Capítulo 16 - Não é bijuteria

24 4 22
                                    

Chegamos numa feira na cidade mais próxima, meu pai monta uma barraquinha com ajuda de meu irmão enquanto eu fico observando distraída. Ainda é bem cedo e a feira é extensa, os outros feirantes chegam cada vez mais com seus produtos mais variados possíveis. Como essa gente dá duro... 

— Pronto Joyce, estamos indo. — Diz meu irmão se aproximando de mim tirando terra de suas roupas.

— Indo? Onde vocês vão? Posso saber?

— Vamos para outro lugar tratar de negócios, nós viemos somente te deixar aqui para vender batatas.

— Eu não quero ficar aqui, quero ir junto!

— Você vai ficar aqui sim. — Diz meu pai firme enquanto se aproxima— E ainda vai chamar os clientes como uma boa feirante. Voltamos no almoço para te buscar.

— Mas pai, eu não sei vender batatas! 

— Fácil! É só dizer "olha a batata!" — Jonatan responde alto — Depois é só dizer o preço do quilo, as pessoas chegarão.

— Fique você Jon, quero ir com o papai!

— Você por um acaso entende de negócios? — Responde meu pai bem sério.

— Não.

— Então é melhor você ficar.

— Quero dizer, entendo muito de negócios! — Digo desesperada puxando o casaco dele.

— Largue mão de frescura, Joyce! É mais fácil do que você imagina! Vamos pai.

Eles saem me deixando sozinha contra a minha vontade. E agora? O que eu faço? Eu só entendo de dinheiro e joias, não de batatas! O jeito é encarar. Entro na barraquinha naquela imensidão de batatas e me sento num banquinho, ainda bem que tem esse banquinho...

Suspiro fundo observando as pessoas passarem para um lado e para o outro, parecem que ninguém gosta desses tubérculos. Se eu não vender nenhuma, vou estar encrencada. Toda insegura, levando do banco e saio da barraca ficando à frente dela, fecho os olhos e suspiro mais uma vez para tomar coragem.

— Olha a batata! — Grito uma vez para ver o que acontece, é só isso que consegui fazer, sinto-me muito envergonhada, nunca pensei que chegaria nesta situação. Grito mais uma vez e uma mulher chega perguntando o preço, fico animada. 

— Está muito barata! — Exclama a mulher com um sorriso. — Vou levar dois sacos desse. Sabe, eu tenho uma lanchonete e sirvo muita batata frita!

— Legal! Não quer levar mais uma? Faço um desconto especial para a senhora.

— Oba! Eu quero! 

Quando a mulher vai embora, eu resolvo oferecer mais algumas vezes e as pessoas começam a se aproximar. Será que eu tenho o dom para ser vendedora? Eu poderia empreender e investir em receitas feitas com batatas para chamar ainda mais a atenção dos clientes. Será que meu pai compraria uma estufa ou uma fritadeira? Mais para frente, poderia ampliar o negócio. Quem sabe não é isso que falta para ser rica?

Fico tão empolgada que consigo vender bastante. Quando meu pai volta com meu irmão, ficam muito felizes, tanto que agora querem que eu venha todos os dias.

—Você me surpreendeu minha filha. Onde está o dinheiro?

— Aqui no meu bolso. —Mostro a ele.

— Que maravilha! — meu pai toma da minha mão — Depois que almoçarmos você irá voltar para ganhar mais desse valor.

—Ok, então me devolva.

A gatunaWhere stories live. Discover now