DEZOITO: REMANESCENTES

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O vento frio da madruga lhe franzia os olhos por trás da viseira do capacete. Estava com ele. Finalmente estava com Lucas e o vento frio. E ambos eram perfeitos para si.

Fugiram pelo pequeno portão lateral ao lado do campo de futebol. Portão que é usado para entrega de materiais que a ala esportiva possa precisar, mas também é um portal mágico para que escapem para fora do colégio. E vivam uma vida fantasiosa e única para fora dos portões enclausurados de São Lucas Leão.

Lucas Leão...

Pensou sobre seu amado. Que sobrenome combinaria mais com Lucas se não Leão? Que crueldade dar a alguém tão perfeito um nome que lhe cabe como luva.

Seu nome era quase tão perfeito quanto Angelina era para Lucas. Ela sabia disso. Nunca fora o tipo de garota que acredita em contos de fadas; amor à primeira vista, almas gêmeas, nem toda essa baboseira. E ali estava ela. E não podia encontrar pessoa mais transgressora de sua personalidade que Lucas, e ainda assim, mais perfeito para si.

Não poderia nem sonhar em odiar tanto alguém à primeira vista, quanto o odiou e toda sua empáfia desmedida, e ainda assim, o desejou profundamente desde então. Desejo que rapidamente se metamorfou em amor.

Amava tanto que não conseguiu resistir a ideia de fugir de seu colégio no meio da madrugada rumo a um pub.

Amava tanto que mesmo trajada em um fino vestido branco de alcinha emprestado por Eva — que parecia brilhante de felicidade em vê-los juntos —, chinelos de dedo e só um elástico prendendo o cabelo em um rabo de cavalo, ela não pensou duas vezes em vagar por aí a seu lado.

— Tem certeza? — indagou ela quando enfim pararam frente ao lugar. — Um bar?

— É um pub — afirmou ele. — É bem mais acolhedor.

Bom, a fronte de madeira certamente era. O letreiro neon dava um ar sofisticado a figura rústica da madeira escura que ornava toda a estrutura frontal. Pelas janelas se via as luzes fracas do local, luzes ambientes bem controladas em um tom azulado.

Angelina entrou a passos medrosos, mas ninguém se virou. Haviam algumas pessoas conversando tranquilamente em suas mesas. No fundo um músico e seu violão cantando bossa nova: Tom Jobim, identificou Angelina. Ela recordou do violão do próprio Lucas e que ele era um cantor infinitamente melhor que aquele homem.

Mas Lucas deixou seu vilão na Serafine.

Adoraria vê-lo cantando novamente.

O local não era nenhum pouco parecido com os bares que já tinha visto por aí. Nunca entrou em um, mas não era preciso, de fora podia julgar bem as pessoas bêbadas do lado de dentro.

Se acomodaram em uma mesa de canto, próximos aos janelões de vidro escuro, e a porta. O que lhe deu um bom ar de fuga, se preciso.

— Lucas! — Uma mulher se aproximou. Loira: Tinha que ser, Angelina quase rosnou imaginando coisas. Vinha acompanhada de um incrível sorriso autêntico. — Não o esperava aqui hoje. Fugindo de novo?

Caídos (duologia Trono de Fogo)Where stories live. Discover now