8 - [maldivas]

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Sabe, às vezes, parece que tudo o que aconteceu naquela dia e nos dias depois daquele foram só um sonho

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Sabe, às vezes, parece que tudo o que aconteceu naquela dia e nos dias depois daquele foram só um sonho. Um pesadelo. Às vezes, a ficha não cai. Então, quando não aparece uma mensagem sua de bom dia no meu celular, uma reclamação no meio da tarde ou quando eu espero por mais minutos do que deveria no nosso ponto de encontro, a gravidade perde a força sob os meus novamente. É como te perder de novo e de novo nos mínimos detalhes no dia. 

Ah é, Matt não vem. Eu sempre tenho que me dizer nesses momentos. Ele nunca mais vai vir. Porque você se foi. Desceu o tobogã antes de mim. Às vezes, eu quase consigo me convencer que isso é só uma piada de mal gosto. Que você vai aparecer na próxima esquina que virar, um sorriso convencido nos lábios. Não vai se livrar de mim tão cedo. Você diria. Mas esse dia nunca vem. Ele nunca vai vir. Assim como você. Ah, Matt. Dói tanto. Nunca consegui imaginar viver não mundo sem você. E agora tenho que viver nele. Céus. Não consigo me convencer a dormir, sabendo que amanhã terei que acordar e viver mais um dia nessa maldito mundo. Tudo parece tão cinza. Tão sem graça. Tão dolorosamente pálido. Tão sem você. Até o ar parece mais pesado, mais difícil de respirar. Viver dói. Você era meu analgésico.

Sabe, às vezes, eu nem sei mais se consigo aguentar. Eu estou tão cansada. Não aguento mais me odiar tanto. Não aguento mais todo esse desespero, essa ansiedade, esse medo, essa tristeza, essa frustação, esse arrependimento, essa incerteza. Eu não aguento mais sentir tanto. Eu aguento mais essa dor no peito constante, esse impulso doentio de externar minhas dores, de meu punir. Eu não aguento mais o desconforto da minha própria pele. Eu não aguento mais me sentir uma merda ambulante e inútil. Eu não aguento mais ser motivo de preocupação para meus pais. Um fardo. Um empecilho. 

Eu só... Por mim instante... Gostaria de poder fechar os olhos, rumo ao reconforto de inconsciência. Por um instante sequer, eu queria desaparecer no mundo. Da história. Eu só queria deixar de existir. De nunca ter existido. O mundo ficaria melhor assim.

O que eu deveria fazer? Como eu deveria me sentir? Como eu devo agir? O que vai acontecer? Eu estou com medo, Matt. Não saber me assusta. O desconhecido me assusta. Como eu deveria saber o que fazer? Como eu deveria ter que decidir isso agora? Eles não te ensinam isso na escola. Eu só... Eu não sei. E isso me apavora. Eu não sei se eu vou conseguir. Ou não sei eu devo me arriscar. Eu não sei se eu vou acabar me arrependendo. Eu não sei. Eu não sei. Eu não sei. Malditos sejam os arcos de desenvolvimento de personagem. Eu nem sei a quem devo pedir ajuda.

Dói tanto, Matt. Estar viva. Eu não o culpo por quer dar um fim nisso. Nem sei mais porque meus pulmões continuam a inspirar e expirar. Ou porque meu coração continua a bombear sangue. Onde foi o botão de desligar? Eu só queria umas férias permanentes dessa vida. Para onde você foi? Ouvi que as Ilhas Maldivas são fantásticas nessa época do ano. Xx sa

[ROMANCE] Achados & PerdidosWhere stories live. Discover now