CINCO: COMO UM ANJO

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Angelina caminhou de volta rumo a seu quarto depois dos longos preparativos para o jantar dessa noite. Mas no quesito culinário ela resguardava total confiabilidade em suas habilidades. Era quase tão boa quanto era nos estudos. Quase.

Rafaela — a amiga de Lucas — a ajudou com todos os afazeres. A garota era tão bondosa quanto sarcástica aos assuntos religiosos, ateia até onde se podia ver. Angelina só estava aqui há um dia — menos que isso, na verdade — e não via tanto de uma escola católica nesse lugar.

Talvez o reitor simplesmente não se importe, uma vez que no quesito educação, ela ainda está no topo da cadeia alimentar colegial.

O sol já estava se pondo enquanto Anja passava pelos calçadões de mármore da escola, que agora estavam alaranjados pela luz do pôr-do-sol, além de bem menos brancos que de manhã. Ela virou em uma das divisórias rumo a um dos túneis em arco e se deparou de frente com Dayan que vinha com um garoto alto, de pele escura e olhos ferozes.

— Angelina! — disse Dayan surpreso com a garota ter surgido quase que do nada. — Temos que parar de nos encontrar assim.

— Acho que sim — assentiu ela com um sorriso leve. Mesmo cansada, Dayan sempre relaxa seus músculos com seu tom leve e adocicado.

— Ah, esse é o Gabriel, um amigo meu.

— Prazer — o garoto que deveria beirar os 1,90 estendeu a gigante mão e apertou de leve os dedos de Angelina. Ela devolveu o cumprimentar. — Eu vou indo nessa, Dayan, preciso resolver umas paradas. — Disse o garoto com foz grossa, mas ainda assim, dócil.

— Beleza, agente se vê.

Dayan a acompanhou em uma breve caminhada silenciosa após a dispensa de Gabriel. Ela não sabia exatamente por quê simplesmente saíram caminhado juntos, uma vez que ele estava indo em direção diferente, mas gostava de sua presença.

— Você está bem pensativa. O primeiro dia foi tão horrível assim?

— Não diria horrível, mas foi bem... estressante. E parece que nunca vai ter fim — falou ela ainda pensando em quantas coisas aconteceram desde que colocou os pés para dentro das mediações do colégio.

— Eu entendo bem esse sentimento. — Ele fez uma pequena pausa, mas Angelina viu que queria perguntar algo. Então falou. — Soube que se alistou para a cozinha.

— Ah... É, eu fui persuadida. — Não era de todo mentira, ela foi, por si mesma e sua curiosidade a respeito de Lucas, mas já se arrependera. Se recordou da forma que ele agiu estranho na cozinha, fugindo de lá e não o viu mais o resto do dia. Mas não cairia nesse golpe tão antigo quanto andar para frente. Agir misteriosamente para atrair sua atenção funcionou uma vez — ela admite —, mas nunca funcionaria uma segunda. Já havia se cansado da forma enigmática de Lucas.

Caídos (duologia Trono de Fogo)Where stories live. Discover now