10 - Perjuro

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Maria segurava o nó em sua garganta, sentia que a qualquer momento ia explodir em lágrimas frente à Esteban e não queria que isso acontecesse, não podia permitir mostrar-se frágil, ele nunca mais a veria frágil.

_ Você me disse que merecia uma explicação. E eu concordo com você. Foi uma insensatez o que aconteceu à noite. Não há porque mudar as coisas entre nós. – Maria procurava de todas as maneiras manter sua postura aparentemente insensível.

Esteban seguia sem reação. Como podia haver sido tão todo? Acreditou que ela havia estado em seus braços por amor, pelo mesmo amor imensurável que ele sentia por ela e Maria tratava tudo aquilo com uma frieza que o chocava. Ele já havia desconfiado que ela não havia sentido nada, por isso o abandonou pela manhã, e foi em busca de, quem sabe, seu amante... Mas ouvi-la falar daquela maneira era demasiado para ele, de fato, Maria estava irreconhecível. Diante da inação de Esteban, Maria seguiu desferindo palavras cruéis contra ele.

_ Esteban, por favor. – Disse Maria com um sorriso cínico. – Não me diga que você achou que aquilo mudaria as coisas entre nós? As coisas entre nós estão claramente definidas e não vai ser uma noite de sexo que vai mudar nada. Foi só isso, só sexo. Eu queria, você queria e terminamos na cama. Ponto!

_ Por que você está fazendo isso? – ele finalmente reagiu – Eu sei que você não está sendo completamente sincera. Em algum ponto dentro de você, você sabe que as coisas não foram assim. Que o que aconteceu entre nós foi um encontro de amor. Para mim foi tão sublime, tão maravilhoso, tão singular. Não há maneira de seguir a vida como antes depois do que aconteceu entre nós.

Maria voltou a sorrir, mas dessa vez de maneira mais escrachada deixando Esteban atônito, petrificado.

_ Esteban, você está falando como uma mocinha apaixonada dos romances que eu lia antes de... Bom, há muito tempo. Por favor! Não há razão para esses romantismos, isso é coisa dos livros, foi só uma noite, sem importância, nenhum significado...

Esteban se irritou e se lançou para cima dela segurando-a muito forte pelos dois braços. Ela não se impactou e o olhou provocadora com um leve sorriso de canto nos lábios.

_ Então se é assim... Eu quero mais! – disse olhando-a cheio de raiva e de desejo.

_ O quê? – pela primeira Maria demonstrou alguma surpresa. Não esperava aquela reação dele.

_ Você não disse que não sentiu nada? Que para você foi uma insensatez provocada pelo álcool, não?

_ Sim, foi exatamente isso que aconteceu. – Recuperou-se do susto e passou a olhar para uma das mãos dele que comprimia fortemente seu braço e a mantinha junto ao corpo dele imóvel.

_ Então também não vai significar nada para você se acontece de novo, não é? – instigou-a olhando sedento sua boca rosada.

Maria corou e não respondeu. Permaneceu olhando-o desafiante. Ele voluptuosamente envolveu sua boca num beijo cálido, girando sôfrego a cabeça dela e com lascívia explorava a boca dela com sua língua, atacava a língua dela, literalmente a comia a beijos. Maria sentiu que flutuava, por que ele a beijava e a fazia sentir assim? Por que só ele podia lhe dar aquela sensação de alcançar as nuvens enquanto o beijava, enquanto sentia seu gosto e sua respiração quente sobre sua pele anelante de mais, de muito mais dele. Maria ficou sem ar e afastou-se dele num impulso, os beijos de Esteban deixavam-na sem controle de suas emoções e, naquele momento, ela precisava manter-se firme.

_ Você está louco! – disse como conseguiu por como arfava depois do beijo de Esteban.

_ E só agora que você se deu conta? – ele reptou-a.

Em Busca de Teu PerdãoWhere stories live. Discover now