Capítulo 47 - O Preço da liberdade

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- Quantas vezes eu preciso dizer que estou bem? - Eu digo para Aidan que está sentado ao meu lado comendo uma maçã.

- Quantas vezes for preciso até você me dar uma resposta verdadeira. - Ele diz mordendo mais um pedaço. - Eariel voltou Ayla, não precisa fingir que está tudo bem em relação a isso.

- Por que não estaria?

- Por que sei que ele estando aqui pode fazer com que você se lembre de tudo o que já passou lá.

Observo o sol se pondo entre a nuvens e o vento frio chegando e se instalando sobre a cidade.

- É estranho, sei lá, eu sinto como se o que eu já passei no mundo dos divinos ou dentro do caldeirão aconteceu em outra vida, que foram acontecimentos distantantes mais com um peso enorme que me sufoca, nunca acaba, essa sensação de medo do que vai ou pode  acontecer, eu sei o que é perder tudo e também seu o que é ter tudo, o problema é que as duas coisas tem um preço a se pagar e não sei se eu estou mais disposta a fazer isso.

Eariel ainda está em recuperação e Amren se dispôs a cuidar dele.

Eu precisava respirar então Aidan propos um piquenique só nos dois.

Eu suspiro olhando a cidade a minha frente.
Pessoas felizes e seguras, um povo tão gentil, uma cidade tão linda e vasta.

- Acha que um dia vamos conseguir aquilo? - Eu pergunto fazendo um gesto para as pessoas que estão alheias a qualquer tipo de frustração.

- Aquilo oque? - Aidan pergunta observando as cores do céu se mesclarem com a noite.

- Paz, a sensação de estar seguro independente do amanhã.
Eu falo e Aidan suspira pesadamente.

- Criaturas como nós  não tem esse privilégio Ayla, fomos criados para um propósito, um destino, uma história...., sinto te dizer querida mais a maioria desses finais nunca são bonitos. - Ele fala alheio e eu me encolho abraçando meus joelhos.

- Sabe, eu nunca te perguntei nada, é estranho termos passado por tantas coisas e eu não saber nada sobre sua vida.

Eu falo e vejo Aidan ficar tenso  parando de mastigar.
Ele pigarreia
- O que quer saber?

Dou de ombros.
- Sei lá, você tem família?, irmãos? Já se apaixonou? Qual é a sua cor favorita? Quantos anos tem? - Eu pergunto e ele faz uma careta.

- Sim eu já tive uma família mais assim como a sua sofreram as consequências de estar no poder, também tenho irmãos - E ao ver minha cara de entusiasmos para perguntar mais ele conclui - Mais não gosto de falar sobre eles, eu sinto que amor é uma palavra muito forte para descrever algo, minha cor favorita é vermelho e ja até perdi as contas da minha idade.

Ele termina e se deita junto comigo olhando os a movimentação da noite se mesclando com o céu.

- Então...., nada de filhos ou algum segredo obscuro? Qual é Aidan todos temos dores, compartilhe a sua comigo.

Aidan ainda está olhando o céu quando fala, sua voz não passando de um susurro em meio ao vento.

- Quando eu tinha 6 anos meu pai me deu um falcão de aniversário ele era lindo, meu companheiro e amigo, me seguia para todos os lugares. - Ele confessa e eu sorrio imaginando - Aos meus 16 ele o matou e serviu no jantar. Me lembro da cabeça dele servida em meu prato enquanto meu pai ria e contava como o estrangulou com as próprias mãos.

Engulo a seco o olhando horrorizada.
Toco em seu ombro e ele olha em meus olhos.

Mais é diferente, por que esse olhar......
É como se fosse o único verdadeiro, é como se um peso tivesse saido das suas íris, verdadeiro; é o que eu sinto ao olhar nos olhos. Talvez seja só as cores do céu refletidas......

- Por que ele fez isso? - Eu pergunto e de repente seu rosto fica rígido de novo, voltando ao seu olhar normal e olhando para as nuvens já sem cor pela noite se aproximando.

- Para me mostrar que pessoas como nós  nunca podem se apegar a algo, por que pode ser tirado ou usado contra você. Então ao invés de amar a melhor coisa a ser fazer é jogar.

- Com as pessoas?

- Não Ayla, com o poder que elas têm......

Ele diz e eu pisco diante da sua fala.
Aidan apenas se levanta me estendendo a mão.

- Vamos, tenho a impressão que se seu parceiro ficar mais dois segundos sem você ele enlouquece. - Ele diz e eu aceito seu apoio para me levantar sorrindo.

Dou de ombros batendo em minha roupa para tirar a grama.
- O que posso fazer se eu sou tão irresistível a esse ponto.

Eu falo e Aidan apenas revira os olhos me acompanhando para dentro de casa.

Corte de Sombras e LiberdadeOnde as histórias ganham vida. Descobre agora