Bônus: 0.2. Despedida [Ωω]

6.4K 899 143
                                    

Quando vi os lábios finos de Yejun, assim como os de Jeongguk, proferirem aquilo, senti que o chão aos meus pés se abriu. 

Durante toda a minha vida eu estive acreditando que eu nasci para ser infeliz. Para sofrer, para fazer os outros sofrerem e para morrer desolado. 

Depois da morte dos meus pais, mesmo com apenas nove anos, eu me senti um peso. Porque Namjoon era muito jovem, estava no início da pré-adolescência e aos poucos descobriria o mundo. Então nossos pais foram tirados de nós e eu me tornei uma responsabilidade a mais, mesmo que antes ele só precisasse estudar e tirar notas boas. 

Quando eu era criança, minha mãe dizia que ela estaria conosco até o fim, que nos daria amor e nos faria amar alguém um dia, mas no fim eu me vi sem ela e foi difícil. 

Naquela infame noite, eu só lembro de ter chorado muito e depois, lembro de ter acordado em casa, com Namjoon ao meu lado, com os olhos inchados e com olheiras fundas e roxas. 

Namu-hyung… Onde está Appa e Omma? — Perguntei já sentindo as lágrimas enchendo os meus olhos, assim como meu nariz fungava baixinho. 

— E-eles… Eles não moram mais aqui. — Nam secou as bochechas com as costas das mãos antes de continuar: — Eles agora moram no céu, Taetae-saeng.

Daquele dia em diante, minha vida foi um inferno, porque para uma criança de nove anos, não ter os pais para lhe contar histórias, lhe pentear os cabelos, lhe dar carinho e amor e não estar presente, ou lhe levar à escola, é a pior das decepções. E para um adolescente com traumas vividos e inseguranças vivas, não ter pais como um apoio, é o pior dos infernos. Por isso vivi um inferno durante dez anos, até pensar em uma solução trágica e imoral. 

Eu só precisava de mais um motivo para tentar a sorte e me jogar no Rio Han. 

Então eu conheci Jeongguk, na noite em que eu quis morrer. 

Faziam duas semanas que meus estudos haviam acabado. Eu não tinha carta de indicação de professores, porque nunca fui presente o bastante para correr atrás. Eu não tinha condições financeiras para pagar um curso e nem mesmo preparação psicológica para um vestibular, então eu definhei no sofá surrado de casa. 

Em algum momento durante o ensino médio, ouvi alguns colegas de classe conversando sobre as boates em Gangnam e sobre as promoções para ômegas, que em vários dias da semana entravam gratuitamente nesses locais, como cortesia de alfas poderosos que compravam lotes de presença e doavam para a categoria mais frágil. Foi daí que me veio a ideia de beber até criar feromônios suficientes para atrair algum alfa, que me fizesse mal e, caso esse plano não desse certo, eu tinha um plano B, que consistia em tirar a minha própria vida em qualquer oportunidade que eu tivesse. 

Mas aqueles olhos…

Aqueles olhos redondos e pretos, com cílios pequenos e um charme incomum ao redor; suas pequenas rugas. 

Foram aqueles olhos que salvaram de um abismo tão fundo no qual caí. 

Foram eles...

↬↫

— Eu sei onde seus pais estão enterrados. 

— S-senhor… Po-pode repetir? Acho que ouvi errado…

— Não, Tae. É isso mesmo, eu sei onde seus pais estão enterrados, porque eu estive no local do crime quando eles foram mortos. Era meu dia de turno. Eu lembro do seu cheiro, lembro do seu desespero, lembro de Namjoon, lembro de cada detalhe. De como os policiais não queriam se preocupar em dar um funeral aos seus pais, mas eu os dei um lugar no cemitério, eu fiz isso porque me senti em dívida com os seus olhos tristes naquela noite. Você estava chorando muito e eu-

Porque O Seu Cheiro Ainda Está Em Mim - TaekookDär berättelser lever. Upptäck nu