir pra casa - respondi forçado

Sara: portão tá aberto? - me ignorou me puxando pra dentro e eu suspirei fundo - onde tem primeiro socorros?

Coringa: banheiro

Ela correu e voltou com a maleta na mão, eu tirei minha camisa vendo o bagulho feião e ela fez careta

Sara: porque não me falou?

Coringa: eu sei cuidar de mim - ela suspirou fundo e jogou o álcool - filha da puta - grunhi apertando o braço dela que riu, pela primeira vez

Foi estranho mas a risada dela me deu um bagulho estranho, eu joguei a cabeça para trás e fiquei calado sentindo ela tirar a bala e costurar depois

Sara: não se mexe - falou saindo e eu fiquei quieto

Ela voltou com um pano molhado e eu mordi meu lábio inferior

Coringa: devagar - pedi baixinho segurando o pulso dela que me encarou

Ela passou no meu ombro e foi descendo, não tirava o olho de cada movimento e eu sorri de canto

Sara: cacete - murmurou enrolando uma faixa eu eu fiz careta - fica quietinho - falou mais calma e eu ri vendo ela me olhar assustada

Coringa: nem parece a Sara falando assim - ela fez cara de deboche e depois riu junto comigo - é a primeira vez que nós rimos juntos - passei o polegar na bochecha dela limpando uma gota de sangue

Sara: é mesmo - sorriu - se você contar pra alguém eu te bato

Coringa: porque tu quer manter essa pose de durona e esse bagulho todo?

Sara: porque não gosto que as pessoas sejam simpáticas comigo, não acho justo que elas me tratem bem achando que é bom ser assim porque não foi opção minha ser o que sou hoje

Coringa: e porque tu é assim? - ela me encarou com deboche - coé mina, tu já sabe um monte de bagulho meu, conta aí - falei puxando ela pra sentar na beiradinha dos meus joelhos, sem muito contato e ela suspirou

Sara: pelo FP - balancei a cabeça - eu queria poder ser uma pessoa melhor, que consegue sentir os bagulho sabe?

Coringa: como assim?

Sara: depois de um tempo eu parei de sentir afeto pelas pessoas, por isso sou fechada, nada me agrada

Coringa: então rir comigo é bom?

Sara: fazia tempo que eu não ria

Coringa: e o que aconteceu pro teu pai te obrigar a ser assim?

Sara: tá querendo saber demais

Coringa: Qualé, eu te ajudo com o mano Gaspar lá, conto o que você quiser - ela me encarou

Sara: você conta dele e vai fazer tudo que eu pedir por um mês - encarei ela pressionando os olhos

Coringa: meio mês e só se tu pedir com jeitinho

Sara: um mês e pedindo com jeitinho, é tudo ou nada - sorri

Coringa: fechado - ela fez careta

Sara: o Fp traiu minha mãe, a cinco anos atrás

Coringa: e aí? - ela desviou o olhar e se levantou sentando afastada

Sara: minha mãe cometeu suicídio, depois disso eu aproveitei que o fp sempre me botava pressão pra ser igual ele, fui lá e matei a mulher com quem ele traiu minha mãe, a vagabunda era minha tia

Coringa: porra, sinto muito - ela balançou a cabeça

Sara: ele também não gostava de me ver com os garotos e eu era apaixonada por um garoto, Gustavo, meu pai nos pegou juntos e enquanto ele pulava o muro acabou rasgando a perna, o tal Gaspar tem a cicatriz no mesmo lugar

Coringa: acho que tu tem sorte então, o nome dele é Gustavo

Sara: eu não quero me aproximar, só achei engraçado ver ele, achei que tava morto

Coringa: legal - Me remexi sentindo dor

Sara: fica quieto - colocou as pernas no meu colo e eu ri

Coringa: nem é folgada

Sara: me fala de você agora, qual é sua história? - cruzou os braços me encarando

Coringa: ah, vários bagulho já se passaram aqui, no início meu pai tava com nós, comigo e com a Eduarda, mas ele morreu num confronto, traído pelo próprio vapor, eu vi e matei o vapor, era novo mas tomei conta, quando conquistei esse morro aqui tinha uns vinte já, geral me odiava - ela riu baixinho - mas daí eu conheci Lucas e a Isabella, Lucas era doidinho pelo poder enquanto Isabela tava só querendo pegar minha irmã

Sara: parece que sua vida é até boa

Coringa: é pô - suspirei - só é cansativa as vezes

Sara: cheguei pra deixar ela mais chata

Coringa: que nada, você é legal - encarei ela

Sara: uhm

Me levantei com cuidado e fui na cozinha, esquentei uma quentinha que eu tinha guardado e comi quieto
A maluca não apareceu então eu deixei els quieta

Quando voltei pra sala ela tava dormindo tranquila, peguei ela no colo de boa e levei ela pro quarto de hóspedes, preferi não tocar nela e só joguei um edredom de qualquer jeito por cima dela, fui pro meu quarto e dormi também

•••

Iolanda e Isabela também têm sua própria história, querem que eu poste também? S2
(A história se passa antes de "Feliz Agora?")

FELIZ AGORA?Where stories live. Discover now