Há ocasiões em que o destino não dá um empurrão, ele solta uma verdadeira voadora na pessoa. Marcos estava vivendo tranquilamente em um relacionamento com Lorena. Com ela, ele começou a planejar um futuro, com casinha de cercas brancas e um cachorr...
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O nosso retorno até a mansão foi feito, quase todo em silêncio, os únicos ruídos ouvidos eram os pingos da chuva sobre o carro ou algum motorista que passava buzinando como se isso fosse fazer os carros a frente irem mais rápidos. Mas enquanto o barulho externo não me incomodava, o interno — aqueles pensamentos incômodos e insistentes — já mostravam que eu teria uma intensa dor de cabeça intensa. Havia tantas decisões a serem tomadas, porém o que começou a martelar em minha mente foram as palavras que nunca antes pensei em pronunciá-las a Lorena. Desde o início do nosso namoro, ela sempre foi o meu ideal de mulher. Carinhosa, inteligente, destemida, ambiciosa e muito bela. Lorena é uma das poucas pessoas que conheço que não se deixava abalar quando algo não dava certo, pelo contrário, ela ia em frente e sempre encontrava uma solução para o problema. Mas aquela mulher que um dia eu conheci, mudou muito e começo a perceber que não foi para melhor.
Enquanto o nosso retorno foi tranquilo, a nossa chegada não foi tão pacífica, isso porque assim que passamos pelos grandes portões de ferro e paramos em frente a mansão, o pequeno príncipe da casa nos aguardava sentado nos degraus da entrada, e ao vê-lo, novamente me veio a imagem da molheira a mente. Claro que jamais falaria para ele, não quero despertar a sua ira. Assim que nos viu sair do carro, Tomás levantou-se e veio em nossa direção.
— Demoraram! — ele falou. Damien o abraçou carinhosamente fazendo com que ele suavizasse sua expressão facial.
— Serio? O trânsito estava calmo, por isso fiz o percurso bem mais rápido que o habitual — respondi.
— Porque esta cara? — Tom me analisava incisivamente.
— É a mesma de todos os dias, Tomás, não me lembro de fazer nenhum procedimento cirúrgico — não passava despercebido por ele.
— O seu humor está ácido, conversou com a sua namorada, por acaso? — ele indagou.
— Por que? Por acaso você colocou uma escuta em mim? — passei as mãos pela roupa que usava e não encontrei nada.
— Não precisa ser um gênio e nem colocar escutas em você. O seu humor muda apenas quando você conversa com ela — disse ele sério.
— E você? Porque está com essa cara? — perguntei, notei que a sua também não era das melhores.
— A Lorena teve a audácia de me ligar — ele rebateu.
— O que ela queria? — apertei a ponta do nariz. A grande dor de cabeça veio mais cedo que o inesperado.
— As suas palavras foram exatamente essas: eu quero que você libere o Marcos esse final de semana, nós iremos fazer uma pequena viagem para comemoramos o seu aniversário.
Se a algo que o Tomás detesta, é que alguém o ordene algo, então nada de bom veio dessa ligação.