Put disco music to play

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Fevereiro de 1992  

Jimin's POV 

Após finalmente conseguir acomodar minhas roupas naquele pequeno guarda-roupa, que eu teria que dividir com meu roommate, e ir fazer uma refeição completa para enfim fazer meu estômago parar de roncar, voltei ao quarto decidido a escrever tudo o que tinha acontecido naquele dia em meu diário.

Era um costume que eu criei ainda no início da adolescência, naquelas décadas era moda decorar diários com recortes de revista, e eu também entrei nessa, mas abandonei lá pelos quinze anos, quando meu pai encontrou uma das agendas e disse que aquilo era "coisa de garota", que eu não devia fazer, como se aquela atividade pertencesse a somente um gênero, uma grande besteira, mas eu não tinha a mesma coragem para enfrentá-lo e debater o assunto como hoje em dia, somente me calei.

A forma como ele me censurava me fazia muito mal, e nem estou falando somente do diário, mas sobre tantas outras coisas que eu curtia fazer, porém sabia que haveria julgamento em cima caso ele soubesse daqueles meus gostos pessoais, e mesmo que eu entendesse que não estava fazendo nada errado para sentir vergonha ou precisar esconder, cresci num ambiente onde via sexismo, homofobia, machismo, e tantos outros preconceitos para todos os lados, era horrível, e eu ainda não sabia como lutar contra aquilo.

Voltei a escrever e enfeitar meus diários lá pelos dezoito anos, agora que estava bem longe da mente pequena do pai, e também porque minha avó sempre comprava revistas novas na cidade depois de saber que eu gostava de fazer recortes, engraçado que ela achava que eu tinha algum talento artístico para colagem e trabalhos manuais assim, mas eu só cortava umas figuras e letras com estampas legais mesmo, não era nada muito elaborado.

Porém ali pelos meus vinte anos eu já não escondia mais aquele meu hobby, tanto que lá estava eu sobre minha cama, escrevendo com caneta colorida em mais uma das páginas da agenda, que realmente parecia pertencer a um adolescente pelo tanto de adesivos e fotos de famosos que tinha, não era nada sério como uma caderneta de anotações para um universitário como eu seria, e eu gostava exatamente por isso.

E enquanto eu enchia aquelas páginas com meus devaneios, principalmente sobre o meu reencontro com Jungkook e o mistério que agora o envolvia, vi Namjoon adentrar o quarto e deitar-se na cama ao lado, pois ele seria o meu colega de quarto dali em diante.

No começo eu me sentia meio intimidado por Namjoon, ele possuía toda aquela aura intelectual, se expressava pouco, mas sempre dizia coisas cultas, e eu ficava com receio de pagar mico ao falar alguma bobeira para dele, porém também vim a descobrir o quão gentil ele era, o Kim sabia sim de sua inteligência, mas isso nunca o fez alguém esnobe, Namjoon transbordava em modéstia.

— Você costuma dormir tarde? — Namjoon me perguntou, cortando o silêncio do quarto. 

— Não, não... E você? — Indaguei de volta, pois eu realmente estava acostumado a ir para cama cedo, meus avós dormiam antes das dez da noite e eu acabei pegando o mesmo hábito rotineiro deles.

— Só as vezes, mas eu trabalho nos fins de semana também, então não posso me dar muito esse luxo. — O Kim informou, dando de ombros.

— Entendo, começo a trabalhar amanhã, então acho que vou acabar indo pra cama cedo a semana toda. — Falei por fim, antes de assistir Namjoon começar a se arrumar para dormir.

A manhã do meu primeiro dia no novo emprego na confeitaria veio rapidamente, e chegando lá percebi de cara que eu não faria muita coisa além de atender o balcão, até mesmo fui auxiliado por uma outra funcionária que estava a cargo de me ensinar as funções, mas aquilo não era nada com que eu já não estivesse familiarizado. Eu até gostava desse trabalho, mesmo que nem tenha permanecido lá por muito tempo.

The 90s and My Soul ||ji•kook||Where stories live. Discover now