Cap- 1

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Vai levar um tempinho
Mas com você ao meu lado
Eu não desistirei
Até que eu tenha o que é meu-  Work, Charlotte day wilson

— Quantas mais eu vou precisar matar pai? Quantos mais pescoços eu irei quebrar, até você perceber que eu não tenho conserto?!

Gritei sobre o buraco que estava, sem obter uma resposta. Enquanto eu estava dormindo, ele jogou outra das suas "rações" para mim, ou pelo menos é como eu chamava as porções de comida que ele me jogava, em um pote de plástico transparente.

Fechei as mãos em punho, agitado.
Estava cansado de estar preso como um animal.
Essa era a única comparação para como eu estava sendo tratado.
Como um animal de estimação que fez algo errado e estava sendo punido.

Mas foda-me se eu não iria continuar desapontando ele!

—Você não está cansado desses joguinhos, pai?
É hora de eu voltar para casa não é? Ou não, me deixe livre! Eu juro que não irei atrás de ninguém! Eu vou apenas seguir meu caminho, bem longe daqui.

Menti descaradamente, com a voz aveludada.
Sim, tudo que eu mais queria era sair daqui e sumir de uma vez por todas mas não sem uma vingança primeiro. Não quando eu fui tirado de minha liberdade e aprisionado como um inútil qualquer.

Caminhei ansiosamente sobre o pouco espaço que tinha. Meus pés pareciam fazer buracos sobre o piso desgastado de tantas vezes que eu já havia caminhado sobre eles. O cheiro de sujeira e a poeira se levantaram com meus passos e eu queria quebrar alguma coisa.

Olhei ao redor procurando algo que eu ainda não tivesse destruído,sem sucesso.
Tudo foi derrubado e revirado da última vez que eu tive a mesma ideia. Não que houvesse muita coisa aqui.

Uma cama de solteiro de madeira, e um colchão velho e sujo.

A mesa redonda e o que sobrou das duas cadeiras que eu quebrei quando as joguei sobre a parede na semana passada.

Os pratos que obviamente não seriam de vidro não, meu velho era inteligente o bastante para isso- em um amontoado amassado e rasgado pelo piso de mármore.
Nos primeiros dias, ele me trazia comida duas vezes diariamente, e eu as jogava na parede com ódio.

Comida de pena dada para um prisioneiro.
Me alimentando como se eu fosse um bicho!

Comer aquilo só significava que eu estava aceitando esse tratamento. Que eu tinha desistido e sucumbido ao poder dele. Eu não iria dar esse gostinho, eu não iria ser manipulado daquela maneira.

Até que no terceiro dia de minha teimosia, quando todas as comidas que ele lançava sobre mim estavam se amontoando em uma pilha de imundices emprestáveis, eu deixei de lutar contra a fome. Eu cedi a ela, querendo preencher o buraco em meu estômago.

Ele tinha vencido. O bastardo.

Agora os alimentos vinham com menos frequência. Uma vez a cada dois dias, ou dia sim dia não. Eu sabia sem nenhuma dúvida, que não eram preparados por ele, que eram preparados por minha mãe.

Minha doce e linda mãe.
Será que ela sabia o que o que ele estava fazendo?
Será que ela fazia parte desse jogo sadico que ele tinha em mente comigo?
Não, era óbvio para mim que ela não sabia.
Claro que não. Ela era boa demais, minha mãe.
Eu nunca entendi como ela podia ser tão normal e ter tido alguém como... eu.

O filho de Jeff the killerTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon