Capítulo Dezenove

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Sakura




Paris, novembro de 2004.



Naquela manhã havia um clima estranho nas ruas talvez ainda reflexo dos problemas diplomáticos do país, mas nada disso me fazia sentir mais apreensiva que as notícias que vinham de casa, Itachi em janeiro, no final do ano letivo se alistara na marinha japonesa e justo quando ele entrou em maio nosso governo decidiu mandar tropas para as ações de paz da ONU, esse movimento de ir e recuar pela pressão das ruas estava acontecendo desde meados de 2003 mas agora eles pareciam ter decidido. Eu rezava para toda e qualquer divindade que tivesse a bondade de me ouvir que ele não fosse selecionado entre os que iriam, embora considerando suas habilidades eu tinha mais 98% de certeza que iriam selecioná-lo.


Não importava quão honroso isso seria para sua família ou para o país, foda-se só de pensar no meu moreno em uma guerra todos os pelos do meu corpo eriçavam. Chorei mais uma vez em silêncio me encolhendo entre as cobertas. "Por favor Kami-sama não permita isso" implorei em pensamento mais uma vez.


Era domingo e não tinha aula, eu estava estudando aqui desde que ficou claro que eu perderia ao menos metade do ano letivo de Tóquio, como aqui a escola começa em setembro era bem melhor que eu fizesse o último ano aqui para não desperdiçar tempo, a escola aqui era legal, fiz amigos e estava fazendo um curso de desenho pois minha paixão e meu maior sonho era a arquitetura, naquela manhã estava nevando muito por isso o trânsito de pessoas nas ruas era pequeno, considerando o frio que estava fazendo 4 °C, segundo a medição na tela do celular.


Desbloqueei a tela e escrevi uma mensagem "Sinto sua falta anata" a apaguei em seguida "Bom dia amor, queria que estivesse comigo, está muito frio aqui. Também estou com saudades, mas vamos passar o Natal juntos, certo? Te amo!" escrevi no lugar da anterior, não queria deixá-lo aflito, sabia que ele não veria tão cedo. Apenas à noite, antes de ir dormir eles tinham permissão para ver o celular e ouvir os recados, olhei mais uma vez a mensagem que ele me enviou ontem "Sinto sua falta todo dia, não vejo a hora de ir para casa, te amo." chorei até pegar no sono depois que a recebi às 13:00 aqui, 20:00 no Japão.


Todos os dias eu mandava uma mensagem para ele e todo dia ele me respondia. Eu sentia muitas saudades de casa, mas até agora a família Uchiha estava em alerta máximo, tio Madara, tio Fugaku, até Sasuke e Naruto estavam com meu pai investigando as ameaças que continuavam chegando direcionadas a mim. E até agora não pegaram o responsável. Por isso eu não estava autorizada a voltar para casa em definitivo, segundo Sasuke me disse desde que Itachi foi para a base Izumi estava desfilando por aí cada dia com um diferente. Sasuke assumiu as investigações sobre o pai dela, Naruto continuava reunindo provas sobre todas as merdas que ela vinha aprontando. Me levantei da cama, com todos estes pensamentos rodopiando pela minha cabeça e fui para o banho.


Quando entrei no banheiro fui bombardeada pelas lembranças do último dia que o vi, em especial daquele beijo, lembrava de suas mãos seguindo pelas minhas costas até minha cintura e me apertando enquanto sua boca devorava a minha, avassalador, o gosto dele ainda estava na minha boca, me senti imediatamente quente e molhada só de lembrar. Parada em frente ao espelho eu não me via, era seu adorado rosto que refletia ali diversas vezes. Meu pai falou sobre isso comigo uma vez, que Itachi e eu éramos o reflexo um do outro, como ele e mamãe, tia Mikoto e tio Fugaku. Ele disse que era fácil para ele ver isso porque tinha experiência de vida, nunca questionei isso, mas hoje eu entendia o que ele queria dizer, éramos complementos um para o outro, os sorrisos um bálsamo para as preocupações que tínhamos, era um no outro que encontrávamos a paz que precisávamos.

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