Capítulo 10- Sem gravidade

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  ~Annabeth.

Eu juro que se pudesse falaria tudo que estava engasgado para aquele diretor arrogante. Apenas me segurei porque não poderia ser egoísta e colocar todos ali em risco, muito menos o emprego do meu padrinho. Quando chegamos ao vestiário encontramos roupas diferentes do que estávamos acostumadas, eram... Roupas de astronautas de verdade! Com direito a capacete e tudo.

– Vamos usar isso? Serio mesmo? – Perguntei empolgada segurando o capacete em minhas mãos, meus olhos deveriam estar brilhando e eu deveria estar com uma cara de boba, porque Jessy segurava uma risada do meu lado.

– Sim – Respondeu Yasmin – Agora se vistam porque, como puderam perceber, eles não são muito pacientes.

– Puff – Assopro uma trança que caia sobre meu rosto e faço uma cara de desinteresse.

– Espero vocês do lado de fora – A mulher quase alcançava a porta quando se voltou para mim – Você foi muito corajosa hoje Annabeth, vejo força e determinação em você. Posso contar um segredo? Meu pai não é de todo mal, ele apenas está com medo igual todos nós – Pai? Ela era filha do diretor Robson? Deveria ter puxado a mãe, com certeza. Não falei nada, apenas a observei sair pela porta deixando eu e Jessy sozinhas.

– Estou morrendo de fome Anna – Disse Jessy segurando a barriga.

– Eu sei... Também estou – Estava afastando esse pensamento há tempos, tentando me concentrar apenas em não perder o controle – Vamos ganhar esse teste logo e esfregar na cara daqueles bocós o quanto somos dignas de estarmos aqui, deromô?

– Demorô – E trocamos um soquinho. Estava cada dia mais fácil ser amiga daquela garota, a menina quieta e com cara de metida que eu tinha conhecido no primeiro dia, tinha mostrado ser uma garota muito daora e com muito senso de humor.

Vestir aquela roupa pesada e complicada não era nada fácil. Não tinha ficado tão larga no meu corpo como eu tinha imaginado porem, ainda sim, era desconfortável e nada pratica. Depois de vestidas fomos ao encontro de Yasmin, que nos recebeu com um sorriso doce. Entramos mais uma vez por um corredor enorme e mal iluminado. Não sei o quanto aquele lugar era grande, principalmente para um lugar feito embaixo de um deserto, mas parecia nunca ter fim.

– Chegamos – Paramos na frente de uma grande porta de metal – Nos despedimos por aqui. Boa sorte meninas – E a jovem mulher saiu nos deixando sozinhas com fome e com a ansiedade crescendo em nosso peito.

– Casseta! – Exclamou Jessy assim que abriu a porta. Meu olho ainda não tinha acostumado com a claridade que vinha daquele lugar, então demorei mais tempo para conseguir focar.

– O que...? – Foi quando vi do que ela estava falando – Puta merda – Era o maior lugar que eu já tinha visto em toda a minha vida, compararia com um campo de futebol. As luzes fortes eram espalhadas por todo o espaço, e a coisa mais doida... É que parecia Marte. O chão era coberto por uma densa areia vermelha, o "céu" era escuro e iluminado. O espaço era todo cercado por vidros espelhados e escuros, provavelmente do outro lado estaria cercado de astronautas que observariam o teste. Senti um frio na minha barriga, já não sabia mais se era fome ou nervosismo.

Minhas pernas ficaram bambas, sem perceber eu tinha prendido a respiração. Sempre sonhei com esse momento, o momento de provar o meu valor, mas quando ele chegou, eu só queria me esconder. Foi quando olhei para o meio do campo e os meus olhos se encontraram com outro par de olhos castanhos, aqueles olhos que apareciam em meus pensamentos todos os dias e noites, aqueles olhos que faziam meu coração bater mais forte todas as vezes que olhavam dentro da minha alma. Benjamin me deu um sorriso encorajador que fez todos os meus sentidos voltarem a funcionar. Caminhamos de encontro com eles.

– Você está bem? – Ele me pergunta com aquela voz grossa e ao mesmo tempo suave dele

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– Você está bem? – Ele me pergunta com aquela voz grossa e ao mesmo tempo suave dele. Respondo apenas concordando com a cabeça.

– Isso aqui é uma loucura, parece mesmo que estamos em Marte – Indagou David.

– Exatamente Sr. Ford – Diretor Filipe falou por um auto falante. Estremeci – Inclusive, aconselho que coloquem os capacetes, afinal eles não estão ai atoa – Todos encaixamos os capacetes em nossos uniformes – Daqui a pouco esse lugar será o mais idêntico de Marte possível, isso inclui é claro a falta de gravidade.

– Mas... Isso é impossível! – Exclamou Jessy enquanto era levantada do chão. A sensação de estar flutuando era bizarra, tudo em mim parecia leve como uma pena e meus pés imploravam para tocar o chão.

– Nada é impossível para ciência mocinha – Respondeu o velho em um tom de satisfação.

– Ter noção, isso ainda é impossível para alguns – Resmungo baixinho.

– Têm alguma reclamação que queira compartilhar com todos senhorita Villin? – Não respondo – Ótimo. Hoje vai ser uma versão melhorada do teste de ontem, com algumas dificuldades a mais, a roupa e a falta de gravidade são uma delas.  Uma das diferenças é que hoje não será em duplas, e sim todos vocês serão uma equipe, e a outra é que juntos vocês terão que derrotar aliens em uma "batalha".

– A- Aliens? – Perguntou Christian em um gaguejo.

– Não de verdade é obvio – Respondeu o diretor um pouco sem paciência– E sim hologramas. Esse teste serve para uma precaução, caso haja um ataque, o que torcemos para evitar. Obvio que não sabemos o quão tecnológicas são suas armas e nem o quanto são habilidosos, mas mesmo assim, deixar de treinar não é uma opção. Pegue suas armas e depois... QUE O TESTE COMECE.

– QuE O tEsTe cOmEÇe – Imitou Benjamin com uma voizinha.

Fomos em direção ao armário que tinha ali perto suspenso ao chão. Era incrivelmente difícil se mover sem gravidade, o corpo parecia não responder aos comandos do celebro. Quando finalmente o alcançamos, cada um pegou uma arma que se identificava mais. Acabei ficando com uma Taurus Raging Bull.44, em uma versão mais moderna. No momento que Christian, o ultimo de nós cinco, escolheu sua arma, as luzes apagaram até ficar somente a iluminação das "estrelas". Todo mundo ficou em silêncio, era possível ouvir apenas a respiração pesada de cada um dentro dos trajes. Até que um barulho alto e grave interrompe o silêncio.

– Desculpe – O barulho tinha vindo do estomago de David – Escapuliu. Tô morrendo de fome, namoral.

– A qual é cara? Tomei "mó" susto –  Exclamou Christian – Vamos, melhor coisa a fazer é se separar e gritar caso esteja em apuros. Jessy vem comigo e com seu irmão.

– Ué, por que eu? Se estiver insinuando que preciso da sua proteção... É mais fácil eu proteger vocês dois. ABAIXA! – David puxou Christian pelo braço e Jessy disparou seu primeiro tiro, acertando em cheio o peito de um dos "aliens" – Bom... Acho melhor v-o-c-ê-s virem comigo.

– Tanto faz – Respondeu Christian tirando a areia do uniforme. Ele e Jessy foram para um lado e David para o outro, só estava eu e Benjamin ali. 

– E ai? Pronto? – Perguntei para ele.

– Sempre... Princesa de Wakanda – Dizendo essas palavras ele saltou e deu uma cambalhota em pleno ar, desviando de um tiro de lazer vermelho e depois atirou em direção ao alien. Saio do meu transe e entro para a luta. 

Meu Futuro está em MarteWhere stories live. Discover now