0.4. Alfa [Αα]

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As ruas de Seul estavam quase que completamente cobertas por neve. Os floquinhos finos de gelo caíam sobre o asfalto enquanto Jeongguk dirigia despreocupado até o seu apartamento. Era fim de inverno e o sol já estava quase se pondo, o alfa estava voltando do serviço. Sentia-se bem fisicamente, mas seu lobo estava indisposto. Fazia dias que estava dessa forma, recuado, quieto, isolado. Algo dentro de si estava errado e o Jeon não fazia ideia do que poderia ser. Sua mente estava cada vez mais esgotada e a disposição não existia mais, se sentia solitário e muitas vezes pensou em voltar para a casa dos pais, mas aquele era um ato vergonhoso demais.

Jeongguk era um alfa de trinta e um anos e ainda não tinha um parceiro, isso já bastava, não queria se tornar o pior dos alfas agindo assim. Só que o que ele realmente não fazia ideia era que o motivo fosse esse, mas seu lobo estava cobrando de si o ômega bonito com quem transou há quase dois meses, por isso não conseguia fazer nada sem pensar duas vezes antes de envergonhar os pais.

Era loucura! Como as coisas podiam desandar daquela forma? Estava tudo bem antes, até discutir com os pais, sair para espairecer e agora estava apaixonando-se por um ômega que nem mesmo conhecia. Ele sequer sabia seu nome, como poderia escolhê-lo assim, tão fácil? Nem ao menos sabia dos seus princípios, se era um ômega de respeito, quantos anos tinha. Jeongguk não queria nem pensar na possibilidade do motivo ser o alfa dentro de si gamado em um ômega da balada, mas ele sabia que não havia outro.

Mil vezes aquilo era loucura!

...

Os pneus do carro foram suavizando sua rotatividade até que pararam em frente à casa bonita dos pais do Jeon. Sentia falta de morar com eles, de ter a companhia dos seus progenitores e, principalmente, sentia falta do colo dos pais. Era tão vergonhoso ser um alfa de trinta e um anos solitário e carente que precisava de um ômega, mas que não fazia ideia de como fazer. Ele não queria arrumar qualquer parceiro, queria amar de verdade e formar uma família bonita, mas não conseguiria seguir em frente enquanto aquele aroma de erva doce ainda sobrevoasse o ar que respirava. Por mais que quisesse, não conseguiria esquecer.

Suspirou frustrado com a sensação impotente que sentiu, ligou novamente o carro e engatou a marcha saindo dali antes que chateasse novamente seus pais com a sua falta de instintos alfa.

Poucas ruas mais tarde seu celular que estava no banco do carona tocou. Não queria conversar com ninguém, mas odiava recusar chamadas.

— Alô? — Disse atendendo a ligação e conectando ao sistema de som do carro.

Alô?! Jeongguk? — Era Jimin. — Cara, por que você foi embora tão cedo? Os caras marcaram de ir à um bar. Você não quer ir?

— Estou um pouco cansado, Park. Talvez na próxima...

O que houve? Você nunca nega uma bebida! — Jimin perguntou confuso franzindo o cenho, mesmo que Jeongguk não pudesse ver.

— Aconteceram umas coisas, prefiro não me forçar a estar com muita gente por perto.

Me encontre no London Pub, chego lá em quinze minutos. — Então o Park encerrou a chamada sem se preocupar com a resposta do mais novo.

Jeongguk suspirou à contragosto, o celular tocando novamente.

— Alô?

Não cara, vai lá para casa, eu vou comprar umas cervejas para nós. Yoongi vai ficar no turno da noite, a casa vai ficar vazia. Já que você prefere calma, então vamos conversar sozinhos.

Jeongguk admirava muito a relação de seu amigo Jimin e o ômega Yoongi, um escrivão da polícia. Os dois estavam juntos desde a adolescência, entraram juntos para a polícia e trabalhavam, geralmente, na mesma delegacia. Jeon sabia que não daria conta de um relacionamento como o dos dois colegas, justamente por isso os admirava muito.

Porque O Seu Cheiro Ainda Está Em Mim - TaekookWhere stories live. Discover now