Mistérios, sussurros do além e pesadelos rondam o colégio São Lucas Leão no centro carioca. Um ponto onde a realidade física e espiritual se convergem e revela mundos diferentes, realidades e criaturas ancestrais; anjos, demônios, vampiros, lobisome...
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SABRINA
— Tem certeza que pode mesmo fazer isso? — indagou a loira quando já assentados por dentro dos muros da mansão dos pais de Sabrina. Lucas assentiu.
— Já disse, as regras funcionam diferentes para os demônios. Só precisamos garantir que não aja provas do mundo sobrenatural. E em parte, eu sou um.
— Mas o Gabi disse que aterrorizou meu irmão com seus poderes angelicais. No entanto, ele continua vivo.
— Os anjos e demônios podem surgir para humanos, não é contra as regras. Desde que seja em pequenas doses, e sem todo o poder de um anjo. Além disso, se o Gabi não o matou, então não fará mal. — Lucas dá um passo rumo a porta, mas se interrompe. — Ou você está mudando de ideia?
— O que? Não... Eu... Eu quero que faça isso. Quero ver você fazer.
— Sabrina, não há nenhum problema em deixar isso de lado. Se não quiser, não precisa...
— Não. Eu quero. — Se decidiu a garota. Lucas continua a observando e recebe um aceno. Então o golpe. O Diabo coloca a mão sobre a longa porta de madeira e a arremessa para dentro da sala da mansão. Criando um estrondo ao impacto da madeira maciça no chão.
De imediato se pôde ouvir um palavrão vindo do segundo andar. E os dois garotos ali veem quando surge no topo da escada, o homem que Sabrina, por tanto tempo, conhecera com pai. Padrasto. Antagonista.
— Sabrina? Que porra é essa?! O que está fazendo aqui? Você devia estar no colégio.
— Só me dê a ordem, Sabrina... — Lucas encara seu alvo, mas girou a cabeça, olhando a loira mais atrás.
Os um metro e setenta e quatro centímetros de Sabrina tremem.
Ela encara o homem, mas seus olhos estão cheios de trevas. A loira consegue escutar um zumbido, um zumbido agudo que parece vir de muito longe, anunciando a dor que a toma aos poucos. Pedacinho a pedacinho de suas entranhas mergulhando nessas farpas doloridas.
Sabrina pisca um punhado de vezes, e em uma dessas piscadelas, vê diante de si uma pequena garotinha loira. Uma garotinha de vestidinho branco, de cabeços desarrumados e lágrimas no rosto. Pelas suas tão pequenas pernas, escorre sangue. Ela grita, grita de dor, de pavor. Grita em solidão e desespero, mas não era possível escutar. Ninguém ouve. E então outro som, uma buzina, e uma luz forte. Faróis. Faróis amarelos de um carro importado, de um carro que acredita ser a fuga, mas é apenas parte do cadeado que forma sua prisão. O último girar da chafe.
— Sabrina — chama Lucas uma vez mais.
E então o salto, instintivamente a loira abre voo escada acima.
Mal se passou um segundo entre o clamar de Lucas pelo seu nome, e o atingir furioso dos dedos de Sabrina contra o tórax do homem. Abertos, estendidos à frente, mais assemelham-se a uma lança. Uma lança que atravessou o torso de seu padrasto. O som de seus ossos se partindo ocupou os ouvidos da garota, e a sala da casa em eco lento.