CINQUENTA E SEIS: O RETORNO DO REI

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SABRINA

Mais um raio de sol invade por entre as frestas da cortina branca que cobre o vidro da janela e repousa sobre sua pele. No braço novamente.

O simples toque acalorado a faz acordar, sentir a cabeça latejar e os olhos demorarem a tirar o desfoque que vem após abri-los. A festa para Angelina foi até tarde, e mais tarde ainda ficou sobre aquela mesa ao fundo do quarto, debruçada sobre livros e histórias, diários e contos.

Agora ela sabe que até seres divinos pode ter uma espécie de ressaca, mas não é nada que não dure mais do que três segundos.

Saliva escorre pelo canto de seus lábios e seus cabelos se embaraçam debaixo da cabeça repousada em uma das pilhas de livros. Sabrina então ergue a cabeça e olha rumo a porta, sentindo uma agradável corrente de vento, e vendo que a mesma está aberta.

— Qual é — cumprimenta Ana Júlia. A garoa está deitada sobre a cama de Lucas, folheando algum livro de capa verde e grossa. Com páginas velhas e amareladas. — Me disseram que você tem dormido bastante no quarto do Lucas desde que ele ficou em coma.

— Eu durmo pouco — responde a loira, se ajeitando na cadeira e esfregando os olhos sonolentos. — Mais leio do que durmo. Desde quando está aqui?

— Uns vinte minutos. Você é bem silenciosa enquanto dorme, já eu ronco feito uma porca.

Júlia dá uma leve risada de si mesma, ainda de olhos fixos nas páginas.

— Quem te ver dormindo pensa que é um anjo.

— Obrigada, eu acho. — A loira se levanta usando apenas o robe de seda.

Ela sente um revoltar possesso no estômago e corre da cadeira frente a escrivaninha para o banheiro ao lado, sentindo a ânsia de vômito subir-lhe a garganta. Ela dá um salto e cai de joelhos frente ao vaso, posicionando a boca aberta e despejando todo o mal que a contamina com um guinchar esganiçado.

Júlia a segue, ficando na porta e apenas a observando. Sabrina terminar de vomitar e levanta a cabeça, sentindo seu corpo mais fraco.

— Não sabia que anjos vomitavam.

— Nem eu. — Ela retruca, passando a manga do robe de seda sobre a boca, mas se livrando dele em seguida, deixando-o no chão e dando descarga. Ela se ergue, já nua, sem se importar com os olhos curiosos de Júlia e caminha rumo ao chuveiro.

— O que deseja? — indaga a loira.

— Meu Deus, você se tornou mesmo a versão feminina do Lucas — diz Júlia. — Mas acho que era o que queria.

— Está errada. — Sabrina se movimenta debaixo da água que começa a despencar sobre seu corpo. Sentindo a escaldante ela sorri pelo vigor quase automático que repõe suas forças. — O Lucas é a versão masculina que eu sempre fui. O problema é que como uma humana com um passado de merda, eu era limitada. Agora eu posso fazer o que quiser.

Caídos (duologia Trono de Fogo)Onde histórias criam vida. Descubra agora