TRINTA E CINCO: INIMIGO DO MEU INIMIGO

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MIGUEL

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MIGUEL

Miguel deslizou o dedo sobre a barra de comando ao canto da tela do tablet que segura, e baixou a música até o fim. Retirando um dos incômodos de Dayan, depois desligou as luzes e ativou o meio de comunicação.

— O que está fazendo? — indagou Dayan com piscadas lentas e cansadas. Passar toda a existência como uma criatura celestial, e agora ter cada um de seus poderes cancelados a quase nada, está acabando com a aparência altiva que seu irmão um dia teve.

Daniel está acabado. Visível esgotamento em seus olhos profundos já com olheiras, pois a música não o permite dormir, tal como as luzes. E parte do cansaço acumulado de seu corpo humano deve chegar em ondas dolorosas, para aquele que nunca deve ter sentido o afligir de um corpo meramente humano.

— Quero conversar com você, Dan. — Miguel se aproxima, trazendo uma cadeira consigo e a deixando frente a tela de vidro.

— Eu sabia... você ainda não deixou de servir o trono... — disse Dayan entre uma tosse e outra. — Precisa conseguir um jeito de me tirar daqui.

— Está enganado, meu irmão. — Miguel cruza as pernas com um singelo, ainda que caridoso sorriso para com o antigo companheiro. — Eu não sirvo mais ao trono.

— Se tornou mesmo um cãozinho do Lúcifer?

— Jamais. Mas se sou um aliado, de fato... Eu fui usado pela Lilith, e claro, a usei também. Desejei o topo como ela. Como você.

— Eu não desejei o topo...

— Não, claro que não. Você nunca sonhou tão alto quanto eu. — Miguel recordou dos tempos celestes. — Você sempre suportou ser inferior. O segundo lugar, é o melhor que consegue sonhar. Foi por isso que se uniu a Asmodeus?

— Entendi... Está aqui para me interrogar...

— Como eu disse, só quero conversar. Quero saber qual a razão de achar que Asmodeus tem qualquer chance de vencer essa guerra. Pode me dizer?

— Sério? É o melhor que pode fazer?

— Não tenho desejo de feri-lo, Daniel. Seu temor deveria estar atrelado a Micaela. Ela sim tem desejo em te ver ferido. E ela está mudando rápido, você também notou, não foi? — O garoto de cabelos loiros e desorganizados silenciou-se à pergunta do irmão que prosseguiu: — Ela está ficando feroz, arrogante e raivosa. Creio que seja suas memórias a deixando assim. Mas a Micaela não é o propósito dessa conversa, e sim suas chances de sobrevivência.

— Rá... — Daniel liberou uma risada junto a um engasgar que mais pareceu um grasnar aviário, sem forças. — Acha mesmo que vai me enganar assim, irmão? Eu sei que não vou sobreviver. E não me importo mais, já fiz minha parte.

— Não, não fez. — Miguel descruzou as pernas e inclina seu torso, apoiando os cotovelos sobre os joelhos, abaixando o rosto rumo a Daniel. — Você não influenciou a morte da Sabrina por quê queria alimentar a Besta. Queria isso por quê Asmodeus lhe ordenou que a enviasse para ele. Sabrina foi a escolhida para ter o rebento de Asmodeus.

Caídos (duologia Trono de Fogo)Onde histórias criam vida. Descubra agora