Fotos, velhos amigos e passado

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Desci as escadas rapidamente, me dirigindo à sala de visitas, onde meu pai e Luke tiravam os casacos e sapatos. Ambos tinham vários livros nas mãos, que eu imaginei serem álbuns de fotografia e anuários. 

- Oi, querida! - meu pai cumprimentou, animado - Foi tudo bem na vinda pra cá? 

- Sim - falei, me dispondo a ajudar a carregar os álbuns. Cada um tinha um tamanho diferente, alguns não tinham estampa nenhuma, outros eram iguaizinhos aos anuários que tínhamos encontrado na escola, que aliás, estavam no quarto de Lucas. 

- Sala de visitas ou de estar? - perguntei à papai. 

- Pode ser a de estar - ele disse - Nem considero Luke uma visita. 

- Espero que queira dizer que sou da família, Carter - o homem disse, atrás dele - E não que não sou digno o suficiente de ser chamado visita. 

Ele disse num tom bem humorado, que meu pai tinha também. 

- Ora essa - papai começou - Família... não temos um animal de estimação, se é isso que quer dizer. 

Luke cerrou os olhos para meu pai, que tinha uma sobrancelha arqueada. O sarcasmo escorria da boca de ambos, que pareciam dois adolescentes brincalhões. 

Revirei os olhos. 

- Vamos logo, vocês dois - apressei, me virando e caminhando pra sala de estar - Os sanduíches já estão esfriando! 

- Sim, senhora - Luke disse, batendo continência e me fazendo revirar os olhos de novo e rir. 

Coloquei os álbuns em minhas mãos na mesinha de centro, e me sentei no sofá. 

Quando Bruno se aproximou, perguntei onde estava Benjamin. 

- Ele queria assistir desenhos, mas disse à ele que usasse meu celular, porque estaríamos aqui - respondeu - Vou pegar pratos e copos. Me ajude a pegar os sanduíches e o refrigerante. 

Fiz o que ele tinha pedido, e quando voltamos, os dois homens estavam sentados no sofá, apenas com meias, calça e camiseta. 

- Sim, ela é durona - entreouvi meu pai dizer. 

- Quem é durona? - perguntei, colocando os pacotes em cima da mesinha e lançando um olhar desconfiado para os dois. 

- Você, é claro - Luke disse, fazendo com que eu colocasse as mãos na cintura e olhasse feio pra eles - Não faça essa cara, é uma coisa boa. Alguém tem que manter a ordem nessa casa. 

Me sentei outra vez, ao lado de Lucas, que tinha descido e ficado entre mim e Bruno. Ele estava com cheiro de sabonete, e fez uma careta quando cheirei seu cabelo. 

- Tá doida, menina? - ele perguntou, em português. 

Em resposta, envolvi o pescoço dele num abraço de lado, e mordi sua bochecha, fazendo com que ele ficasse mais emburrado. 

- Grudenta - murmurou. 

- Sou mesmo - respondi - E tenho todo o direito. E serei pra sempre. 

Ele revirou os olhos e limpou o lugar onde eu mordera. 

Os sofás estavam dispostos num L. O primeiro, em relação à porta, onde meu pai e Luke estavam sentados, estava paralelo à parede. E o outro, onde nós três estávamos, paralelo à tv, que estava na nossa frente. Bruno estava do lado esquerdo, ficando mais perto dos outros dois homens, em seguida Lucas, depois eu.

- Já podemos pegar os álbuns? - meu irmão mais novo perguntou. 

- Claro que sim - Luke disse - Você se parece muito com Robert, não é, Lucas? Consigo ver o jovem Carter no seu rosto.

Clichês, amor e Girl PowerOnde histórias criam vida. Descubra agora