capítulo 5

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Jericho ouviu um ruído e ficou alerta. Passos no estacionamento do motel, muitos passos. Não eram Novas Espécies. Seu povo tinha os passos leves, bem leves. Cheirou o ar. Homens. Não eram muitos, calculou que deviam ser uns seis. Ele não tinha o super olfato dos caninos, mas o seu faro era bom, o melhor dos primatas, pelo menos e muito aquém dos humanos. E seus ouvidos eram excepcionais. Ele os ouvia engatilhar as armas, e até um deles resfolegar, pois eram muitos degraus. Eles subiam. Se estivessem atrás dele, não demorariam muito.
"Moça?" A sacudiu, ela dormia um sono pesado, devia estar muito cansada, eles fizeram sexo durante horas.
Ela ergueu a cabeça. Ainda estava vendada. Os passos indicaram que os homens já estavam no primeiro andar, eles estavam no quarto, não havia tempo.
Ela tirou a venda e ficou olhando para ele com a boca aberta. Mesmo com toda a pressa, ele ficou tentado a beijá-la. Quando ela inalou pelo nariz com força, como se fosse gritar, ele logo tapou a boca dela.
"Escute! Não tenho tempo. Estou ouvindo seis homens subindo as escadas. Estão armados. Você tem duas opções, fica aqui e reza para que eles não façam nada com você ou vem comigo, calada, você pode gritar depois."
Ele disse e soltou-a. Se ela gritasse a deixaria por conta própria. Ela rapidamente olhou em volta procurando suas roupas. Bom. Ela era prática. Ele vestiu apenas as calças. Ela vestiu um vestido mínimo.
"Eu vou te carregar, e nós vamos descer pelas janelas, fique quieta e não vai se machucar, ok?"
Ela balançou a cabeça concordando. Seu olhos castanhos claros não saíam do seu rosto. Jericho agradeceu por ainda estar um pouco escuro, assim ela não perceberia a cor dos olhos dele. Se visse seus olhos avermelhados, talvez preferisse os humanos.
Pegou-a o mais delicadamente que conseguiu e a colocou no ombro, ela era atlética, flexível e leve. Ele teve que parar de avaliar o corpo dela. Não seria fácil descer pelas janelas com ela no ombro e uma ereção entre as pernas. Respirou fundo se controlou, abriu a janela e viu que haviam grades. Ótimo, forçou o mais silenciosamente que conseguiu quebrou a grade da janela do quarto onde estavam, e pulou para a grade de baixo. Um andar já tinha ido, só faltavam três. Não foi difícil. O medo de machucá-la foi maior. Mas ele conseguiu. Ele desceu em linha reta soltando o corpo e se agarrando na grade de baixo. Rapidamente estava no estacionamento.
Desceu-a do ombro e ela perdeu as forças nas pernas, a segurou antes que caísse.
"Tudo bem?"
"Tirando o fato de que eu pensei que fôssemos despencar de lá de cima?" Ela sorriu, mas estava pálida.
"Larga ela, seu animal!"
Veio o grito a sua direita. Jericho olhou e deu cara com uma pistola apontada para seu peito. Ele deu um passo, encurtando a distância.
"Estou com ele na mira! Venham!" Ele gritou, mas deveria ter ficado esperando com o carro ligado. Todos os outros demorariam alguns minutos para voltar. Isso se tivessem escutado. Jericho olhou para as janelas. Era um motel de beira de estrada, estava vazio, ou a gritaria do cara não acordou ninguém. Deu mais um passo.
"Não se aproxime! Nem mais um passo!" O idiota não iria atirar. A arma não era de grosso calibre, Jericho aguentaria uns dois tiros. Então se lançou tão rápido que o cara nem viu o soco que deu nele. Caiu desacordado.
Jericho correu até o jipe em que tinha vindo, ela correu com ele. Não devia ter carro.
Eles entraram e ele arrancou, cantando pneus. Ele queria a maior distância possível dos caras. Já os ouvia arrancando os carros. Não estava com medo deles. Eram seis, tirando o que ele apagara. Ele acabaria fácil com eles, mesmo armados. Mas ele não estava sozinho, não arriscaria a vida dela.
Acelerou. O jipe era rápido e ele estava perto das terras da Reserva. Ainda longe do portão, mas teria que escalar o muro, só precisava colocar distância entre eles. Adentrou na mata por uma estrada lateral. Talvez os despistasse. O muro da Reserva apareceu ao lado da estrada. Ele parou. Ela desceu e ficou olhando pra ele.
"Venha, vou subir com você nas costas." Ela hesitou.
"Não tem nenhum portão por aqui?" Ela claramente não queria subir nas costas dele. Será que por saber que ele não era totalmente humano?
"Não. Mas você pode ficar aqui e andar de volta, eu não me importo." Falou e começou a estudar o muro.
"E o meu dinheiro? Eu fiz a minha parte no trato. Se não me pagar, eu vou aos jornais. Todos vão adorar saber que um Nova Espécie contratou uma prostituta e não pagou."
"Não fui eu que combinei com você. Dois amigos meus, me mandaram ir lá, eles me acham solitário." Ele queria subir, e ela estava parada olhando para ele. A única preocupação dela parecia ser o dinheiro. Mas ele não podia deixá-la lá. " Suba nas minhas costas. Lá dentro, nós resolveremos a questão do dinheiro." Disse e se abaixou de costas para ela.
Ela abraçou o pescoço dele e ele ficou de pé. Então ela circundou a cintura dele com as pernas e se agarrou a ele. Ela se excitou e o cheiro da excitação dela encheu as narinas dele. Mas não havia nada que pudesse fazer, então se forçou a escalar sentindo a umidade dela ensopando suas costas.
Não foi difícil subir, como primata, subir e descer de grandes alturas era como caminhar. Logo alcançou o topo do muro. Dava pra andar devido a espessura do muro, então, ele ia a descendo das costas quando um tiro o atingiu no ombro. Eles estavam próximos. Vinham correndo em direção ao muro e atirando. Ele logo passou para o outro lado, e mesmo com a dor queimando seu ombro, de forçou a descer devagar para que ela não caísse. Era uma área longe das instalações e até das moradias. Se esses caras tivessem equipamento de escalar eles estariam perdidos. Chegou ao chão pulando os últimos metros, não conseguiu lugar para se firmar. Caíram, mas ele virou o corpo para que caísse de frente e ela caísse em cima dele. Ainda conseguiu desenganchar os pés dela da cintura dele. Doeu quando ele bateu no chão com ela em cima. Ele ficou um pouco de bruços no chão pegando fôlego. O ombro doía e queimava como o inferno.
"Grandão? Fale alguma coisa, por favor!" Ela estava de joelhos tirando os cabelos da cara dele.
"Jericho."
"O que?"
"Meu nome."
Disse e deveria ter algo naquela bala, pois desmaiou.

JerichoWhere stories live. Discover now