07. UMA NOITE LONGA

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Zhu Lian nunca teve dificuldade para beber, ele seguia as mesmas técnicas que cultivadores que usam energia espiritual para absorver a comida, mas invés de comida, ele absorvia o álcool, assim, os efeitos do alcoolismo só surgiria depois de muitos copos, aprendeu aquela tática após conhecer um homem bom na bebedeira que o explicou como era o jeito certo, assim, ele conseguia beber escondido na seita Long sem nem mesmo exalar o cheiro forte.

Mas mesmo sendo um truque útil, Zhu Lian não se recordou dela no momento e seu corpo pouco acostumado com o álcool depois de tantos anos reagiu rápido, o fazendo se sentir zonzo depois de poucas bebidas, mas também o motivando a beber ainda mais, enchendo um copo atrás do outro.

— Daozhang, está tudo bem? — perguntou Shen Yang, parando de levar a jarra de vinho até os lábios, observando Zhu Rong piscando devagar, parecendo prestes a dormir.

— Calado... Apenas encha meu copo — mandou Zhu Rong, apontando para o copo.

— Chega de álcool para você. Sua sorte é que eu não sou fraco pra bebida, senão seria dois bêbados confusos nesse quarto. Como eu poderia cuidar de você?

O cultivador franziu as sobrancelhas, sendo forçado a se levantar e ir se sentar na cama, ele queria beber mais, sentir o gosto agradável e forte do álcool, mas, aparentemente, Shen Yang não pretendia facilitar para ele, então, apenas cedeu, andando cambaleante em direção a cama, até que sentou de uma vez nela.

Já obediente sentado na cama, Shen Yang tirou a máscara ainda presa no pescoço de Zhu Rong, não demorando para soltar o cabelo escuro do cultivador, deslizando os dedos entre as mechas, desfazendo qualquer nó.

— Pronto. Agora é melhor descansar, não faça nada idiota que possa se arrepender amanhã, como sair sem roupa pela rua — disse Shen Yang, cruzando os braços, sabia que estava agindo como uma mãe, mas não tinha como evitar ao ver o estado de Zhu Rong.

— Quero mingau — falou Zhu Lian, após alguns segundos em silêncio.

Shen Yang ergueu uma sobrancelha, fazia pouco tempo que tinham terminado de comer, não conseguia acreditar que Zhu Rong estava realmente com fome, sua falta de resposta, fez com que o cultivador decidisse ir por só, então, Zhu se levantou e foi em direção a porta, Shen Yang se moveu rápido, ficando no caminho e apoiando ambas as mãos no peitoral dele, o forçando a manter distância.

— Não pode mostrar o rosto, não consegue entender que não pode fazer nada impensado? Já que está com tanta vontade de tomar mingau, deixe que eu pegue, não acho que temos dinheiro suficiente, mas talvez se sobrou posso conseguir de graça — disse Shen Yang, acalmando Zhu Rong com sua explicação.

O cultivador deu de ombros e voltou para a cama, sinalizando para que ele fosse logo pegar seu mingau e que iria esperar como pedido, já com uma expressão emburrada sem um motivo exato que Shen Yang conseguiu entender.

— Parece uma criança mimada — resmungou Shen Yang, saindo do quarto. — Nunca mais irei deixar esse fracote beber.

Ao chegar na cozinha, Shen Yang se irritou após poucos minutos, ele conseguia ver claramente por cima do ombro da cozinheira que a panela de mingau ainda tinha algo e tudo seria descartado para os animais, imaginava que seria um desperdício, mas aquela mulher era inflexível e parecia só ser capaz de repetir a mesma coisa.

— Eu serei bem sincero, eu estou acompanhado de um cultivador de grande porte e ele está bêbado e fica muito egoísta e irritadiço, imagina como ele pode ficar chateado se não ganhar o mingau que quer. Eu não me darei o trabalho de para-lo, já que acho que não tenho a força e suponho que nem a senhora consiga. Então, me encha uma tigela, sim? — explicou Shen Yang, perdendo a paciência e jogando todas as cartas na mesa.

The Cultivation of the Phantom MaskWhere stories live. Discover now