little seer

10

Sua mente subiu para o mundo da consciência muito mais cedo do que Harry estava preparado. Ele queria ficar na escuridão, onde estaria livre de pensamentos e impressões, mas algo o estava impedindo de fazer exatamente isso.

Parecia que algo havia mudado enquanto Harry estava fora de si.

Ao contrário da última vez em que esteve acordado, ele se sentia confortavelmente aquecido. Sua perna não latejava de dor; na verdade, ele podia ignorar a dor que vinha do local onde estava o ferimento. O edredom sobre ele era quente e pesado, incitando Harry a ficar meio acordado, meio adormecido.

Sem abrir os olhos, Harry tentou acessar sua situação. Alguém curou seu corpo, e Harry duvidava muito que Black tivesse alguma influência nisso. Ou ele estava inconsciente por mais tempo do que pensava, ou alguém o tinha feito. Este último parecia mais provável para ele.

Pelo que ele poderia dizer, ele havia sido removido da cela. A cama em que ele estava deitado parecia que poderia engoli-lo inteiro com sua maciez. Foi definitivamente uma melhora em relação aos últimos três dias. Também disse a Harry que não era sua própria cama. Na verdade, Harry tinha quase certeza de que nunca tinha estado em uma cama onde as cobertas pareciam feitas de seda.

Sua boca estava seca e ele sentia que sua língua estava colada no céu da boca. E seu estômago parecia que alguém o havia torcido demais uma vez. Provavelmente era o efeito de não comer nos últimos dias, embora ele não pudesse dizer com certeza.

O Shifting Harry percebeu duas coisas.

Um, ele estava nu. Essa era a única explicação para ele sentir o lençol roçar sua pele como as preocupações de um amante em lugares que normalmente estariam cobertos por roupas. Alguém o despiu enquanto ele estava inconsciente, e quem o fez não se preocupou em vesti-lo com roupas novas.

Harry supôs que ele deveria estar grato que as cobertas da cama pelo menos foram colocadas sobre seu corpo.

Em segundo lugar, ele não estava sozinho na cama. Alguém estava deitado pressionado contra seu lado e algo pesado e quente estava envolto em sua cintura, mantendo-o preso à cama. Parecia um braço e provavelmente pertencia ao que estava atrás dele.

Harry respirou fundo, antes de forçar sua respiração de volta ao ritmo profundo e uniforme de antes. Quem quer que estivesse na cama provavelmente sabia que ele não estava mais dormindo, mas ainda assim Harry não conseguia desistir do jogo.

Ele não conseguia se lembrar de uma única vez em que havia compartilhado a cama com outra pessoa. Harry sempre foi uma pessoa reservada, ele não queria outras pessoas tão próximas. E agora alguém se atreveu a se aproximar furtivamente dele quando estava mais vulnerável.

Sabendo que já havia estragado seu disfarce, Harry decidiu não esperar a mudança de seu parceiro de cama. Como ele estava deitado de lado, seu braço direito não foi de muita utilidade.

Seu braço esquerdo, entretanto, estava livre e capaz de se mover.

Rápido como uma cobra, Harry acotovelou a que estava atrás dele. Seu cotovelo entrou em contato com um corpo, mas definitivamente não parecia algo que pertencia a um humano.

Não parando para pensar no que isso significava, Harry rolou para longe do outro, sem se importar com a forma como seu corpo protestava por ser forçado a movimentos bruscos depois de ficar parado por tanto tempo.