A Rei Peão

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Moriarty

Já dentro do ônibus Moriarty se encontrava mergulhado no banco, com as costas bem curvadas e com a jaqueta tapando parte das laterais de seu rosto, o assento ao seu lado estava ocupado por uma garota, talvez da sua idade, de cabelos dourados, em seus ouvidos os fones de ouvido se encontravam a toda altura, de modo que era impossível Moriarty, estando ao lado dela, não escutar.

— Amanhã juntamente a lua cheia ocorrera uma gigantesca chuva de meteoros, então nossos queridos Astromaniacos fiquem atentos aos céus na noite do brilhante dia de amanhã. – Ao ser dada a notícia, um sorriso amargo surgiu no rosto da jovem garota, e Moriarty imediatamente notou.

Pegando o fone mais próximo a si, Moriarty o colocou em seu próprio ouvido e disse:

— Minha nossa senhora, você não vai ficar surda? – Ele disse fingindo espanto com a altura.

Ela olhou surpresa pra ele, o esperado, afinal um completo estranho havia invadido sua privacidade, ela imediatamente puxou o fone das mãos do Moriarty e se afastou, o olhando com olhos julgadores que quase gritavam: "Louco estranho".

Moriarty com uma vergonha descaradamente falsa se virou para o canto e falou:

— Des... culpa... – E começou um chorinho mais falso do que nota de três reais.

Quando a garota começava a simplesmente se distanciar, assustada pelo jeito suspeito de Moriarty, ele rapidamente se moveu falando:

— Ei, espera, o avião vai cair.

Ela olhou para o cabelo de Moriarty, tentando encontrar seus olhos, e piscou duas vezes.

— Que avião? – Ela perguntou numa completa confusão.

— E eu vou saber? Algum avião deve cair agora. – Ele sorriu idiotamente.

A garota o olhou novamente, seus olhos verdes mostravam que ela estava mais confusa do que tudo, quando seus lábios começaram a se mover o ônibus freou bruscamente. Ela teve tempo de se segurar já Moriarty... Foi arremessado contra a parede que os separava do motorista, batendo de costas e logo caindo no chão.

— Oh mãezinha, que dor, morri. – Falou Moriarty disfarçando o sorriso.

Com o olho entreaberto ele viu a jovem se aproximar, ainda com confusão nos olhos.

— Brincadeira, tô bem. – Ele sorriu ao terminar de falar e se levantou num pulo.

Ela numa mistura de surpresa e estranheza riu do Moriarty, e após rir, em seu rosto ficou um sorriso sem mais nenhum sinal da amargura que antes ela havia mostrado no sorriso. Os dois se sentaram novamente, trocaram um rápido sorriso, antes dela colocar os fones em seu ouvido novamente, porem dessa vez bem mais baixo do que antes.

Moriarty demorou um pouco para olhar pela janela pois ficou observando o sorriso singelo que agora permeava o rosto dela, mas ao olhar pela janela se levantou imediatamente e correu para pedir pro motorista parar, desta vez o motorista freou suavemente, parando o ônibus alguns metros depois.

Se virando em direção a porta Moriarty começou a caminhar, mas não sem antes sorrir uma vez mais pra garota que sentou ao seu lado.

Após descer do ônibus Moriarty rapidamente chegou em casa, a proximidade do ponto de ônibus era uma das coisas que mais o agradava na localização de sua casa, dali era possível ir para todos os cantos da cidade sem grandes dificuldades.

Ao entrar em casa deu rápidos cumprimentos a seus pais e logo se direcionou a seu quarto, abrindo com agilidade seu guarda-roupas após ascender as luzes, preso na parte de dentro da maior porta do guarda-roupas havia um calendário, todos os dias anteriores estavam marcados com um "X" vermelho. Moriarty olhando o calendário direcionou suas mãos para uma pilha de roupas, que no topo possuía um outro calendário também marcado, mas apenas o mês de dezembro, e exclusivamente o sexto dia não estava marcado com um "X" e sim com um círculo, sobre ele havia um canetão vermelho tampado, era este o objetivo da mão de Moriarty, que rapidamente ao encostar no canetão o pegou e marcou mais um "X" no calendário. A data do dia de hoje passou na mente de Moriarty enquanto ele fazia o "X" e ele balbuciou:

A Minha PazDonde viven las historias. Descúbrelo ahora