Capítulo 1 - Coração Hackeado

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São sete horas da manhã. Abro a janela do meu apartamento para ver como será o dia hoje e me deparo com um dia completamente carrancudo, exatamente como estou. De qualquer maneira, preciso ir trabalhar, pois ainda não sou rica.

Sim, eu disse ainda.

Nasci para viver no luxo, nadar no dinheiro, ostentar, entende?  Só tem um problema: Como ser rica morando num apartamento miserável numa cidade horrorosa em um país pior ainda? Depois de um suspiro de desgosto, fecho a janela.

Eu também não tenho a resposta, mas tenho algumas ideias de como fazer isso. Bom, talvez elas sejam um pouco ardilosas, digamos assim... A verdade é que não meço esforços para conseguir o que quero, principalmente se dinheiro estiver envolvido, o problema é que ninguém me entende.

Coloco uma saia bege de cós alto que desenha minhas curvas e uma camisa social branca para ir trabalhar, sou auxiliar administrativa de uma empresa de eletrônicos, mais conhecida como VisuTech por essas bandas. (Fictício)

Ajeito rapidamente meus cabelos na frente do espelho com as mãos mesmo, eu os amo curtos assim, pois são fáceis de arrumar. Às vezes penso em pintá-los de loiro, mas por enquanto vou deixá-los castanhos mesmo.

Acho que minha ambição surgiu quando era mais nova, gostava de me juntar com minhas amigas do colégio para ir ao shopping furtar peças de roupas e às vezes pegávamos celulares no metrô. Era só por diversão, mas meu irmão mais velho, Jonatan, achou que estava me tornando uma bandida e pagou meu curso de administração na tentativa de me mudar e me transformar em uma mulher mais honrada. Então, minhas amigas e eu acabamos nos afastando, infelizmente.

Termino de me arrumar com um salto alto bege. Nem preciso citar a maquiagem, é óbvio que eu fiz, não saio de casa sem ela.

Em compensação, conheci Elisa. Gostamos muito de sair à noite para dançar e sempre usamos roupas curtas e bebemos bastante. Na época da faculdade, às vezes deixávamos de ir as aulas e de estudar para sair.

Mesmo assim, conseguimos nos formar no mesmo curso, apesar de eu ter reprovado em matemática financeira. Porém, para refazer a disciplina, entrei para uma turma de Tecnologia da Informação e conheci o André, que me ajudava muito. Desse modo, ele se tornou o meu melhor amigo e me indicou para trabalhar na mesma empresa que ele e consegui.

Mas preciso confessar uma coisa: Eu odeio ser auxiliar administrativa, tem coisa mais frustante do que precisar passar 8 horas por dia atrás de um computador com seu chefe jogando em sua  mesa mais e mais documentos? Como vou ser rica ganhando um salário mínimo? Eu preciso arrumar uma solução!

Depois de uma hora e meia de trânsito dentro de um ônibus, chego na empresa. Pego o elevador e dou uma verificada no espelho o meu visual: Linda como sempre.

Quando o elevador chega no 17º andar, ele abre as portas e mostra o meu local de trabalho atrás de uma divisória de vidro: uma imensa sala com várias mesas e computadores uma do lado da outra. Bato meu ponto e lá vamos nós.

Dentro de alguns minutos alguém chega por trás me fazendo massagem nos ombros e depositando um beijo no rosto. Fecho meus olhos curtindo, estava precisando.

— André... — Gemo seu nome e disfarço o quanto está gostoso — Eu já te disse que não gosto quando você chega assim.

— Só estou te cumprimentando, linda...

Ele adora sussurrar no meu ouvido. Não é que eu não goste desse tratamento, é que estou no meu ambiente de trabalho.

Viro a cadeira e o vejo. Eu sempre achei que seus óculos o deixam com um ar intelectual e uma mecha de seus cabelos loiros e lisos caem sobre sua testa. Acho isso tão charmoso...

A gatunaWhere stories live. Discover now