Madeleine, contas e jovens garotas

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Quando as pernas de Brooke falharam e eu tive medo que ela caísse no chão, me aproximei e sustentei suas costas. 

A primeira vez que vi a mulher, na creche, tinha pensado que ela era confiante e tinha um rosto firme mas gentil. Tudo o que eu conseguia enxergar naquele momento era o olhar assombrado que ela carregava, e a postura confiante tinha sido substituída por pavor. 

Eu não sabia que ela reagiria assim, e nem imaginava o porquê de ela parecer tão desesperada. O que poderia ter acontecido pra ela ficar assim? 

- Brooke, acho que devia se sentar - falei, depois olhei pro meu irmão - Lucas, me ajude, por favor. 

Meu irmão veio ao meu pedido, e passou o outro braço dela pelo pescoço, sem notar - ou fingir que não notava - a forma como ela o olhava. Como se ele fosse um fantasma. 

Imaginei que ela não via meu irmão ali, mas meu pai. Amor pode tornar as pessoas miseráveis, pensei. 

Estávamos caminhando em direção de um banco, quando Brooke disse que conseguia andar sozinha, e agradeceu nossa ajuda. Foi naquele momento que a multidão de gente no parque começou a se dissipar, e Alicia nso avistou. 

- Mãe! - ela disse, com o olhar preocupado outra vez e Lily em sua mão - O que houve com você? 

- Estou bem, Lice - a mulher respondeu, forçando um sorriso pouco convincente. 

Lucas encontrou meu olhar, e arqueou as sobrancelhas rapidamente, como se pensasse o mesmo que eu. Muito bem, com certeza

Ela se sentou num banco, e Alicia se agachou pra ficar no nível de seu rosto. 

- Como "bem", mãe? - ela repetiu - Parece que viu um fantasma.

- Na verdade, foi mais ou menos isso - ela sussurrou.

Brooke levantou os olhos pra nós, fazendo com que Alicia fizesse o mesmo. 

- Alicia - disse, voltando a olhar para a filha - Se lembra de eu te contar uma vez sobre um ex namorado do ensino médio, Robert? 

A garota assentiu. 

- Sim, disse que tinha sido seu primeiro amor - comentou. 

- Então, querida - começou a mãe - Manuela e Lucas são filhos dele. 

Eu não pude ver a expressão de Alicia por ela estar de costas pra nós dois, mas imaginei qual seria quando ela arquejou. 

- A amiga de Will é filha do desgraçado que largou você sozinha? - ela disse, com a voz elevada. 

Franzi as sobrancelhas. 

- Ele não é um desgraçado - falei, fazendo com que ambas olhassem pra mim - É meu pai. 

- E não largou sua mãe aqui - Lucas disse, junto comigo - Vocês apenas não sabem da história toda. 

- Alicia, eu nunca disse que ele era um desgraçado - falou, depois se voltou para nós - Me desculpem, eu sei que... eu sei que Robert não teria feito o que fez sem uma razão. 

- Está certa - falei - Ele foi embora por causa dos pais. Mas isso não importa muito agora. 

- Nós estávamos procurando por vocês - Lucas disse - Will e Olivia estavam nos ajudando nisso, nunca imaginamos que eles poderiam ter algo a ver. 

Alicia se sentou ao lado da mãe, com Lily no colo, e olhou pra nós dois. Sua mãe tinha uma expressão confusa no rosto. 

- Nos procurando? Por que fariam isso? 

Clichês, amor e Girl PowerOnde histórias criam vida. Descubra agora