Parte 22

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• Olivia Luthor •

Jack coloca o embrulho vermelho em cima da cama e se senta no colchão. Eu me mantenho afastada, perto da janela, encarando o enorme muro ao redor da casa.

— Quando eu descobri que você existia, dezessete anos atrás, tudo o que eu queria era que sua mãe e eu voltássemos a ser uma família mais uma vez... Mas ela fugiu, te levando para longe de mim, me impedindo de ser o pai que eu deveria ter sido para você. — ele diz, o tom de voz baixo e triste, como se realmente acreditasse que ele era a vítima — Eu tentei de todas as formas nos reunir e tudo o que eu consegui foi passar os últimos anos em coma, em um hospital podre onde ninguém sabia quem eu era, mas quando acordei, tudo o que eu pensava era em você e a sua mãe.

Eu sorrio incrédula, não acreditando em toda aquela baboseira que saía da boca dele.

— Você realmente acha que é o pobre coitado aqui, não é? — pergunto irritada — Você! — aponto para o rosto dele — Foi você quem transformou a vida de Lena em um inferno, você quem a perseguiu e a aterrorizou, você matou o melhor amigo dela! — me altero — E agora, não satisfeito, voltou para um segundo round de destruição!

Ele levanta da cama de supetão, vindo em minha direção, agarrando os meus pulsos com força, me empurrando para trás, me fazendo bater de costas na parede. Ele me olhou nos olhos, tão de perto que eu pude ver uma raiva contida lá. O olhar dele era doentio, passava uma sensação de terror que me fez desviar a minha atenção para o piso do quarto.

— Olhe para mim, Olivia! — ele manda, mas eu não o faço, então, ele solta um dos meus pulsos, e com a mão livre, ele puxa o meu rosto, me forçando a olhar para ele outra vez — Você é minha filha, mas não ache que isso te isenta de sofrer as consequências quando me desafiar. Entendeu? — pergunta e eu fico quieta, mas ele sorrir, enfim se afastando — Vou mandar te trazerem algo para comer, após isso eu quero que você vá para cama, amanhã vamos ter um dia cheio.

E dizendo isso, ele sai do quarto, me deixando para trás com o meu coração acelerado e as minhas mãos tremendo. Quando a porta fecha e eu escuto o barulho dela sendo trancada, é que eu levanto a minha cabeça e me afasto da parede, andando ate a cama, fechando as minhas mãos em punho, tentando parar o tremor antes de pegar o embrulho e o jogar na parede com força, ouvindo algo quebrar.

— EU VOU TE MATAR, JACK! VOCÊ VAI SE ARREPENDER DE TUDO ISSO!

Eu vou até a porta, forçando a maçaneta e a chutando, tentado quebrá-la, o que só foi perca de energia, então me sento na cama, esperando por alguma oportunidade. Alguém realmente veio trazer o jantar, mas eu não o comi, apenas fiquei observando o mundo lá fora através das grades da janela. Deixando a minha mente me levar para uma memória antiga.

Flashback

— Não solta! — uma pequena versão de mim grita para Lena.

— Nunca, mas você precisa começar a pedalar. — Lena diz com um enorme sorriso no rosto.

Nós duas estávamos no parque próximo ao condomínio onde ela, Lilian e eu morávamos. Aquele era um dia especial porque era o dia em que finalmente tinha ganhado a minha primeira bicicleta sem rodinhas que tanto desejava e agora estava louca para andar, porém o medo era um pouco maior do que a confiança da minha pequena versão de cinco anos, o que foi facilmente dobrado por Lena depois afirmar várias vezes que jamais me deixaria cair.

— Você está pronta? — Lena pergunta, começando a empurrar a bicicleta.

Coloco o pé direito no pedal, mas deixando o esquerdo firme no chão por mais alguns segundos e então, enfim começando a pedalar. Lena se manteve bem ao lado, uma mão segurando o banco e a outra o guidão. Damos algumas voltas até que que eu começar a aumentar a velocidade das pedaladas e Lena logo tratou de se manter ao lado.

Resiliência (Supercorp)Where stories live. Discover now