Capítulo trinta e sete

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Mais uma semana

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Mais uma semana.

Mais uma semana de cansaço.

Mais uma semana que eu sinto que estou prestes explodir, atingindo quem estiver no meu caminho.

Não fazia mais ideia do que era dormir mais de quatro horas por noite, quando conseguia dormir. Mamãe estava mal, muito mal... E não somente por causa da doença, era o tratamento. O tratamento era tão agressivo que tinha dias que ela mal se aguentava em pé ou sentada, a aparência estava acabada, as olheiras fundas e os olhos caídos, quase não a reconhecia.

De todas as minhas dores e problemas, vê-la daquela forma era a pior. Sintia como se meu coração fosse se partir junto com ela.

Mas o que poderíamos fazer? Era a única forma de salvá-la.

A única.

Custe o que custar... Valia apena mesmo?

— Eu já disse que não é assim que se monta uma conta de matemática, Benjamin! — Lia berra de repente, me arrancando do meu devaneio cansativo e constante nos últimos dias.

— E eu já disse que você é uma idiota?! — Benjamin retruca, sentado do outro lado da mesa, fuzilando Lia com os olhos. — Me deixe fazer a minha lição de casa em paz, ok?

— Se pretende tirar um zero... — Ironiza. — Fique à vontade.

— Que tal eu ficar à vontade pra te dar uns tapas?!

Os dois discutiam como crianças de oito anos que brigavam por brinquedos, eu já estava enlouquecendo, nas ultimas semanas eles passaram a se estranhar mais do que nunca, tudo porque mamãe não estava em casa conosco para controla-los. E eu? Bom, eu não tinha saúde mental nem para mim mesmo, quanto mais para me meter entre eles, nem que isso significasse viver em uma zona de guerra.

Então levantei, peguei meu prato e copo, que antes serviam meu café da manhã, e fui até a pia, dando de cara com ela suja e cheia de louças não lavadas...

— Mas que porra... — Murmuro, sentindo meu corpo todo ficar tenso.

— Não jogue seu lápis em mim, Benjamin! — Lia grita.

— Não de palpites na minha vida, Amelia! — Meu irmão devolve mais alto e mais feroz.

— Imbecil!

— Babaca!

— Quem deixou a louça suja? — Minha voz sai como um sussurro, não tomando espaço no meio da discussão dos dois. Me apoiei no balcão e pensei por bons minutos. — Era o dia de... Mason! — Praticamente rosno seu nome.

— Se não parar de me encher... — Lia ou Ben gritava, eu, sinceramente, já não conseguia distinguir e nem entender mais nada.

De repente, Mason atravessou o arco da cozinha, com o rosto inchado e bocejando, indicando que havia acabado de levantar.

Os opostos não se atraem, se completam.Where stories live. Discover now