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Ashton entrou de cabeça baixa e sentou em seu lugar de costume, ele deitou a cabeça na mesa e parecia exausto, eu sinto muito por ele. Preparei seu pedido de sempre, com o acréscimo de uma fatia de bolo de chocolate, é meu preferido e talvez ele também goste.

- Se sente melhor? - perguntei deixando o prato em sua frente, quando me olhou tinha as bochechas coradas e é engraçado o ver assim, já que é uma imagem muito destoada da que eu criei dele a primeira vista.

- Ainda cansado, mas consegui dormir, obrigado por essa noite.

- Não precisa agradecer, pode me ligar sempre que quiser. - sentei na cadeira em sua frente aproveitando que o movimento está fraco. - Quer ir lá em casa? Acho que precisa sair um pouco ou vai enlouquecer, eu posso pedir uma pizza pra gente, podemos assistir alguma coisa.

- Não tem medo de levar um estranho pra sua casa? - Ashton fingia um olhar maldoso e eu tive que rir. Ele claramente é incapaz de fazer mal até pra uma formiga.

- Não é um estranho, é meu amigo, e eu tenho um bom sexto sentido, se fosse uma pessoa ruim eu saberia.

- Obrigado pelo convite, mas tenho que trabalhar amanhã cedo.

- Eu tenho um quarto de hóspedes e uma camisa social que usei a dois anos atrás no casamento de um primo. - eu me sinto patético insistindo nisso, eu nem sei por que o convidei.

- Não quero atrapalhar.

- Ashton se eu estou te convidando é porque não vai atrapalhar. - eu tenho um ponto e ele sabe disso. - Só aceite, posso até ligar pra minha irmã e você ver sobre o que eu falo quando digo que tem uma voz de anjo, o talento da família.

- Acho uma boa ideia. - Ele sorriu, voltando a deitar a cabeça na mesa. - Mas você também tem talento.

- Você está dizendo isso pra ser legal. - acusei, agora eu quem estou envergonhado.

- E qual seria o intuito de mentir sobre isso?

- Não sei, vai saber o que se passa pela sua cabeça.

- Bom, então mais tarde você liga pra sua irmã e eu vejo se ela concorda comigo. - ok, talvez não seja um boa ideia ligar pra minha irmã, não quero ser o assunto principal entre os dois.

- Vou voltar pro trabalho, se quiser me esperar e então vamos juntos, eu saio em meia hora.

- Eu espero.

Ele realmente esperou, não deixei que pagasse pelo café. Ele ligou o som do carro durante o curto caminho até minha casa enquanto eu lhe indicava o caminho.

- Bem vindo a minha belíssima e minúscula casa. - disse abrindo a porta assim que chegamos, não é uma casa ruim, eu ainda estou pagando por ela, mas é a minha casa, pequena sim, mas pra que eu precisaria de uma casa grande? Sou só eu. - Fique a vontade, se quiser tomar um banho enquanto eu peço a pizza...

- Se não for incomodo.

- Se insinuar que está incomodando mais uma vez eu juro que te dou um soco. - disse indo até meu quarto, com Ashton logo atrás. - Que roupa quer emprestado?

- Qualquer coisa confortável está bom. - lhe dei uma calça de moletom e deixei que escolhesse a camiseta.

- Pode usar meu banheiro mesmo, vou estar lá na sala.

O deixei sozinho no quarto, no caminho até a sala disquei o número da pizzaria, pedi duas pizzas por garantia, eu estou faminto e não sei o tamanho da fome de Ashton, tirei meu sapatos e me estiquei no sofá.

Ashton é um cara engraçado, em um primeiro momento pensei que ele era um empresário rico, talvez alguém com alguns segredos, ele parece ter um ar meio misterioso, mas ele é como eu, literalmente, alguém confuso, sozinho e com alguns trocados guardados no banco, e isso é reconfortante.

- Como estou vestido de Calum? - Ashton perguntou entrando na sala, é realmente estranho o ver assim, usando algo que não seja roupa social e sem seu cabelo estar penteado para trás, eu mal tinha reparado que é cacheado.

- A minha cara. Seu cabelo fica bom assim. - disse afastando as pernas pra que ele sentasse no sofá, assim que sentou coloquei as pernas em seu colo. - Pedi duas pizzas, não sei o tamanho da sua fome.

- Enorme, não almocei hoje, aquele bolo não matou nem dez por cento da minha fome.

- O que quer fazer agora?

- Nada, só pra variar um pouco, quero te ouvir tagarelar e isso já esta de bom tamanho.

- Isso eu posso fazer por você, sou ótimo em falar sem parar. - E mais uma vez lá estava eu lhe contando sobre minha vida, dessa vez lhe contei sobre como foi difícil sair de casa, minha família é muito unida e foi muito doloroso pra todos nós, mas eu junto dinheiro desde que tive meu primeiro salário aos 14 anos, só pra ter um lugar só meu, ele ouvia tudo atentamente e com um pequeno sorriso no rosto, é bom contar as coisas pra ele, não sinto que estou importunando e ele parece realmente prestar atenção nas bobagens que eu digo.

- E sua irmã?

- Parece muito interessado na minha irmã. - o encarei com um sorriso malicioso e vi suas bochechas corarem.

- Para com isso Cal, vocês só parecem ter uma relação muito bonita... - ele foi interrompido antes que eu pudesse dizer que só estava brincando com ele. - Deve ser a pizza, ou me deixa pagar ou eu vou embora. - ele disse tirando a carteira do bolso e a esticando na minha direção.

- Você é um chantagista ridiculo. - reclamei levantando e pegando sua carteira. Minha barriga roncou assim que o entregador me deu as duas caixas, eu estou morrendo de fome e espero explodir de tanto comer essa noite.

- É o justo, já que eu nem me lembro quando foi a ultima vez que me deixou pagar por algo na cafeteria. - Ele argumentou quando lhe devolvi sua carteira.

- As vezes você parece triste e comida sempre alegra as pessoas. - argumentei de volta indo até a cozinha buscar cerveja e pratos.

- Você na realidade usa isso de desculpa, só ta tentando me engordar.

- Talvez, ta magrelo demais, agora quietinho e come. - disse abrindo uma das caixas e colocando a fatia maior em seu prato.


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Olha só que gracinha eles são, eu fico muito 🥺🥰

Lost Boy ** CASHTONWhere stories live. Discover now