Tim Tim.

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Andava pelas ruas com um objetivo específico em mente, seguindo por um caminho que já conheço muito bem, um caminho pelo qual passo todos os sábados, estava indo para um bar.

Todos nós, Liz, Thiago, Arthur, Cris, Joui e eu, vamos aos domingos nesse bar para conversar. Somos amigos há muito tempo, porém, agora com a chegada de nossa fase adulta, não é como se pudéssemos sair todos os dias como fazíamos antigamente. Assim, o sábado era o único dia que todos tínhamos livre, tirando os feriados.

Era sempre assim. Na segunda, Arthur vinha e nós jogamos até a hora que ele precisa ir embora. Na quarta, Thiago e eu vamos para a casa de Liz para a nossa noite de filmes. Na quinta, meu pai vem me visitar em meu apartamento, nós cozinhamos juntos ou simplesmente pedimos alguma coisa. No sábado nos encontramos no bar e no domingo vou até a casa de Joui.

Ultimamente nós temos… Como posso dizer? Estamos ficando. Faz quase dois meses que isso começou, quando percebi estava nos braços do mais novo, nos beijando. Estávamos bêbados, contudo, não demorou muito para conversamos sobre isso quando sóbrios e discutir sobre como isso afetaria nossa relação de agora em diante.

No fim, foi muito fácil entrarmos em um consenso, nós dois queríamos um ao outro, apesar de ter demorado para enfim acontecer.

— Tim tim. — Arthur disse quando nós levantamos os copos para um brinde. Não tinha nenhuma comemoração específica para estarmos nesse bar, bebendo como loucos e brindando a cada gole.

— Tim tim? — Joui perguntou. Seu rosto estava vermelho, mais vermelho do que já ficava quando bebia.

— Tim tim é algo que você fala quando brinda, imitando o tilintar que os copos fazem. — Expliquei. Imagino que ele não entendia por não ser brasileiro.

Um exemplo disso é todos os memes que tenho que explicar ao Joui, até desisti de usá-los com o mais novo. Na real, não posso reclamar muito, o Thiago também não entende nada.

— A-ah, é isso. — Joui parecia extremamente envergonhado, porém, aliviado.

Fiquei preocupado e confuso com a reação dele, contudo, estou bêbado demais para me preocupar. Espera, se não perguntar agora, na manhã seguinte esquecerei disso. É, melhor perguntar agora.

— Joui. — Chamei o mais novo quando estávamos na rua tentando lembrar o caminho de casa. Liz era carregada pelo Thiago mais a frente e atrás deles estavam eu, Arthur e Joui nos apoiando uns nos outros. Cris já tinha ido embora há um tempinho.

— Oi, Cesar-kun? — Olhou-me. Olhando o estado do asiático, não me surpreenderia se ele não se lembrasse do que aconteceu há pouco no bar.

— Sabe quando o Arthur disse tim tim? Por que você agiu daquela forma?

— Como assim "de que forma"? — A essa altura, já estávamos próximos da casa de Liz. Provavelmente passaremos à noite lá.

— Você ficou todo envergonhadinho.

— Verdade. — Arthur concordou comigo, ou algo assim, ele parecia estar quase dormindo apoiado em Joui.

— Ah, aquilo. — Ficou da mesma forma que da outra vez: com as bochechas vermelhas. — É que é uma pronúncia parecida com uma palavra em japonês.

Conseguia ver os vários pontos de interrogação em cima da cabeça de Arthur, provavelmente estou assim também.

— O que é pronúncia japonês? — Cevero pergunta, mas não parecia prestar atenção de fato na conversa.

— E que palavra é essa? — Parecia que proferi o maior medo de Joui, ele começou a falar eternos "ehhhhh…" enquanto desviava o olhar para tudo o que é canto.

— Significa… Pau. — Sussurou a última palavra. Como se não bastasse Joui ter falado baixo, Arthur começou a rir como um louco por causa da resposta do mais novo.

— Pau? — Perguntei alto para que Joui ouvisse além das risadas histéricas do Cevero. Preciso confirmar se ouvi certo, se for isso mesmo vou morrer.

— Fala baixo! — Repreendeu-me. — Isso mesmo. — O asiático olhava para baixo, com vergonha. Então era por isso.

Puta merda, ele é muito fofo.

— E se eu falar "quero seu tim tim"? — Arthur começou a brincar sobre nossa mais recente descoberta.

— É tchim tchim, Arthur-san. — Ignorou a pergunta.

— Ah… Dá no mesmo. — Balançou as mãos.

— Se você dissesse isso eu iria dar na sua cara, o tchim tchim do Joui é meu. — Não se esqueçam do fato de estarmos completamente bêbados, então minha vergonha alheia é justificável.

— Isso aí. — Joui fez cara feia para Arthur que voltou a rir.

— Rapaz, que conversa doida é essa aí atrás? — Thiago perguntou. — Que pouca vergonha. Tá certo.

Enfim chegamos na casa de Liz. Foi um pouco difícil acordá-la para que ela abrisse a porta e quando finalmente conseguimos abrí-la, Liz começou a resmungar que não queria ir para casa.

— Ô meus queridos, vocês podem arrumar o chão aí que eu irei para minha cama. — Basicamente cagou para os hóspedes e foi para o seu quarto.

— Ao menos me deixa pegar uns cobertores aí. — Thiago foi atrás de Liz.

Sozinhos, Arthur se jogou no sofá. Joui fez o mesmo e me puxou para que me sentasse em seu colo, coisa que não reclamei, não aguento mais ficar em pé, além de que seu colo é realmente confortável.

Thiago voltou com cobertores e dois travesseiros. Tiramos a mesa de centro e esticamos um dos cobertores no chão.

— Então, vamos ter que nos virar aqui. — Colocou os dois travesseiros na nossa cama improvisada.

— A gente divide as cobertas e os travesseiros. Eu e o Thiago ficamos nesse, vocês casalzinho pode ficar com o outro.

— Ah não, Arthur, ficou louco? Exatamente por eles serem casalzinho que não podemos deixar eles juntos. — Argumentou.

— Vocês acham que faríamos alguma coisa com vocês dois aqui? — Joui pergunta.

— Sim. — Thiago, Arthur e eu respondemos ao mesmo tempo.

— Aí, viu. O Cesinha quer, ele não tem vergonha na cara. — Apontou para mim.

— Obrigado pela consideração.

— Consideração é o que vocês não vão ter com a gente se começarem a ficar no mesmo ambiente que nós. — Falou rápido.

— Thiago, se acontecer algo a gente tira foto. — Falou baixo.

— Agora quem tá sem vergonha na cara são vocês. — Pensei por um momento. — Mas pode tirar.

— Cesar-kun. — Repreendeu-me pela segunda vez no dia.

— Só vamos dormir logo. — Deitei-me no travesseiro da direita e puxei a mão de Joui para que ele se deitasse do meu lado.

— Promete que não houvera nenhum tipo de promiscuidade entre vocês enquanto Arthur e eu estivermos aqui. — Pediu enquanto já se deitava no travesseiro do lado esquerdo.

— Isso significa que se formos ao banheiro podemos… — Não consegui terminar de falar por conta de uma cotovelada que levei de Joui bem em minha barriga. — Aí, isso doeu!

— A gente promete, boa noite pessoal. — Falou para os outros dois.

Nos aconchegamos e dormimos de conchinha. Sinceramente, nunca imaginei que dormir de conchinha com alguém seria tão bom. É confortável e quentinho dormir abraçado com Joui, com certeza é uma das coisas que mais gosto no mundo.

Coletânea de One-shots JoesarOnde histórias criam vida. Descubra agora