Cap. 23 - A Lutadora

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Pov Camila Cabello

Por mais mágica que tenha sido a nossa noite de núpcias em Santa Cruz, não foi suficientemente poderosa para fazer o tempo passar mais devagar.

O dia da cirurgia de Lauren chegou mais rápido do que eu esperava. Bem, se fosse como eu esperava, não teria chegado.

Ela não soltou minha mão nenhuma vez a caminho de Stanford nas primeiras horas da manhã. Nós duas estávamos estranhamente quietas.

Depois de estacionar a caminhonete na garagem do hospital, ficamos ali paradas com o motor desligado. Era compreensível que nenhuma de nós estivesse pronta para o que nos esperava. Ela olhou para mim. Eu não conseguia mais disfarçar o medo.

— É normal estar com medo, Camila. Você esqueceu que consigo enxergar dentro de você.

— Eu quero ser forte para você.

Apertando minha mão com mais força, ela disse:

— Vai dar tudo certo, vida. Não tem problema em mostrar seu medo.

Lá dentro, eu provavelmente não seria capaz de dizer tudo o que queria dizer. As palavras que não conseguia dizer pareciam estar me sufocando. Eu estava desmoronando e mal conseguia falar. Consegui dizer:

— Acho bom você ficar bem, porque não
consigo viver sem você.

Lágrimas inundaram meus olhos. Eu tinha uma missão, ser forte para ela e falhava totalmente.

— Quando eu estiver lá, quero que pense em todas as coisas que nos aguardam este ano, como planejar nosso outro casamento. Só se concentre no que for bom e a cada hora que passar estaremos mais perto de deixar isso para trás.

Assenti com a cabeça como se fosse realmente possível esperar qualquer coisa neste momento.

Ela continuou:

— Não vai acontecer nada, entendeu? Mas, Deus não permita, se acontecer, preciso dizer que aquilo que falei uma vez sobre não querer que você siga em frente, isso foi irresponsável. Eu quero que você siga em frente e seja feliz.

Balancei a cabeça com vigor.

— Não dá para ter essa conversa, Lauren.

— Dá, sim, porque não vai acontecer nada, mas eu preciso falar. Por favor.

— Ok.

— Não quero que você fique sozinha ou se sinta culpada por seguir em frente, se alguma coisa acontecer comigo.

Assenti só para ela se sentir melhor, mas sabia que não iria a lugar nenhum se alguma coisa acontecesse com Lauren. Era esse tipo de amor. O tipo que só acontece uma vez na vida. O tipo que os pais dela tinham. O tipo
que eu não poderia ter com Shawn ou com qualquer outra pessoa, porque isso só seria possível com Lauren.

— Você é minha alma gêmea, Lauren. Minha lutadora. Já ouviu essa música, "The Fighter"? A do Keith Urban?

— Ouvi no rádio. Ela me lembra de nós.

Não deveria estar surpresa por ela também ter percebido. Nossa conexão era assim.

Ela coçou a cabeça.

— Vem. Vamos acabar com essa merda. Eu tenho uma esposa e cachorros esperando por mim.

— Isso. Vamos lá.

No hospital, o Dr. Tuscano abordou as preocupações de última hora que poderíamos ter.

— Então, entenderam tudo que vai acontecer? A incisão será feita no centro do peito de Lauren. O músculo cortado vai cicatrizar sozinho. Usamos uma máquina de coração-pulmão durante o procedimento que ajuda a proteger os outros órgãos enquanto o coração fica parado. Assim que a operação terminar, o coração de Lauren voltará a bater sozinho sem problemas.

CAMREN: Vizinha, Proprietária e Síndica (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora