07 - Piscinas de whisky

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Stiles era o único humano do Pack e o mais forte, não em força física, mas em inteligência e sagacidade, mas acima de tudo era forte em lealdade.

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O alfa adentrou seu território correndo em sua forma lupina rumo a residência onde estava o corpo sem vida do jovem Stilinski. O clima fúnebre enchia as paredes desgastadas e corredores vazios do antigo casarão, a noite de junho estava mais gélida e silenciosa. O céu enegrecido era tão profundo que a lua parecia ter se escondido, talvez aquele fosse um sinal dos Deuses, que também lamentavam a morte prematura do garoto.  

— A onde foi? — A garota perguntou ao notar que a porta havia sido aberta.

— Cumprir seu último desejo e avisá-los  — parou ao lado da moça desamaçãndo a camisa branca de botões recém vestida.

— Não acredito que ele se foi. — Sussurrou tristemente incapaz de olhar em direção a cama. — A culpa é sua você o matou. — sua voz tremeu com uma fúria mal contida. O alfa não tentou discutir ou se defender estava inerte demais em seus próprios pensamentos. — Nós o matamos. — Enfim admitiu escondendo as mãos trêmulas no bolso do moletom lilás.

A culpa a invadiu se enraizando em seu peito, quando seu telefone acendeu com um nome conhecido brilhando na tela, e as lágrimas voltarem a escorrer pelo seu rosto, junto com a ligação a qual ela não poderia atender.

— É melhor você sair, tente descansar um pouco. — Sugeriu notando o estado abalado em que ela se encontrava.

— O que faremos com o corpo dele? — Perguntou secando as lágrimas que insistiam em cair.

— Ele terá um enterro adequado. — Suspirou olhando para o corpo na cama se martirizando pelo que aconteceu ao menino.

— Temos que devolvê-lo, eles merecem a chance de se despedirem. — Ressaltou se levantando e caminhando até a saída parando apenas para dar uma última olhada no castanho antes de fechar a porta.

— Eu sei...

Voltando a sua forma lupina, se acomodou ao lado da cama com um olhar carregado de tristeza para o semblante sereno do castanho, sua pele alva estava muito mais pálida. Recostou sua cabeça peluda próxima a mãozinha fina que beirava a margem do colchão, ela estava tão fria!

Fechando os olhos escarlates relembrou os toques quentes e gentis que vinham acariciando o seu pêlo durante a madrugada.

Era quase como se conseguisse sentir a sua mão quente deslizando na sua cabeça e os seus dedos finos emaranhados aos seus pêlos, a nostalgia era tão grande que a sensação chegava a parecer real. O alfa nunca achou que sentiria tanta falta daquele humano sarcástico e verborrágico que conheceu a tão pouco tempo. Um  suspiro cansado escapou do seu focinho, com a sensação de que os dedos finos  deslizavam de trás das orelhas a sua nuca em um doce carinho.

Espera… Como assim, sentiu?

O lobo negro abriu os olhos apavorado encarando o garoto que continuava deitado na mesma posição, mas agora podia ver claramente o seu peito subindo e descendo calmamente.

Ele respirava, Stiles estava respirando, não era um sonho?!

Seus cílios longos balançaram e seus olhos âmbar foram abertos lentamente, o alfa observou enquanto aquelas piscinas de whisky o agraciaram novamente. Sentiu o seu peito pulando em alegria ao mesmo tempo que um calafrio intenso percorreu o seu corpo, afinal não é todo dia que se vê alguém voltar do mortos.

— Aaaaaaaaaaah. — Um grito agudo e desesperado ecoou pelo quarto e em seguida ele estava se encolhendo entre os travesseiros e cobertores tremendo como um filhote assustado.

O Alpha! Where stories live. Discover now