Realinhando

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Estamos mais calados, não sei o que é. Não estamos felizes? Eu estou! Ou só acho que estou? Estamos presentes, dizemos o que sentimentos, dizemos o que devemos dizer e não há mais espaço para desconforto, a musa está aqui e tudo parece andar da maneira certa. Quero mais tempo a sós com ela, quero aqueles momentos de intimidade que não testamos nossa paciência nem nossa paixão contra as marés de afazeres do cotidiano.

Ela deixa as malas no pé da cama e está mais relaxada do que quando a encontrei. Passamos um tempo além da conta despertos no hotel, mas colocamos tudo em seu devido lugar e não há mais bagunça neste canto do relacionamento. Acho que não há em mais nenhum. Aproximo-me, beijo-lhe a bochecha, seu calor é diferente, é uma temperatura que não queima nem regela.

— Algo em mente?

— Um filme, talvez?

— Soa ótimo — cochicho, enroscando-me em seu torso.

— Qual?

— Quando descermos, escolhemos.

Ela sorri, vira-se...

— Sinto que já fizemos tudo o que poderíamos fazer, desde loucuras à declarações inéditas. Poderíamos simplesmente ficarmos perto do outro, não fazer muita bagunça, estamos cansados, já estamos doídos.

— Não temos mais energia para estar indo e voltando, não?

— Com certeza não. Eu espero não estar sendo estraga-prazeres, espero não estar te deixando frustrado com esse pedido. Mas eu acredito que essa é a maneira mais saudável de dar certo agora.

— Eu concordo, não forcemos o que não precisa ser forçado.

— Esse é um amor que se vive um dia de cada vez.

— E cada dia é mais feliz quando vivido.

— Não quero que nos tornemos vultos na vida um do outro. Quero estar aqui e quero lhe ver, quero que seja assim contigo também.

— Você tem toda a minha atenção e presença!

— Vai demorar um pouco até tudo se realinhar.

— Não é uma surpresa. Faz parte de todo processo.

I Knew You Were TroubleWhere stories live. Discover now