16 - Deixar Ir?

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Acompanha o capítulo a canção de Samo "Sin Ti"
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***

Esteban ainda sentia o gosto do triunfo com aqueles papéis colados ao corpo quando Cecília entrou no quarto, surpreendendo-o.

_ Filho, o que de tão importante você está procurando. Já é muito tarde, sua esposa há de estar preocupada.

Cecília não notou a alteração na expressão de Esteban. Desde que se casou era um homem com um ar carregado, subjugado, submisso. Seus amigos o viam como um homem sisudo, como quem agora carregava a seriedade de ser um homem casado, de ter sob sua responsabilidade uma família. Mas sua sisudez e austeridade não vinham da mudança de condição de solteiro para casado e sim das condições peculiares daquele matrimônio. Agora, pela primeira vez, se via com um ar triunfante, algo que ele havia perdido desde que se tornou escravo de Maria.

_ Não se preocupe, mamãe. Minha mulher não dará nenhuma importância ao fato de que eu chegue tarde hoje. – Ele disse em um tom que Cecília estranhou.

_ Vocês dois estão com problemas? – Cecília perguntou diretamente.

_ Que casamento não os têm, minha mãe? - Esteban disfarçou.

_ É que vocês pareciam muito unidos quando eu estive doente. Maria se preocupou tão sinceramente por minha saúde. Cuidou de mim como se eu fosse alguém de seu sangue.

_ Não há nenhuma dúvida das qualidades de Maria e em como ela pode se doar... – Esteban observou nostálgico – mas o que quase ninguém sabe é em como ela também é boa para cobrar.

Cecília observou o filho com um ar preocupado. Era uma mulher austera, elegante e, principalmente, muito consciente do lugar das pessoas nessa vida. Alguém que, a despeito de sua idade, possuía muita sabedoria. Caminhou até Esteban, o tomou pela mão como um menino desorientado e o levou até a cama. Sentou-se ao seu lado e acariciou o rosto do filho. Para uma mãe não importa a idade de um filho, ele sempre vai ser alguém a quem aninhar e cuidar.

_ Você disse algo muito certo, Esteban. Todos os casamentos tem problemas. Mas sabe uma coisa que nem todos os casamentos possuem?

Esteban não disse nada, somente a observou com ar interrogativo.

_ Aquele amor que eu pude constatar entre você e Maria aqui nessa casa enquanto eu estive doente.

_ Por que a senhora diz isso?

_ Porque poucas mulheres sentem daquele modo a dor de um homem. A não ser que o ame intensamente. Maria te ama tanto que o teu bem estar é mais importante que o dela própria e ela fez notar isso naquela ocasião.

_ A senhora acha mesmo que Maria me ama tanto assim? – Esteban ainda estava incrédulo.

_ Não tenho nenhuma dúvida. O amor é isso que aparece despretensiosamente. O cuidado diário inconsciente, involuntário, instintivo. Quando o amor é verdadeiro uma pessoa coloca de lado seus próprios sentimentos quando sente uma ameaça ao ser amado. Maria te demonstrou amor quando você precisou e isso, isso sim não se encontra em qualquer matrimônio.

As palavras de Cecília tocaram profundamente a Esteban. Poucas vezes ele havia olhado para os sentimentos de Maria. Porque estava claro que ela tinha um sentimento forte de vingança por ele e, sim, que sentia desejo, por isso se entregou nos momentos de intimidade que tiveram, mas amor... Amor parecia algo tão distante da realidade deles, sobretudo da dela. E agora, ao pensar naquela criança... Não! Não queria pensar em Isabel naquele momento, se recusava a pensar e se perder no que queria fazer. Entretanto as palavras de Cecília, aquelas palavras deixaram-no confundido.

Em Busca de Teu PerdãoDove le storie prendono vita. Scoprilo ora