Lost Boy ** CASHTON

18 C A L U M

Eu tenho a impressão que destruí uma amizade que mal havia começado, e eu me sinto um completo idiota por isso.

Ashton foi embora sem ao menos avisar naquela noite, primeiro eu chorei feito uma criança, então liguei pra Mali e contei o que havia acontecido e ela chorou comigo, depois eu tentei ligar pra Ashton por horas seguidas e ele não me atendia, eu tenho tentado mandar mensagens todos os dias mas elas ao menos chegam pra ele, então desconfio que ele tenha bloqueado o meu número. Hoje já é quinta feira e ele ainda não apareceu na cafeteria, eu sinto que meu coração está quebrado mais uma vez, mas dessa vez está sendo muito mais doloroso, porque magoei um amigo que a única coisa que fez foi me ajudar, foi diretamente culpa minha.

Eu não sei o que deu em mim naquela noite, eu me senti sentimental, tudo bem que eu sempre me sinto assim, porém com o efeito do álcool me sinto muito mais sentimental, estávamos abraçados, então por alguns segundos achei que seria uma ótima demonstração de afeto, mas olhando agora, como um homem adulto sóbrio foi ridículo, eu sequer gosto de homens, eu brinquei com os sentimentos dele e com os meus e isso não é certo.

Eu pensei em todas as formas possíveis pra conseguir encontrar ele pra poder me desculpar, mas não sei onde ele mora, então o encontrei nas redes sociais, e descobri que ele trabalha em um prédio a poucas quadras daqui, eu sei que isso pode parecer meio doentio, coisa de stalker, mas eu me sinto terrível e sinto falta dele, me desculpar é o certo a se fazer.

Perto das cinco da tarde inventei que precisava ir em uma consulta médica, e então meu chefe me dispensou sem sequer questionar, não sou o tipo de funcionário que falta ou sequer se atrasa, então ele não tinha motivos para questionar ou negar, andei até o prédio, o que me deu quase meia hora de caminhada, não foi difícil achar seu carro no estacionamento ao lado do prédio, sentei ao lado do mesmo no meio fio e notei o quão decadente aquilo parecia.

Quando comecei a me questionar se deveria realmente fazer aquilo, porque não havia pensado na possibilidade dele talvez não sentir minha falta como eu sinto dele, eu o vi parado na minha frente, as mãos enfiadas no bolso da calça social, ele estava sério e parecia triste.

- Eu sinto muito.

- Eu sei que sente.

- Eu sinto sua falta. - Fui sincero, é o melhor que tenho a fazer. - Você tem sido a melhor pessoa que já tive o prazer de conhecer nos últimos dias, um verdadeiro amigo, eu não sei porque fiz aquilo, minha cabeça de bebado assimilou afeto da forma errada, eu sequer gosto de homens, eu sinto muito mesmo se invadi seu espaço ou te magoei de alguma forma.

- Desculpado.

- Sério?

- Sim.

- Não está com raiva de mim? - Perguntei me levantando, ele ainda parecia terrivelmente triste e isso faz meu coração doer.

- Nunca estive com raiva de você.

- Então por que não atende minhas ligações? Não recebe minhas mensagens? Não vai até a cafeteria?

- Porque por mais incrível que você seja acho que foi um erro essa aproximação. Eu realmente gostei de passar o dia com você e sua família, Mali é incrível, mas eu tenho trabalhado muito, e somos muito diferentes, tenho me sentido cansado.

- Me desculpa se exijo muito de você, eu...

- Você não me exige nada, foram decisões minhas. - Ele abriu a porta do carro e estava prestes a entrar no mesmo e me deixar. Nessa altura do campeonato já sei que estou aos prantos, eu sinto meu corpo se despedaçando pedacinho por pedacinho.

- Ash...

- Nos vemos por aí Cal.

E então ele entrou no carro e foi embora.

Ele simplesmente foi embora e me deixou sozinho chorando no meio daquele estacionamento.