capítulo 31

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Jericho se sentia estranho. Elisabeth estava apagada no colo dele dentro do carro, mas não era essa a causa do desconforto. Eles se dirigiam à Reserva. James todo orgulhoso por ter rackeado o sistema de segurança da Casa de repouso e possibitado que Vingeance e Jericho invadissem e capturassem o diretor, dirigia o carro. Jericho era quem deveria estar dirigindo, mas ele não pôde deixar ninguém tocar em Elisabeth.
Ela tinha surtado. Fora uma tensão muito grande e quando começou a chorar ela não parou. Uma das enfermeiras, que inclusive ajudou a acalmar os idosos, e se voluntariou a tomar conta da Casa de Repouso, até que a polícia chegasse, aplicou nela um calmante.
Agora Jericho estava ali, com ela nos braços, num carro dirigido por um menino de quase dez anos. James sempre fazia questão de apontar isso.
O avô dela falava sem parar. Jericho já sabia como tinha sido o nascimento dela, qual o primeiro livro que ela tinha lido, e como o avô tinha assustado até a morte o primeiro namorado dela. James adorou essa história.
Ela não iria para Fuller. Não depois de tudo o que eles poderiam descobrir com o diretor. Ela fez tudo movida por chantagem. Talvez houvesse alguma punição, mas duvidava que Sophia não fosse se intrometer. E se Sophia se intrometesse, Brass e seu punho demolidor( os dentes dele que o digam ), também estariam envolvidos.
Passaram pelo portão e ele a carregou para o apartamento dela. O avô o acompanhou em silêncio. Chegando, o velhinho disse que estava com sono e Jericho sugeriu que ele dormisse no sofá da sala. Ele dormiu instantâneamente.
Ele ficaria até ela acordar, afinal vingeance vinha atrás deles no carro do diretor, com o próprio diretor desmaiado no porta malas.
Elisabeth atirou na coxa, e quebrou o nariz dele com uma cabeçada. Isso não chegava nem perto do que aconteceria com ele se se recusasse a responder as perguntas de Vingeance.
Sempre que pensava no macho a ameaçando, a vontade de socar a cara dele até que ele ficasse irreconhecível batia forte, mas ele queria se certificar de que ela estivesse bem.
Deitou-a na cama e ficou olhando o rosto dela.  Ela era tão bonita! Ele sentia um calor no peito sempre que ela sorria. Fora a ereção que acompanhava cada pensamento sobre ela. Agora, que não havia nada escondido entre eles, pelo menos que ele soubesse, como eles ficariam?
A solução seria ele se afastar. Mas ele poderia fazer isso?
O som dos pensamentos dele foi cortado pela campainha do interfone.
"Jericho." O que ele diria? Apartamento de Elisabeth?
"Jericho! Como Elisabeth está? Ela já acordou?" Sophia, é claro. Ela falava bem baixinho, fruto das garras de Kit, e para Jericho, com seus ouvidos super apurados, era um bálsamo. Ele poderia ouví-la falar por horas. Mas ela era tão calada quanto Tammy era tagarela. Ele sentiu outra onda de euforia, ao imaginar outros machos pensando nas características da fêmea dele. Meu Deus será que estava mesmo acontecendo? Eles ficariam juntos?
"Jericho? Tudo bem?" Ele a estava preocupando agora. Seus dentes não queriam nada com o punho de Brass. Se forçou a prestar atenção.
"Sim, Sophia, está tudo bem. Elisabeth ainda dorme, mas ela está bem."
"Você poderia pedir para ela me ligar, quando acordar?"
"Claro. Assim que ela acordar, eu darei seu recado."
"Obrigada, Jericho. Espero que vocês venham jantar aqui em casa primeiro."
Jericho sorriu. Os habitantes da Reserva eram diferentes em muitas coisas dos de Homeland. Em Homeland eles eram mais afastados, mesmo sendo todos amigos.
Já a Reserva, eles eram como uma grande e pegajosa família. E eram muito competitivos. Se Jericho e Elisabeth virassem um casal, seriam chamados para jantar em todas as casas. Até nas de Harley, Torment e Leo, mesmo eles sendo solteiros. Estavam sempre um na casa do outro. Inclusive não avisavam. Os trigêmeos de Valiant, por exemplo, ficavam dias na casa de Brass, devido a amizade que tinham com Sarah. E agora com a gravidez de Sophia, Sara estava hospedada na casa de Valiant.
Ele, como primata, era bem amistoso, mas a solidão o tinha afastado do convívio com os outros. Só não se afastava de Ascencyon e Smile, porque eles sempre o procuravam. Eles o consideravam como irmão.
Ela abriu os olhos e pareceu desnorteada. Até porque quando desmaiou estava na Casa de Repouso. Mas o viu e sorriu. Depois como se se recordasse do que tinha acontecido, parou de sorrir e baixou os olhos.
"Onde está o meu avô?"
"Na sala, no sofá. Quando entramos, ele disse estar com sono, eu sugeri o sofá e ele está dormindo desde então.
Ela fez movimento de se levantar e ficou tonta, então ele a ajudou. Tocar nela despertou nele uma onda de ternura, e ele pensou que ficaria louco. Quantas sensações uma mulher poderia causar num idiota apaixonado? Muitas aparentemente.
Ela se firmou e andou até a sala. Tocou a face enrugada com carinho e o velho abriu os olhos. O sorriso dela foi incrível! Mas logo seu olhos marejaram, e uma lágrima desceu pela bochecha dela.
"Querida! Não chore! Sua mãe ficará boa! Eu venderei até meu último centavo, mas ela não deixará a gente!"
Parecia que se ela estava triste, seu avô voltava aos dias de angústia pela doença da mãe dela.
"Sim, vovô. Vai ficar tudo bem."
"Esta é a sua nova casa? Eu não gostei do seu namorado. Muito alto. E eu prefiro ficar na Casa de Repouso, sabe. A enfermeira Mary sabe de todas as comidas que eu gosto."
"Vovô, calma, você não gostaria de passarmos um tempo juntos?"
A expressão dele mudou de repente.
"Certo. Me perdoe, querida. Eu fico com você, é claro. Mas não quero atrapalhar. Você tem aula amanhã, não tem?"
Jericho pensou que seria muito trabalhoso cuidar dele, já que a mente dele estava tão confusa. Deve ter deixado transparecer esse pensamento, pois ela falou:
"Ele está bem melhor, Jericho. Antes de ir para essa Casa de Repouso, ele não se lembrava de ninguém, nem de mim. Ele gritava e ficava agressivo."
Será que a condição para fazer o que o diretor pedisse era curar a mente do avô dela? Ela não tinha dito muito, só que o diretor a chantageou usando o avô.
"O diretor disse que tinha implantado um chip, ou sei lá o quê, na cabeça dele. E provocou um derrame nele na minha frente. Ele se vomitou e urinou todo de dor. Eu aceitei na hora! Não podia causar mais dor nele. Eu não podia!" Ela gritou e mais lágrimas rolaram pelas faces dela.
"Seu imbecil, está fazendo minha Lizzy chorar. Se eu tivesse minha espingarda aqui, ia fazer um rombo nessa sua cara esquisita."
"Eu acho melhor ir embora. Eu volto amanhã. Se quiser alguma coisa, peça pelo interfone."
Ela o olhou com desamparo. O coração dele se partiu em vários pedacinhos.
"Fique, por favor. Eu vou me acalmar. Eu quero passar todo tempo que eu puder com você. Por favor, Jericho, fique!"
Ela ainda imaginava que ia para Fuller. Isso o lembrou que Justice já deveria ter chegado. E Valiant também iria querer explicações, afinal levaram o filho de menos de dez anos dele, para invadir uma propriedade privada. E Vingeance não faria nenhum relatório, claro. Slade, com certeza, tiraria o dele fora. Então, ele tinha que ir.
"Elisabeth, eu vou ao complexo, mas vou voltar. Preciso relatar tudo o que aconteceu no complexo para Justice, tentar impedir Vingeance de matar o diretor e talvez levar um soco de Valiant." Ela sorriu. O sorriso que fazia as calças dele ficarem apertadas." Mas eu volto, por favor, me espere. Precisamos conversar."
Ela baixou a cabeça e acenou que sim.
"Não se preocupe. Você não irá para Fuller. Se você for terão que me colocar lá com você, na mesma cela."
Ela aumentou o sorriso e ele a beijou. Intensamente. Foi um beijo que mostrou todo o amor que ele sentia. Ela correspondeu e o beijo foi aprofundando e quando deu por si tinha pressionado ela na parede.
"Lizzy, quer dizer pra esse sujeito que eu exijo respeito com a minha neta? Ou vou dar um tiro nisso que ele tem no meio das pernas!"
Como o que ele tinha no meio das pernas estava enorme, ele colou a testa na dela, respirando fundo até poder deixá-la.
Ela riu. E o avô também, mas Jericho duvidava que ele soubesse do que estava rindo. Isso fez Jericho rir também. E eles riram muito até que o velho fechou a cara para ele. Outra onda de risos então.
O telefone dele tocou. Era Slade.
Ele atendeu ainda rindo e Slade não gostou muito.
"Pareço engraçado pra você? Que tal rir na minha cara, Jericho? Juro que seus dentes não vão ficar só bambos."
"Eu não estava rindo de você, seu idiota. O que você quer?"
"Justice chegou. Se quiser salvar a bunda da sua traidora, é melhor vir, e rápido."
Jericho guinchou no telefone tão alto que o avô de Elisabeth tapou os ouvidos com as mãos.
"Não fale assim dela, Slade. Nunca mais! Ou eu juro que arranco cada dente seu com as garras, ouviu? Diga a Justice que estou indo."
Ela o olhava com medo, até o velho estava com os olhos arregalados. Mas Novas Espécies eram assim. Violentos. Ela teria que se acostumar.
Deu um beijo leve nos lábios dela e saiu pulando pela janela da sala. Ele odiava degraus!













JerichoWhere stories live. Discover now