Cap 5

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Como posso dizer isso sem desmoronar?
Como posso dizer isso sem assumir as consequências?
Como posso transformar isso em palavras
Quando isto é quase demais para a minha alma sozinha? — Hurts like hell - Fleurie

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~Escutem a música do YouTube com o cap ~
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Daisy:

A maneira como ele disse meu nome, como se fossem duas palavras "dai-sy " faziam meu batimento cardíaco acelerar e minhas pernas parecerem geleia.
Pisquei várias vezes e balancei a cabeça como se estivesse maluca.

Talvez eu estivesse ficando maluca mesmo.
Eu apenas estou cansada de ficar em pé, e agitada por perguntar algo a ele.
Isso é tudo.

E além do mais o que eu deveria perguntar?
Eu tinha quatro perguntas, já que ele havia roubado uma delas. Havia tanto que eu queria saber...

Eu poderia perguntar a idade dele.

Mas isso não era importante o bastante.

Eu podia perguntar se ele realmente matou outras pessoas...

Mas talvez fosse uma pergunta séria demais.
Não deveria jogar algo assim de cara, não é?

Deveria ser uma pergunta importante o bastante para me responder algumas dúvidas, mas não o bastante para ele se irritar e querer acabar com o jogo.

Havia ainda uma dúvida. Uma dúvida que eu tinha desde que o vi.
— Há quanto tempo você está aqui?— questionei — Eu te perguntei isso uma vez, mas você não me disse.

— Boa garota — ele parecia orgulhoso, e eu me senti bem comigo mesma diante do elogio.— Duas semanas.

— Oh.

Uma coisa era imaginar, a outra era saber.
Duas semanas inteiras, sozinho, preso naquele lugar.
Meu coração despencou um pouco.
Isso fez a questão pairar sobre nossas cabeças.
Quanto tempo mais?
Se em duas semanas em que ele esteve aqui nada mudou, então... como eu seria livre?
Duas semanas sozinho e ele parecia mais normal do que outras pessoas estariam nessa situação, dei um crédito a ele.
Eu já havia ficado trancada no meu quarto por mais vezes do que eu queria lembrar, mas nunca por tanto tempo.
Duas semanas sem ver a luz do dia.
Parecia... aterrorizante.
Não era de se admirar que tudo estava quebrado. Ele devia ter feito isso por frustração, com o passar dos dias. Eu sei que eu faria o mesmo.

— É — ele respondeu, com o rosto em branco.

Apertei os lábios, com a esperança se rachando em pequenos pedaços, cada vez mais.
O que eu esperava, afinal?
Esfreguei os braços, desconcertada.

— Como você ficou órfã? — Ele perguntou na vez dele, sem arrodeio.

Eu estava preparada para essa pergunta.
Graças aos alunos e professores de todas as escolas que frequentei.

— Meus pais sofreram um acidente de carro quando eu tinha doze anos— respondi com a voz automática, como respondi tantas outras vezes.

— Então, não é algo recente. — ele me encarou, com os lábios franzidos.

— Não. — respondi e balancei a cabeça.
Por quê ele tinha dito isso?

O filho de Jeff the killerOnde as histórias ganham vida. Descobre agora