I Knew You Were Trouble

Despedida

— Como faremos? — pergunto-lhe.

Harry fecha a porta do banheiro atrás de si. Está numa calça slim, sapatos de couro, camisa branca de algodão e blazer preto de linho. Uma toalha em sua mão se aperta contra os fios outrora untados com conhaque.

— Eu saio primeiro, depois sai você. Avisarei quando tiver deixado o hotel.

— Tem certeza de que não vai se atrasar?

Ele está enfiando as roupas numa mala sem sequer dobra-las. Saltam-se os mesmos músculos sobre a mandíbula outra vez.

— Absoluta, Alison.

— Alison não, Harry... Você só me chama assim quando está bravo.

— Bom, eu sou aquariano.

— Você não acredita nisso!

— É a melhor desculpa que eu tenho! — sua face parece desfigurada, mas é passageiro.

— Desculpe pelo conhaque.

— Desculpe pela sinceridade.

— Eu gosto da sua sinceridade.

— E eu... bom... eu gosto de conhaque — diz ele sem se aguentar. Seu riso me enternece.

— Só de conhaque?

— Eu estarei lá, Taylor! Às 20h horas, né?

— Isso! — sorrio, segurando as lapelas de seu blazer. Trago-o para perto.

— Já estou com saudades — diz-me ele.

Beijo-o porque não tivemos muito tempo. Desde o começo. Nunca tivemos muito tempo e eu temo que não tenhamos novamente. Quero aproveitar cada segundo.

— Dia cheio hoje? — anseio ser parte de seu mundo de novo.

— Na verdade, não. Aqui é o último país da turnê. O que resta é uma reunião com os meninos e cada um segue para casa.

— Como você está?

— Nunca estive melhor, Taylor. E você é parte disso. A banda poderia ir pelos ares e eu continuaria feliz.

— Harry... Poxa. Fico até sem graça...

— Impossível — ele beija-me a testa e me envolve num abraço. — Acredito que finalmente estamos no claro!

Quando nossas cabeças se encostam, sinto que estamos compartilhando pensamentos.

— Quero registrar este momento! — seu braço se estica valise adentro e de lá tira uma máquina fotográfica Polaroid.

Ah, eu conheço essa pequena!

— Mesmo? — questiono. — Da última vez...

— Não estamos imitando. Estamos ressignificando. Ficaremos bem, fada.

Ele ergue o braço, a lente da câmera diante de nós e aperta o botão. Não demora até que saia a foto revelada, e lá estamos outra vez. Aninhados, esperançosos. Consigo nos reconhecer, consigo confiar. Não somos mais peças de um quebra-cabeça alheias uma a outra.

— E você, como está? Por que me deixou sozinho essa manhã?

Ah, Sr. Styles, você sempre tem que complicar as coisas...

— Como te disse, achei que tinha sido fogo de momento... — proponho a mim mesma uma pausa e percebo que simplesmente encerrei a sentença ali mesmo.

— Então devo agradecer aos seus saltos?

— Sim — rio com sua perspicácia. — Se não fossem eles, eu talvez não teria voltado.

— Podia ter simplesmente abandonado-os.

— Não sou assim. Você sabe.

— Mas ainda assim, o que te fez ficar?

— Os anéis.

Seu peito infla novamente contra o meu, escuto seu coração acelerar alguns prestos a mais.

— Não eram apenas as canções...

— Eu sei, amor. Eu sei — fecho os olhos e beijo-o outra vez. — Eu estou bem e você tende a melhorar tudo ao meu redor.

— Pois, hoje às 20h, celebraremos isto!