Apenas mais uma carona

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Moriarty

De tanto rir Moriarty não notou a aproximação de Arthur, que abriu a porta do motorista e se sentou pesadamente.

— Não gostou da festinha?

Sem uma resposta Arthur apenas ligou o rádio e disse:

— Imagino que iremos para o mesmo bar de ontem correto?

— Eu não ia sugerir nada..., mas se você quer tanto assim ir lá quem sou eu para contraria-lo? – Disse Moriarty com um sorriso em seu rosto.

Arthur apenas suspirou e começou a dirigir, sua mão moveu-se naturalmente para o rádio o ligando.

—... a pobre alma foi encontrada na zona leste de nossa querida Starie, desta forma retornando para sua habitual área, nos foi pedido para enfatizar que a população deve redobrar os cuidados até a captura do culpado. – Dizia o âncora da rádio local.

— Zona leste? – Arthur disse para si mesmo.

— O que foi? Qual o problema? – Indagou Moriarty.

— É nela onde moro, essa Menphis nem para me avisar...

— Ela deve tá querendo se livrar de você sem sujar as mãos. – Brincou Moriarty.

— Sendo ela eu não duvidaria. – Respondeu seriamente Arthur.

Moriarty deu de ombros e meramente riu, enquanto Arthur aumentou o volume do rádio e acelerou o carro.

Os prédios e casas passaram rapidamente e em instantes os dois se encontraram no bar. Ambos desceram e Moriarty novamente se encaminhou para uma mesa solitária, desta vez sem cadeira, fato esse que o forçou a pedir emprestada uma cadeira da mesa ao lado. Com um sorriso um cliente costumeiro do bar o entregou a cadeira. Arthur olhou ao redor e pegou uma cadeira solitária para si e a carregou até a mesa onde Moriarty já estava sentado. Dessa vez, sem o grito do dia anterior, Moriarty pediu novamente duas bebidas que já viam rapidamente pelas hábeis mãos do Jester.

— O alcoólatra vai querer uma hoje? Ou pra você beber algo deve ter álcool no meio? – Provocou Moriarty com um sorriso atrevido em seu rosto.

— Prefiro nem encostar no copo dessa vez, seus olhos quase gritaram ontem para eu não a beber. Agora pare de brincadeiras e continuemos com nossa conversa de ontem.

— Certo, onde paramos? – Perguntou Moriarty, dando um gole de sua bebida.

— Moral orientada pela paz individual. Devo admitir que andei pensando em suas palavras, confesso que quando aplicamos em um ambiente fechado sua ideia parece logica, mas ao trazermos para uma coletividade como é o mundo atual...

— Uma moral coletiva é criada através dos preceitos da maioria de o que é "bom" e "correto".

— Exato, mas com uma moral coletiva criada as pazes individuais são suprimidas, e isso não necessariamente significa que apenas as pazes consideradas "más" serão suprimidas.

— Porem... – Iria começar a falar Moriarty quando foi interrompido por Arthur.

— Isso pois a moral é engessada mesmo que não seja fixa, uma "boa" ação, exercida com base na paz de uma pessoa "X", pode sofrer represálias da lei, lei está criada na moral coletiva da sociedade especifica, enquanto uma ação "essencialmente ruim", que cumprirá a paz "ruim" ou "má" de uma pessoa "Y" pode ser aplaudida pela lei dentro de uma circunstância "Z".

— Você precisa falar de uma forma tão complexa? Parece que está tentando explicar para um aliem sobre o básico de nossa sociedade – Moriarty riu ao terminar de falar – Mas sim, o pensamento é exatamente esse. – Ao terminar de falar Moriarty bebeu o que restava em seu copo e já guiou sua mão para o outro copo.

A Minha PazWhere stories live. Discover now