A Dor

19 4 43
                                    

Arthur

O celular de Arthur tocava logo cedo, antes mesmo que seus olhos se abrissem, tal toque repetitivo o despertou do seu profundo sono, ele acordou sonolento, olhou para o lado vislumbrando o simples criado-mudo que ficava ao lado de sua cama, com a mão pesada de sono Arthur foi capaz de alcançar seu celular, era pouco menos que 6h da manhã, na tela via-se escrito "Linda", e tal nome foi capaz de fazer Arthur chacoalhar a cabeça e despertar rapidamente, atendendo logo em seguida a chamada e falando:

— Bom dia meu bem, aconteceu algo? Está tudo bem?

Um longo e demorado silencio foi a resposta de Arthur, após alguns estranhos segundos se escutou a resposta:

— Bom dia, senhor Arthur? – Era uma voz masculina, grave e séria, carregada com um peso assustador.

— Si...Sim sou eu, o que está acontecendo? Onde está a Linda? – Disse Arthur já preocupado e completamente confuso.

— Sinto muito logo cedo ser forçado a lhe dar está noticia, mas Linda, aquela que creio ser algo muito próximo de uma namorada para você, foi infelizmente encontrada sem vida, muito provavelmente sendo uma vitima do serial killer local. – O homem que falava do outro lado parecia acostumado a isso e falou firmemente e com velocidade, voltando logo em seguida a falar após uma pequena pausa – Se possível compareça na delegacia o mais breve possível, sinto muitíssimo por este infeliz incidente. Meus pêsames.

Arthur nada mais falou, apenas desligou e olhou para o teto, com olhos mortos, nublados pela dor e vazios do brilho da chama ardente da vida, e apenas se levantou e começou a se arrumar para ir a delegacia, nenhuma lagrima, nenhuma lamuria, apenas um nada.

Depois de mais de uma hora finalmente Arthur se encontrava pronto para partir, pegou seu celular, suas chaves, e partiu com a pulseira feita por Julian no dia anterior em pulso.

Mais algumas horas e lhe foi dito que o corpo de Linda seria liberado apenas após 30 dias e que o máximo que podiam fazer no momento era lhe entregar os pertences encontrados na cena do crime, a pulseira feita para Linda e sua identidade, nada mais.

Enquanto Arthur saia da delegacia guardando a pulseira de Linda no bolso, o recepcionista que o observava se aproximou falando:

— Me escute, como um daqueles que também perdeu alguém pode ter certeza que sei que dor é essa, está tudo bem, chore em um ombro amigo ou se junte ao nosso grupo de apoio, é mais fácil superar quando compartilhamos a dor.

Com uma leve contração o canto do lábio de Arthur se moveu, formando um quase inexistente sorriso, e ele logo respondeu:

— Obrigado pelo concelho, mas não se preocupe, está tudo bem mesmo que não pareça.

Logo em seguida ele partiu sem nem olhar para trás.

Enquanto terminava de descer as escadas da delegacia e se aproximar do carro outra chamada fez seu celular tocar, Menphis era a pessoa dessa vez.

— Arthur... eu... fiquei sabendo sobre o que aconteceu e... apenas desejo que você saiba que não está sozinho, tome o seu tempo, se precisar de um ombro amigo cá estou, mas se precisar de um tempo para si pode ter certeza que não permitirei que ninguém o incomode, basta apenas me falar.

— Obrigado Menphis, lhe juro que está tudo bem porem eu preciso de um tempo para mim, para nós – Dizia Arthur olhando para seu bolso.

— Entendo Arthur, qualquer coisa estou aqui para conversarmos, meus sinceros pêsames, tenho certeza que ela estará olhando para nós onde quer que esteja.

— Eu também... – E desta forma Arthur desligou a chamada, e sem olhar para o celular apenas o guardou junto da pulseira de Linda.

Ao caminhar até o carro e entrar, Arthur parou por alguns instantes apenas respirando até que finalmente girou a chave e partiu para o orfanato.

A Minha PazOnde histórias criam vida. Descubra agora