Discoveries in my country

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Março de 1992

Jimin's POV

Com vinte anos eu não tinha muitas coisas que poderia chamar de hobby, gostava de escrever, mas me limitava a dissertar sobre o meu dia a dia nas folhas do meu diário. Também gostava de ler, porém raramente buscava por algum livro novo, estava sempre ocupado com o trabalho ou com os estudos, o tempo que sobrava apenas era gasto com descanso, minha mente e meu corpo necessitavam de repouso.

Sempre gostei de jogos, mas meus videogames da adolescência já haviam parado de funcionar há um bom tempo, e eu não me sentia mais tão ligado a aquilo naquela fase da minha vida, por isso nem me preocupei em mandar para o concerto ou em comprar novos, acho que somente quando fui morar sozinho que voltei a me dedicar a essa antiga paixão.

Dançar e desenhar acabaram se tornando coisas que eu tinha deixado de lado naquela época também, talvez somente não me sentisse mais tão motivado a tais coisas, já que tanto a dança quanto os desenhos eram atividades que eu gostava de fazer quando estava muito animado e inspirado, e mesmo que esses momentos acontecessem, eu sempre estava ocupado com alguma outra coisa.

Então o único passatempo que eu realmente alimentava eram os envolvo em meu diário, toda a decoração que eu fazia nele vinha das colagens de revistas e adesivos, por causa disso eu precisava ir até uma banca de jornal para conseguir esse material, mas fazia um bom tempo que eu mesmo não ia pessoalmente comprar, já que minha vó se disponibilizava para essa tarefa antes.

Porém como eu não tinha mais minha avó ali perto para me ajudar com isso, restou a mim mesmo ir atrás de uma banca na cidade, e que bom que eu fiz isso, pois foi nessa minha ida a banca de jornal que acabei descobrindo uma certa revista chamada Gay Times, ou GT magazine para alguns, uma revista voltada ao público LGBTQ, que na época na verdade era direcionada mais para homens gays e bissexuais, mas hoje em dia já apresenta conteúdo diversificado para a comunidade LGBTQIA+.

Talvez hoje em dia alguns fiquem meio confusos com o fato d'eu estar citando esse fato, mas o fato era que naquela década eu estava acostumado a ver a mídia tradicional falar sobre minha sexualidade de formas errôneas, de ver muito preconceito e estereótipos nas revistas voltadas para um público jovem em geral, então era algo significante e empolgante descobrir sobre a existência daquela revista, não existia muitas coisas no mercado voltado para o meu público alvo.

Ansiosamente eu comecei a folhear a revista, uma das únicas que não estava plastificada, vendo que aquela edição vinha com várias entrevistas, entre artistas, esportistas e outras personalidades da mídia, e ler um pouquinho sobre aquelas pessoas me trouxe um calorzinho ao meu peito, porque eu me identificava com elas, com suas histórias, e principalmente era bom demais saber a carreira que elas mantinham, passando por cima dos preconceitos.

A minha reação não era nada mais nada menos do que o poder da representatividade, a sensação de se sentir incluído, importante, de saber que tem alguém fazendo coisas para você e por você, de ver seus semelhantes sendo mostrados, fazendo coisas incríveis ou simplesmente vivendo suas vidas livremente, te inspirando e te motivando, era gratificante.

Decidi levar um exemplar para casa, e bem, é exatamente por ter comprado uma que estou contando sobre isso, pois essa minha ação acabou acarretando alguns acontecimentos mais pra frente. Mas isso é história para ser contada depois...

Lembro de ter hesitado bastante na hora da compra, com medo do julgamento que poderia ver do jornaleiro, até peguei outras revistas para tentar "encobrir" aquela em questão, mas não precisarei listar esse acontecimento na minha lista de situações desconfortáveis da minha juventude, o homem nem conferiu direito o que eu tinha comprado, apenas cobrou um número inteiro pelas cinco revistas diversas que peguei e as colocou numa sacolinha.

The 90s and My Soul ||ji•kook||Where stories live. Discover now