"Sangue."

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Eu ainda me sentia muito mal pelo que tinha acontecido na noite passada, eu realmente não esperava que o Harry pudesse fazer isso comigo. Eu conseguia até entender os seus surtos de ciúmes. Estar com uma pessoa que você sabe que ela não sente a mesma coisa que você, pode enlouquecer uma pessoa.

Mas tomar a forma do meu corpo sem a minha permissão? É imperdoável. Inclusive deve ser até ilegal.

Enquanto eu corria para a aula de DCAT, para não chegar atrasada, afinal, era aula do Snape, Harry andava na mesma velocidade que eu explicando o porquê havia feito aquilo.

- Noora, a única pessoa pra quem ele contaria que era um comensal, era você, a única pessoa que ele admitiria.

- Você não teve a capacidade de me pedir! - esbravejo.

- Você não iria deixar. - ele tenta se justificar, aperto os olhos.

- Não ia mesmo, mas se você fosse um namorado normal, levaria isso em consideração. - digo por fim entrando pontualmente na sala do Snape.

Sento ao lado da Luna, e me surpreendo em como ela é inteligente. Snape passava milhares de trabalhos para produzirmos, era humanamente impossível até lembrar de tudo isso.

Draco senta ao meu lado, ATRASADO, devo salientar, e o Snape nem se move para castiga-lo.

- Devo dizer que se fosse eu chegando atrasada, eu iria estar nua esfregando o chão enquanto repito os trabalhos em voz alta. - Ele ri do próprio privilégio. - Mas como foi o principezinho da sonserina que chegou atrasado, ninguém fala nada.

- Você quer me ver pelado? - Ele ignora as outras partes da minha fala. - sentiu saudades?

- Pelado esfregando o chão enquanto repete os trabalhos em voz alta. - acrescento.

Ele ri silenciosamente da minha indignação e da de ombros.

Um papel voa como um passarinho na minha direção, antes que eu possa pegar, Draco enfia a sua grande mão entre nós e pega o papel. Apenas lê e amassa em seguida jogando ao seu lado.

Outro papel voa novamente, dessa vez como um minúsculo avião, mas Severo Snape agarra o papel.

- Senhor McMillan, se você jogar outro papelzinho para a senhorita Campbell na minha aula, eu vou ser obrigado a castiga-lo. Não serei tão tolerante na próxima vez. - ele encara o belo garoto negro sentado na última cadeira.

Sinto meu rosto inteiro esquentar, eu nem sou amiga dele, o que ele quer, afinal?

- Draco, o que você amassou aí? - pergunto tentando ver onde ele havia jogado.

- Um bilhetinho de outro admirador seu, um imoral, eu diria, escreveu coisas horríveis, até pornográficas. - aperto os olhos com desconfiança.

- Não acredito em você. Me dá o bilhete. - mando, e ele nega com a cabeça. - me dá o bilhete agora, Draco.

Ele revira os olhos apanhando a bolinha de papel e me entregando. Abro e tinha escrito apenas:

"está muito bonita hoje"

Sem assinatura ou coisa alguma.

- Draco, isso não é imoral, é muito fofo. - guardo o papel amarelado na bolsa. - você viu quem mandou?

- Infelizmente, não, acredite, eu gostaria. - ele diz sem me olhar.

- Não seja ciumento, Draco, não é mais o meu namorado. - ele revira os olhos repetindo silenciosamente o que eu falo com uma cara feia. - deveria ficar feliz por mim.

- Claro, eu deveria comemorar todos dando em cima da minha... da garota que eu gosto. - faz uma dancinha irônica, que chama atenção da Luna.

- Qual é o motivo da comemoração? - ela pergunta para um Draco falsamente feliz.

- Ainda não sabe? Deve ser a única que não sabe, a garota mais bonita de Hogwarts está solteira novamente. - a Luna da um sorriso forçado, e se vira para mim.

- Eu não entendi. - fala baixinho - você entendeu?

- Não, não entendi. - belisco o Draco emburrado ao meu lado de maneira discreta.

Ao fim da aula, estávamos com tantos trabalhos para fazer que eu acho que a minha cabeça estava prestes a explodir.

Vou ao banheiro antes do almoço, e enquanto lavo as mãos, Astoria entra cabisbaixa, cambaleando.

- Astoria, você está bem? - pergunto preocupada assim que ela entra no Box e cai de joelhos, obtenho um barulho de vômito como resposta.

Corro em sua direção, segurando os cabelos escuros enquanto ela vomita, pouso a mão em suas costas como força de apoio. Vejo de relance o líquido vermelho caindo, o que me faz ficar assustada. Ela estava vomitando sangue, litros de sangue. Corro para a porta do banheiro onde o Draco me esperava lendo um livro, o puxo pelo braço rapidamente.

- O que está fazendo, Noora? - ele para ao ver a astoria sentada no chão com a boca cheia de sangue. - Que nojo.

- Vamos levar ela para a enfermaria. - digo o empurrando em direção da menina.

- E se ela vomitar em mim? - o encaro feio e ele se da por vencido pegando a Astoria no colo.

A levamos até a enfermaria, e lá ela ficou desacordada. Draco puxa o meu braço para si.

- Vamos? Eu estou com fome. - arregalo os olhos.

Ele observa o local um pouco enjoado.

- Draco, você não vai embora, vai? - Astoria pedia, o brilho nos seus olhos se intensificava pelas lágrimas.

Noto algo que talvez o idiota nunca tenha notado, ela gosta dele, ela realmente gosta dele.

- Nós não vamos sair daqui. - Garanto.

- O nós sou eu e você? Ou eu já posso ir? - Eu o encaro como se fosse óbvio e a Astoria vomita em um balde, fazendo o Draco esboçar uma cara de nojo. - Eu acho que perdi a fome.

Dafne chega como um general na porta da enfermaria, seus olhos passeiam da irmã até eu e o Malfoy. Ela vem em passos largos na nossa direção. Seus olhos focavam em mim como uma águia perseguindo uma presa.

- O que você fez com ela? - Dafne grita em minha direção, chegando ameaçadoramente perto do meu rosto.

- Vai com calma, Greengrass, se você não quer ficar na enfermaria como uma paciente, sugiro que se afaste. - ele diz me puxando para si.

- Ela me ajudou. - A voz de Astoria tira seu foco de nós e ela corre até lá.

- Você está bem? - ela pergunta, Astoria assente fraca.

Eu e o Draco saímos de lá assim que Dafne nos expulsa. Andávamos em direção ao salão principal, porém eu não tinha fome alguma.

- Draco? - Chamo sua atenção. - Porque ela toda hora está na enfermaria? - pergunto.

- Tem algo a ver com uma maldição de sangue, coisa assim, ela nunca foi saudável, a conheço desde pequena e sempre foi uma garota praticamente morta. - da de ombros.

- Sabe que ela gosta de você, não sabe? - digo incomodada.

- Não, ela não gosta, está enganada. - ele responde ríspido.

- Draco, eu conheço o olhar que você da para alguém que você gosta, é diferente. - o olho nos olhos, parando de andar.

- É como esse que está me dando agora? - ele se encosta na parede me puxando para si pela cintura.

Seus olhos estavam fixos no meu, enquanto suas mãos cercavam os meus quadris, me deixando tão perto que eu era capaz de sentir o calor da sua respiração no meu rosto.

Reúno todas as forças que tenho para conseguir afastá-lo sem depositar um beijo na sua boca rosada.

BE EVIL || DRACO MALFOYOnde as histórias ganham vida. Descobre agora