Capítulo três

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Exausto, era assim que eu estava me sentindo, como um trapo humano que havia sido atropelado, no mínimo, dez vezes

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Exausto, era assim que eu estava me sentindo, como um trapo humano que havia sido atropelado, no mínimo, dez vezes. Depois da faculdade eu tive que correr para casa para pegar o uniforme de Ben, o qual mamãe havia costurado com todo cuidado, e me apressar para entrega-lo antes do horário do treino. Graças a esse pequeno imprevisto, eu cheguei atrasado no trabalho e não tive tempo para estudar, o que significava que eu teria que virar outra madrugada estudando.

— Sua cara está péssima. — Mia riu, encostada no balcão do bar.

— Não zombe da minha cara, você não sabe a correria que foi hoje. — A olhei de canto, enquanto depositava tequila no copo de um cara.

Eu trabalhava meio período após a faculdade na boate Girls and Boys que tinha DJ ao vivo e uma imensa pista de dança. Mia era minha colega de trabalho e a única amiga que eu tinha além de Oliver, o que tornava meu tempo aqui mais divertido.

— Foi tão ruim assim? — Franziu a testa.

— Pior. — Fiz bico, guardando a garrafa e suspirando. — Estou exausto e só é terça feira.

Mia acenou com a cabeça e voltou a observar o movimento continuo de corpos no salão, que pulavam e dançavam ao ritmo das batidas do nosso DJ. Trabalhar no bar era um saco, tendo que servir todas aquelas pessoas e sair cheirando a álcool dali, mas eu mal imaginava como era pior ainda trabalhar na pista, sendo mulher e tendo que atender os clientes bêbados.

— Só faz dois anos, Jack. — Voltou a me olhar. — Você se acostuma.

Sorri de lado e acenei para um cliente que havia feito sinal com a mão, andei até ele que pediu um drink e me apressei em preparar. Mia trabalhava ali há quase quatro anos, ela tinha vinte e dois e havia vindo para a capital em busca de algo melhor para sua vida e agora estava ali, sendo garçonete de uma boate da qual ela nem gostava de trabalhar.

— Já foi entregar novos currículos por aí? — A questionei, balançando a bebida e outras misturas.

— Não. — Respondeu passando a língua entre os lábios.

— Qual é, Mia? — Suspirei, colocando tudo dentro do copo e entregando ao cliente. — Você sempre reclama de como é frustrante trabalhar aqui há tantos anos, que veio atrás de algo melhor e agora não quer correr atrás?

Observei a morena balançar a cabeça inquieta, com o olhar perdido na pista de dança.

— Eu já deixei milhares de currículos, Jack. — Revirou os olhos. — Não tem nada melhor para mim além da Girls and Boys.

— É sério isso? — Ri. — Vamos, cadê aquela garota toda esperançosa e animada?

Mia me olhou por cima do ombro e bufou.

— Morreu quando teve que limpar o vomito de três pessoas diferentes na pista. — Respondeu.

Eu não acreditava que ela estava realmente jogando a toalha.

Os opostos não se atraem, se completam.Where stories live. Discover now