Capítulo 9 - Vigaristas

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Aguardei o próximo sábado para ir até a casa de Daniel novamente. Precisa ser neste dia específico, pois é quando ele trabalha e eu folgo. Meu plano é chegar lá, dispensar a babá, depois ficar com David sozinha na casa por um tempo limitado. 

Durante a semana, fingi estar super preocupada com David e convenci seu pai a contratar um psicólogo extra para auxiliar o tratamento de seu filho. Fiz muita propaganda dizendo que me tratei de uma depressão com ele. Obviamente, consegui convencê-lo com minha boa lábia que não só confiou, mas também autorizou a consulta e ainda avisou os seguranças sobre o atendimento domiciliar antes de ir trabalhar.

Porém, Daniel nem imagina que esse psicólogo não existe e que na verdade ele é formado em TI.

Quando chega o sábado, chego na casa dele e convenço a babá a ir embora, em seguida, André chega de moto e estaciona no estacionamento do condomínio. Gostei de vê-lo chegando usando roupas sociais para passar seriedade, sem aquele moletom horrível, e portando uma mochila grande cheio de papel para dar a impressão que carrega materiais para a consulta.

— David, chegou o psicólogo que te falei! — Disse eu alegremente abrindo a porta da casa.

O garoto olha sério para ele sem dizer nada, o mesmo olhar do pai quando estava desconfiando de mim, mas como ele é uma criança essa possibilidade é descartada. E para ajudar, o André também não diz nada, apenas ajeita seus óculos olhando diretamente para o garoto.

— Vamos até o sofá para iniciarmos a sessão. — Pego a mão dele e começo a caminhar. O pseudo psicólogo nos alcança e sussurra em meu ouvido.

— Vamos acabar logo com isso!

— Calma... Você acabou de chegar! — Olho bem feio.

Sentamos um ao lado do outro. O silêncio me perturba profundamente, então cutuco o André e digo disfarçadamente mexendo meus lábios o minimo possível.

— Diga alguma coisa!

— Bom... É... David.

Ele está completamente perdido, eu disse para ele planejar o que conversar, droga!

— Diga me o que te deixa triste.

Pelo jeito é o máximo que ele consegue fazer.

— Sinto falta da minha mamãe... — O garotinho responde de cabeça baixa.

— Sei o que sente, também não tenho mais mãe...

Pelo jeito eles têm muitas coisas em comum. Eu preciso agir rápido, não tenho a tarde toda, Daniel pode chegar a qualquer momento.

— Enquanto vocês conversam, vou preparar um lanchinho, está bem David? — Digo me levantando e pego rapidamente a bolsa que André trouxe antes de sair da sala de estar, ela estava no outro sofá.

Lanche? Só se for um bolo de dinheiro.

Entro no corredor que dá acesso á cozinha e entro no quarto da criança. Depois, arranco o brinquedo que tampa o cofre e vejo algo prateado. Eu não estava errada, é mesmo aqui que fica o cofre. E muito bem escondido por sinal, quem iria desconfiar que atrás de uma estante cheia de coisas de criança tem um cofre?

Agora só me resta alcançá-lo, pois o André já destravou qualquer alarme, câmera ou senhas que poderia me impedir nessa casa.

Com muito esforço e cuidado, consigo arrastar a pesada estante para a direita, onde tem um espaço vago ocupado apenas por um sofá, que também dei um jeito. Logo o cofre fica completamente disponível para mim, eu simplesmente abro sua porta, há centenas de maços com notas mais variadas possíveis. Tenho certeza que meus olhos estão brilhando como uma joia neste momento juntamente com o meu sorriso ganancioso, a sensação é de ter encontrado o tesouro do final do arco íris.

A gatunaWhere stories live. Discover now