vinte e três

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- Melinda por favor...- ele chorava, dava pra ver as lágrimas saindo mas com elas eu não via arrependimento - Eu te amo você sabe disso...

- Quando me disseram que você aceitou o dinheiro pra me matar, realmente quebrou meu coração, eu acreditava cegamente no seu amor por mim William.- me viro pra ele segurando o alicate em minhas mãos, seu sangue estava pingando pela forma que ele estava pendurado, como uma carne de açougue.

- Eu não... eu aceitei porque poderia usar ele pra fugir com você, eu...

- CHEGA DE MENTIRAS WILLIAM!- grito tirando todo o ar de meus pulmões - Você deveria ter pelo menos consideração pelos nossos momentos juntos... mas todos eles foram falsos não?- sorrio sarcasticamente.

- Nenhum deles foram falsos, eu te amo de verdade, me escuta por favor.- solto o ar de forma nervosa e morrendo de tédio por escutar em duas horas de tortura a mesma coisa.

- Tudo bem eu cansei disso, tomara que ache o perdão que procura.- aponto minha pistola e atiro cinco vezes de olhos fechados, só assim eu conseguiria fazer isso, sem olhar para seus olhos suplicando. Sinto uma presença atrás de mim, já sabia muito bem quem era, suspiro pesado e solto a arma na mesa. - Que merda você fez? - pergunto nervosa e encaro Adam que parecia não ter uma resposta, ou buscar uma.

- Eu...bem.- ele solta uma risada sem graça.

- Nosso combinado é você ficar a frente das negociações, e você fez isso muito bem, Londres está aos meus pés como planejamos, mas você meu amigo, está saindo da linha.- reclamo e ele abaixa a cabeça, limpo minhas mãos com um pano pra ver se o sangue de William sai - Porque autorizou o ataque ao Thomas? E a Ada porra?

- Os primos do Sabine acharam uma provocação o que ele fez, e então ele atacou eles na frente de todos, desrespeitando a nova gangue. Ouvi que eles tem planos de expandir os negócios...

- E isso te dá o direito de autorizar um ataque a eles? Só falta um aliado para que eu me revele, e ele insiste em ver meu rosto antes de todos. Não estrague isso, e antes de qualquer ataque que a ordem passe por mim Adam.- digo tentando ficar calma - Você entendeu? - ele assente e abaixa a cabeça sem dizer mais nada - Se os Peaky Blinders tem um plano de expansão, eles irão chegar até mim, e quando chegarem estaremos prontos.

Chego na minha mansão solitária e vazia pela noite, eu ficava com as vozes, as súplicas pelas vidas ecoando em minha cabeça, depois de matar todos que um dia me fizeram mal, mas William foi o mais difícil deles, pois tivemos momentos. Eu imaginava o momento em que Thomas estará em minhas mãos, eu não saberia o que fazer, ou se fazer. Não poderia trair a minha fúria, mas com certeza meu coração atrapalharia.

Teria que aparecer em Camden Town no dia seguinte, Adam preparou um carro, iríamos conhecer outro gangster, este com mais poder pra nos ajudar, eu achei que todas até agora seriam difíceis, e descobri que existem gangues e Gangues, umas fracas que parecem fortes, e umas grandes e poderosas que não gostam de nenhuma visibilidade. Ao chegar na grande fábrica, um local cinza e isolado, eu segui Adam, iríamos fingir que eu era só uma secretária e Adam conversaria com o grande homem. Um dos soldados nos levou até a porta de entrada do que realmente parecia uma fábrica, haviam muitos barris, cheios de bebida.

- Bem vindos, eu sou Alfie Solomons.- o homem, aparentemente bonito diz, ele tinha cara de um trabalhador normal, estava parecendo inquieto e manco de uma perna, Adam apertou sua mão.

- Adam Tresler, da nova gangue.- se apresentou o homem, eu pedi para que ele me deixasse de lado.

- Que isso, não falamos estas coisas aqui.- ele nos dá as costas e começa a caminhar, Adam e eu o seguimos - Bem vindo a padaria, produzimos 10 mil pães por dia, quer provar um? - ele para em frente a uma mesa com copos de whisky, sorri pela forma que ele chamava a produção.

- Quero sim.- Adam responde a ele

- E você moça?- ele se refere a mim e eu assinto, observo cada canto do local e ele me entrega um copo de whisky, ele fica entre mim e Adam e me encara de forma serena, viro o copo em minha boca e sinto um gosto de álcool adocicado. - O que achou?

- Doce.- digo e ele parece saborear minha palavra sorrindo

- Meu pão é tudo, menos doce Melinda.- ele diz sorrindo, Adam me olha assustado

- Como você...- eu iria perguntar mas ele segura minha mão.

- Não pergunte, é melhor, vamos conversar em meu escritório?- ele chama e solta minha mão para que eu o siga, ele vai na frente e eu encaro Adam.

- Me espere lá fora, atento.- ele assente e eu entro no escritório de Alfie.

- Quando eu soube dos ataques as famílias, gangues desfeitas, recrutamento eu achei que era obra de algum velho gordo cheio de dinheiro por aí...- ele diz e se senta em sua cadeira, eu me sento na cadeira a frente da mesa - Mas ao infiltrar alguém em seu novo exército, e saber que eu teria que lidar com uma mulher... uma mulher tão bonita...Você sabia que seu nome de origem grega significa doce como o mel?- ele para nesta frase e analisa meu rosto, meu corpo, por um momento me sinto desconfortável. - Seus feitos tem gerado comoção senhorita Kimber.

- Não uso mais este sobrenome senhor Solomons.- digo suavemente e ele sorri

- Eu gostei do tom da sua voz, é como uma melodia suave que minha mãe cantava quando eu era pequeno.- ele encosta os cotovelos na mesa e fica me admirando. - E me chame de Alfie por favor.

- Alfie.- vejo seu sorriso ficar maior - Eu vim aqui porque...

- Me peça o que quiser, eu farei tudo o que pedir, só não posso te entregar meu trabalho como os outros fizeram.- ele ri

- Porque está tão entregue?- pergunto confusa, achei que este seria mais difícil

- Como eu poderia te dizer não? Você parece uma deusa. Eu preciso de outra paixão além dos meus pães, e você será a nova dona das minhas noites mal dormidas, eu e meus homens estão ao seu dispor senhorita.- ele diz e se encosta na cadeira, eu estava em surpresa admito, mas precisava seguir meu plano, com o receio de que este teatro de Alfie poderia ser uma armadilha, tinha que ser meticulosa.

- Ouvi falar que você terá uma visita amanhã, de Thomas Shelby, vamos começar por isso.- ele assente e presta toda atenção nas minhas palavras. - Você está com um probleminha com uma das famílias aliada a mim.

- Antes de você chegar e apaziguar metade da nossa pequena guerra, os Sabine se declararam meus inimigos.- ele explica

- Ele te tira homens todos os dias, usa a força policial para manter longe seus negócios. Mas depois de uma boa conversa, ele aceitou que você se juntasse a nós...- explico e ele sorri

- Você tá de brincadeira com a minha cara?- ele pergunta ficando sério e parecia bravo pela primeira vez desde que entrei - O que você fez ahn? Matou o patriarca Sabine e o trancou em seu armário e agora finge que ele está ditando as regras do jogo?- bato em sua mesa nervosa e me levanto, apoio as duas mãos e me aproximo do seu rosto

- Quem faz o jogo agora sou eu Alfie, você apenas decide se unir ou seremos inimigos nesta guerra.- digo mirando seus olhos e ele abre a boca.

- Faz isso de novo por favor.- me escapa um sorriso, e eu me sento de novo.

Falling - Thomas ShelbyWhere stories live. Discover now