Vampiros, luzes e segredos

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O quarto de Will era todo pintado de um vermelho escuro, o que me lembrou Theodore Finch, de Por lugares incríveis*. O que me deu um arrepio. 

A cama era de casal, e os lençóis, fronhas e colchas eram todas pretas. Haviam dois guarda roupas, uma escrivaninha cheia de papéis e um criado mudo, todos pretos também. 

Tinha só uma janela, que ficava na parede onde a cama estava encostada, e estava coberta por uma cortina, adivinha? Preta. 

- Você é um vampiro? - perguntei, cruzando os braços. 

Ele riu. 

- Engraçadinha - disse, tirando o violão de cima da cama, tirando o sapato e sentando na mesma - Apague as luzes e venha aqui logo. 

Pisquei, paralisando por um segundo. 

Ele revirou os olhos. 

- Garota boba - disse, se levantando outra vez e fazendo o que me mandou fazer. 

Will apagou a luz do quarto, e pouca luz entrava pela cortina. 

- Por que fez isso? - perguntei, às cegas. 

- Porque - ele sussurrou perto da minha orelha - Você quer ver os dois lá fora, certo? 

Relaxei o corpo. 

- Ah tá - falei, rindo um pouquinho.

- A não ser, é claro, que queira fazer outra coisa, Manuzinha - sussurrou de novo, me causando um arrepio. 

- Bad boy bobinho - falei, me virando de frente pra onde eu sentira que ele estava. 

Segurei seu queixo com a mão direita e aproximei a boca de sua orelha. 

- Não pode me intimidar - sussurrei, causando um arrepio nele - Eu não sou a mocinha dessa história. 

Ri quando ele não disse nada, e o soltei, tateando o caminho para a cama. Eu daria muita coisa pra ver sua cara naquele momento.

- Claro que quero ver - falei, me ajoelhando na cama e indo até a janela. 

- Você é malvada - ele disse, ao meu lado, já - Preciso me lembrar disso. 

Abrimos a cortina um pouquinho, vendo os dois lá embaixo. 

- Você acha que... - comecei, mas ele me interrompeu. 

- Não - disse - Eu sei do que está falando, e não, não acho. 

Assenti. 

- Ou pelo menos é o que espero - murmurou, me deixando nervosa de novo - Seria estranho. 

Concordei. Realmente seria, considerando a tensão sexual que eu sentia entre nós. E que eu tinha quase certeza de não imaginar. Mas eu não diria nada disso em voz alta. 

Observamos os dois caminharem na direção oposta, onde eu tinha visto o jardim. 

- Droga - Will sussurrou ao meu lado - Não vamos conseguir vê-los daqui. Ela com certeza pensou nisso. 

Meus ombros caíram. 

- Não sei se me sinto decepcionada ou aliviada por não ter esse peso nas costas - confessei. 

Ele soltou uma risada anasalada. 

- Tem visto James pelos corredores da escola? - ele perguntou. 

- Quem é James? - perguntei, ainda olhando pra fora, mas totalmente consciente dos olhos dele em mim. 

- O cara que queria bater no seu irmão segunda feira - falou, como se fosse óbvio. 

Clichês, amor e Girl PowerDonde viven las historias. Descúbrelo ahora