Capítulo 1

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  Abro os olhos assim que o pesadelo tão conhecido por mim chega ao fim; seguro o colar de lua pendurado no meu pescoço e olho em volta para ter certeza de que estou na segurança do meu quarto, mas quanto mais olho em volta mais o pesadelo parece se tornar realidade. Todos os posters com bailarinos reconhecidos e medalhas em exposição, me lembrando sempre de tudo.

   Empurro as cobertas para longe, querendo me ver fora dessa cama o mais rápido possível. Passo a mão no rosto, tentando afastar o sonho que continua se passando em minha mente, quando escuto a porta sendo aberta e minha mãe se aproximando.

— Parece que vim te acordar à toa.— ela se senta ao meu lado e passa a mão pelas minhas costas, enquanto continuo respirando fundo para me fazer acreditar que tudo acabou.— Foi o mesmo pesadelo?— ela pergunta com a voz mais suave por saber que está tocando em assunto mais delicado.

  Minha mãe parece querer dizer mais alguma coisa quando olho para ela, mas se mantém quieta, não querendo entrar de novo nesse assunto. Observo sua roupa solta e colorida, leve como sempre. Apesar da idade, Sophia ainda parece jovem como sempre, e poderia ser confundida com alguma irmã.

Levanto em um pulo, querendo apenas entrar debaixo da água gelada.

— Seu primo está lá embaixo— ela diz quando já estou entrando no banheiro sem dizer nada. Reviro os olhos por pura mania e continuo tirando a blusa e a jogando no chão.— Ele insistiu em te levar para a escola hoje.

  Quando desço as escadas em direção a cozinha, não vejo sinal do meu pai ou da minha mãe, o que me faz acreditar que ou eles voltaram para a cama e ficarão até mais tarde ou já saíram para trabalhar.

  Entro na cozinha e dou de cara com meu primo atacando o cereal diretamente da caixa. Vou em sua direção tirando uma das únicas coisas que como de manhã da sua mão. Ele tem os olhos verdes da sua mãe, mas todo o resto vem do tio Derek e isso irrita profundamente a tia Annie que vive dizendo o quão injusto isso é.

  Concordo plenamente com isso. Apesar do meu primo ser extremamente bonito, ele seria muito mais bonito se tivesse os cachos escuros da mãe ao invés do cabelo castanho claro e liso.

— Bom dia para você também, Bailarina— ele soa sarcástico e tenho vontade de apenas mostrar a língua, mas prefiro continuar comendo o cereal antes de me atrasar. — Os tios te deram uma educação, Luna, tente a usar de vez em quando.

— Bom dia, Cody. Agora pare de me encher o saco, querido primo. Espera, não era para você estar indo para a faculdade?

— Você é realmente uma cabeça de vento igual a tia Soh. Minhas aulas começam só em quatro dias e claro que não poderia deixar de levar a minha bailarina para o primeiro último dia no inferno.

  Volto a virar o pacote de cereal na boca desinteressada, mas ele cai na minha cara quando Cody bate a mão nele, me fazendo derrubar uma boa parte.

— Seu idiota! Caralho, você sabe que eu odeio fazer coisas para comer de manhã e o cereal já vem pronto.

—Mas já começou o dia colocando seu mau humor matinal no seu primo, filha? Assim não sobrará nada para seus amigos— meu pai entra na cozinha com uma garrafa de água vazia e vai até a geladeira para enchê-la.— Bom dia, meu amor.

— Bom dia, Papai— dou uma cotovelada no peito do Cody que estava rindo baixinho e o puxo para baixo para limpar a sujeira que ele mesmo causou.— Em minha defesa, Cody derrubou o cereal e acabaram todas as frutas.

— Como se vocês precisassem de desculpa para se ofenderem. Não esqueça de nada para a escola. Tenha uma boa aula— Meu pai vem até mim para me dar um beijo no topo da cabeça e fazer um toque com meu primo.

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